João J. Brandão Ferreira
“Não matarás”
5.º Mandamento da Lei de Deus
A pressa em noticiar, ou escrever, sobre um caso como o vertente (explosão de um carro cheio de explosivos no centro da capital norueguesa, seguido de tiroteio, indiscriminado, sobre uma pequena multidão de jovens, reunidos numa minúscula ilha, nos arredores da mesma cidade, no pretérito 22 de Julho), fruto da pressão mediática e da procura de um furo jornalístico, é antagónica de uma reflexão serena e do cruzamento de informação, necessárias a um correcto enquadramento e entendimento do que se passou.
Mesmo para as autoridades que investigam directamente o caso, a “fotografia” da ocorrência pode levar muito tempo a ficar com os contornos claros.
Por isso o que vamos apor sobre o papel, são apenas algumas reflexões avulsas.
Primeiro, quem é o autor confesso do acto, de seu nome Anders B. Breivik?
Além de cidadão norueguês e do seu aspecto físico, pouco se sabe. Em termos ideológicos a confusão é enorme, aparecendo como uma mistura de auto proclamado “Templário”, em cruzada por uma Europa Cristã; membro da Maçonaria (qual?); amigo/aliado de judeus (ou sionistas?), com ideias difusas sobre o nazismo, misturadas com críticas à Igreja de Roma e simpatias pela homossexualidade. Acusações de ligações à Extrema - direita, choveram de todos os cantos.
Cabe aqui referir que a Ordem do Templo fundada em 1118, na Terra Santa, foi extinta pelo Papa Clemente VII, em 1312, após um processo pouco menos que obscuro. Em Portugal existiu desde 1128 e foi fundamental para a consolidação do Condado Portucalense e durante toda a 1ª Dinastia. Num passe de alta política, o Rei D. Dinis, nem sempre em consonância com a Santa Sé, transformou-a, entre 1317 e 1319, na Ordem de Cristo. Aquela que lançou e manteve os Descobrimentos até que D. João III a enclausurou, numa reforma pouco clara e quase nada estudada, até hoje.
Os Templários eram uma milícia cristã de elite, que praticavam a tolerância religiosa; atacavam de frente os seus inimigos, após lançarem o grito “Não a nós, Senhor, mas dá glória ao teu nome”. Convenhamos que confundir o Sr. Breivik com um verdadeiro templário, deixa um bocado a desejar…
Segundo, o homem estará no seu perfeito juízo?
A controvérsia é enorme. Também aqui é necessário tempo. A multitude de perfis psicológicos traçados é ruído, à mistura com eventuais estratégias de defesa a apresentar em tribunal. Pessoalmente penso que um indivíduo que matura uma acção do jaez daquela que foi cometida – e, eventualmente, o que lhe estaria associado – e escreve ensaios doutrinários de 1500 páginas, burro não será, nem falho de vasta cultura e informação; fundamentalista de algo e desequilibrado, parece ser. Se sofre de alguma psicopatia grave, resta provar.
Tendo pensado em tanta coisa, esqueceu-se, porém, do óbvio, que foi preparar uma escapatória para si. Foi preso com facilidade e também não intentou matar-se. Estranho…
Stalin mandou matar e escravizar milhões de pessoas e nunca lhe chamaram louco. Ainda hoje há quem goste dele. Idem, para Mao Zedong e mais uma mão cheia de variadíssimos crentes na possibilidade de fazerem um “homem novo”, e que achavam que os meios justificavam os fins. O que teve origem na Revolução Francesa…
O partido Nazi intentou exterminar vários géneros humanos e não é fácil classificar a “doença” de que sofriam; fizeram tudo, até, friamente e com uma racionalidade que desafiava os sentimentos.
Já os Aliados ingleses e americanos, só à conta deles, deixaram morrer de fome e doença, cerca de um milhão de soldados alemães, em campos de prisioneiros, já depois de a guerra ter terminado. O primeiro evento ficou conhecido como “Holocausto” e é revisitado por Hollywood de tempos a tempos; o segundo tomou o nome de “outras perdas” e nunca serviu de guião a nenhum filme.
Por último, o que terá movido o atirador, num país onde, por norma, não se mata uma mosca?
Pois parece que foram duas coisas: o predomínio da cultura marxista, mesmo passados todas estes anos após a queda do “muro de Berlim”; a invasão muçulmana da Europa, apoiada no “multiculturalismo” e em políticas erradas de muitos anos.
