sexta-feira, 19 de março de 2010

Crítica ao livro «Mudar» de Pedro Passos Coelho

No blog Mais Lusitânia ( http://maislusitania.blogspot.com/ ) pode ler a série de artigos de crítica ao livro Mudar de Pedro Pasos Coelho.
Nesta data, foram publicados os 4 primeiros pontos.

A crítica é feita em 9 pontos e a sua estrutura geral é a seguinte:

1 – Enquadramento e apresentação do candidato
2 – A ideologia política e a política do candidato
3 – A visão da cultura do candidato
4 – O sistema de ensino do candidato
5 – A economia do candidato
6 – O desenvolvimento regional do candidato
7 – A visão social do candidato
8 – A concepção do Partido e da Jota do candidato
9 – O nível intelectual e político e o estilo literário da excelsa obra do candidato

Especificamente sobre o sistema de ensino defendido por PPC, pode ler em http://maislusitania.blogspot.com/2010/03/pedro-passos-coelho-o-candidato-tomar.html .
 
A estrutura do ponto sobre o sistema de ensino é a seguinte:
 
4 – O SISTEMA DE ENSINO DO CANDIDATO

4.1 – Que condições para fazer uma abordagem séria do problema do ensino?
4.2 – Em que assenta uma abordagem séria do problema do ensino?
4.3 – Como fazem a abordagem os aprendizes de feiticeiros?
4.4 – O pedagogismo ou a destruição da pedagogia
4.5 – Servir o ensino e servir-se do ensino
4.6 – A qualidade do ensino
4.7 – A qualidade do ensino e a orgânica do sistema
4.8 – Ensino técnico a sério ou caixote do lixo do sistema de via única?
4.9 – A questão da moda de falar do ensino técnico – Lá falar, falam...
4.10 – O «problema de fundo» e o «problema central» do candidato
4.11 – A paisagem pedagógica de mediocridade onde se insere o candidato
4.12 – A influência no candidato da tese marxista da luta de classes na escola
4.13 – A não inocente bipolaridade do candidato
4.14 – Um traumatizadinho pedagógico, ‘tadinho!


quinta-feira, 18 de março de 2010

Eficácia, rapidez e louvor

Comentário à «Antipolítica e Estado Exíguo»

João José Brandão Ferreira

Com o título em epígrafe escreveu o general Eduardo Silvestre – meu camarada de armas que muito prezo por o considerar um bom profissional e pessoa de bem – um artigo num Diário de Notícias de há poucas semanas.

O escrito é curioso, levanta questões pertinentes e por isso – com a devida vénia – me proponho glosá-lo.

O articulista expõe o conceito de “anti política”, praticamente desconhecido em Portugal, considerando-o como uma intervenção cívica de contra poder, que tenta limitar a má governação pela pressão do escrutínio ético dos cidadãos assumindo, outrossim, uma atitude contra o monopólio político – partidário.

Sendo contra poder, não deseja, todavia assumir esse poder. Elabora, de seguida, sobre a perda de capacidades do nosso país, a caminhar para a situação que classifica de estado“exíguo”; para terminar dizendo que perante este plano inclinado a que se junta a inoperância e descrédito dos órgãos de soberania e da classe política em geral que considera “manifestamente incapaz de liderar e de inspirar confiança ao País”, restará às Forças Armadas (FAs) tomar novamente o poder, já que “os tempos se assemelham aos do final da I República”. Tem, contudo, claras dúvidas se as FAs “estão à altura de desempenharem de novo essa tarefa patriótica”.

Tirando a imprecisão da comparação do momento actual com o fim da I República – já lá iremos – e da aparente contradição entre o conceito de “anti política” e a intervenção das FAs em tomar o Poder, o escrito está lógico e coerente nas verdades expendidas.

Mas as questões verdadeiramente primaciais que o artigo levanta são as da legitimidade do Poder, e o que fazer quando a degradação do seu exercício vai subverter o que é suposto defender e garantir: a Segurança, a Justiça e o Bem Estar, da Nação organizada politicamente em Estado. Ou seja duas questões clássicas que não estão até hoje resolvidas!

Sem embargo, da leitura do artigo, pode-se facilmente concluir, estarmos em face do desaparecimento de Portugal (estado exíguo), e de uma extensa degradação da situação política, económica, financeira e social – o que justificará uma eventual intervenção política das FAs – o que, como se sabe, lhes está constitucionalmente vedado – sobrepondo-se assim à legitimação que os políticos em exercício, obtiveram através dos votos depositados naquelas caixinhas que ostentam o nome infeliz de “urnas”. Ou seja, é o próprio sistema, “soit dizant”, democrático que está em causa, através da sua falência prática!