Perante isto prevê-se o colapso da civilização europeia e cristã em poucas décadas, onde o baixo índice de natalidade de caucasianos europeus representa uma causa de monta.
Bom, aqui a coisa fia mais fino.
É que o cidadão, que tinha mais munições para disparar do que a maioria das unidades militares portuguesas, não tendo qualquer razão nos métodos tem, na parte que toca ao argumentário, toda a razoabilidade. Goste-se ou não, e não serve de nada tentar enganar a cabeça da avestruz com o politicamente correcto.
De facto o substrato ideológico marxista e, sobretudo, “soissante huitard”, é transversal a largas camadas da sociedade europeia ocidental - os europeus de leste parece que ficaram vacinados. Gente com estas ideias – que só causaram malefícios à Humanidade – continuam nos governos, nos “média”, nos sindicatos e na intelectualidade e circuitos artísticos, influenciam os figurinos de instrução e a desconstrução da sociedade.
O combate ideológico tem sido frouxo; a cedência cobarde, a norma.
A emigração é, possivelmente, um caso ainda mais grave (embora influenciada pelo anterior), pois está fora de controlo.
Com o fito de encontrar melhor nível de vida, vagas de milhares e milhares de emigrantes, de África, Médio Oriente e Ásia, passaram a mover-se para os países europeus a partir da década de sessenta do século passado. Muita desta emigração foi, em tempos, encorajada pelos próprios governos, para fazer face à falta de mão – de - obra, nos seus países e, também, porque a maioria dos seus nacionais deixaram de querer exercer uma quantidade de ofícios e serviços, considerados de menor relevo social.
Só que os números aumentaram em tal magnitude, que passaram a causar sérios problemas sociais e de integração. Complicou o quadro, o facto de haver comunidades que, por religião ou idiossincrasia própria, se recusavam a integrar-se e a respeitar regras, criando os seus próprios “guetos”. Tal agravou-se, com o tempo, por via das segundas e terceiras gerações que, desenraizadas e sem perspectivas, passaram a ter comportamentos associais e criminosos. Pelo meio medraram inúmeras organizações ilegais que ganhavam a vida com a emigração clandestina, fracamente combatidas pelas autoridades.
Mas não eram só os emigrantes que não se integravam, a maioria dos europeus é racista e nunca se integrou com eles. A mediana (uma espécie de fronteira), passa pelo paralelo que corta a França ao meio, com o maior grau de racismo a vir de norte para sul.
Verdadeiramente o único povo europeu não racista é o português como a sua História atesta, do mesmo modo que a História dos outros evidencia a sua maneira de ser e estar. Só nós “convivemos” e nos damos, o que representa a verdadeira e superior forma de integração.
Foi isso que tentámos fazer durante quase 600 anos, em que colonizámos um pouco pelo mundo inteiro. Enquanto não acabaram com esta nossa maneira de ser e estar, politica e socialmente, fora da Europa, não descansaram. Mas nós é que tínhamos razão, não os nossos inimigos e adversários…
Para se lidar com esta nova realidade, no Velho Continente, nomeadamente nos países da União Europeia, inventou-se o “multiculturalismo”, que não é mais do que a tentativa da segregação civilizada, baseada numa tolerância postiça, comprada com muitos subsídios.
Ora deixou de haver dinheiro para subsídios, oferta de emprego já não há e multiplicam-se os bairros em que a polícia não entra. Há câmaras com presidentes e vereadores emigrantes ou ex-emigrantes e os naturais cada vez se têm que conformar com direitos e modos de vida dos “estranhos”, do que com os seus, etc. Um “etc” vastíssimo.
Ora se em cima de tudo isto fizermos umas contas simples de estatística, com matemática acessível aos menos ilustrados, veremos que apenas em poucas décadas, devido à demografia, os naturais de cada país, serão submersos por outros cuja matriz nada tem a ver com eles.
Até pode ser que seja bom, ou “inevitável”, ou qualquer outra coisa. Mas seria do mais elementar bom senso – e, até, democrático – estudar o assunto, pô-lo à discussão, pesar as consequências e, talvez, referendar decisões.
A continuarmos assim, vamos cair no abismo, e casos como os que agora sucederam em Oslo, serão apenas pequenos episódios, que se irão passar a repetir amiúde.
Pode ser, porventura, que tudo isto esteja a ser provocado e tolerado para se acabar com as nações. Mas isso já é outro patamar de discussão.