Não deixa de ser curioso isto, quando se está comemorando os 100 anos da República!... E tudo se passando, ainda, depois do Dr. Mário, “pai da democracia”, Soares se ter esfalfado de repetir que “em Democracia há sempre uma solução para tudo” (desde que não falte o dinheiro para pagar favores e subsídios, acrescento eu …).

Ora como pelos vistos se passou a discutir, publicamente, as hipóteses de golpe de estado (a TVI 24H também abordou o assunto), vamos lá analisar a capacidade das FAs para pararem a queda do país no precipício (trata-se apenas de um estudo académico …).

Partilhando das preocupações do Gen. Silvestre quanto às capacidades das FAs, tenho que lhes acrescentar outras. Ao fazê-lo porém, irei inviabilizar a sua intervenção política. Para já. E o já, começa na situação que está longe de se assemelhar ao fim da I República. Basta dizer que a situação de instabilidade política, caos económico, bancarrota financeira, descrédito internacional e desordem (e violência) nas ruas não tem qualquer comparação possível. O que se passava então era já consequência de uma decomposição do estado e da sociedade que vinha da destruição do continente português, causado pelas invasões francesas, perda do Brasil, guerras civis, apodrecimento do regime monárquico e desgraças várias, que durou mais de 100 anos, pois pelas minhas contas só parou em 1933, com a aprovação de nova constituição desse ano.

É preciso não esquecer que em 1925/6, Lisboa assemelhava-se à Bagdad actual… Por outro lado o actual regime corrigiu os poderes do PR, que na Constituição de 1911 eram praticamente decorativos, para lhe dar alguma capacidade de manobra na Constituição actual. Ou seja a situação presente ainda tem muito por onde agonizar e está mais respaldada por via da União Europeia.

Agora, que existe uma tendência para regredirmos a 1926, isso existe.

A responsabilidade para resolver as crises existentes é do Poder Político. As FAs só devem intervir à beira do abismo (embora seja difícil determinar onde ele começa e se é desejável beber o “cálice” até ao fim). Fazê-lo antes é assumir uma responsabilidade que não lhes cabe e arranjar uma desculpa para os políticos.

Com isto dito, não creio que as FAs estejam capazes de intervir nos termos aduzidos, por várias razões que vou tentar enlencar:

Primeiro porque a Instituição Militar, ainda não recuperou das consequências, piores que menos boas, resultantes do que ocorreu a 25/4/74; Depois porque a geração quer está no topo da hierarquia ainda foi formada no anterior regime, fez a guerra ou passou pelo “PREC” e está, por razões várias, psicologicamente incapacitada para fazer seja o que for, a não ser ir aguentando o “barco” e mantendo a “cabeça fora de água”; depois porque as FAs perdem, quase mensalmente, capacidades (efectivos, dinheiro, material, quadros, dispositivo – tudo); para além disso o corpo de oficiais generais, está compreensivelmente “desnorteado” com a avalanche de barbaridades que se vão sucedendo, sem meios para actuar e sem saber exactamente o que fazer – e para além disso tem faltado uma base de entendimento e confiança mínima, entre eles.

Acresce a tudo isto o seguinte: fazer um golpe de estado e tomar o poder não exige grandes predicados nem dificuldades (no nosso caso); difícil é saber o que fazer no dia seguinte. Ora aqui é que adificuldade não é pouca, vai-se fazer o quê?

Devolver o poder a quem dele fez tão mau uso? Acabar com os partidos políticos, inventar um sistema novo? Como convencer homens sérios e capazes a quererem ir servir em vez de se servirem? Depois temos o ambiente internacional, sobretudo na área geopolítica onde nos inserimos, os problemas que nós enfrentamos são semelhantes aos de toda a Europa Ocidental. Além disto será necessário encontrar alguma forma de entendimento/neutralização das três únicas instituições com poder em Portugal,a saber: a Igreja,a Maçonaria e o Partido Comunista.

Finalmente, mas não menos importante, como se vai alimentar a população, já que o nosso tecido produtivo está nas ruas da amargura? a população perdeu hábitos de trabalho e sacrifício e não existem reservas alimentares que cheguem para uma semana!

Espero pois que numa próxima hipotética vez, se façam as coisas com alguma cabeça e profissionalismo e sem ingenuidades.

Estou em crer que seria desejável não termos que passar por mais nenhuma destas experiências, que se sucedem desde 1817.

Mas não estou optimista.






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