quinta-feira, 2 de junho de 2011

Póstroika

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Curso de Político Gratuito

A moral viscosa de Passos Coelho

Bernardo Motta, Espectadores


É de se pasmar...

Passos Coelho, aquando da promulgação da Lei do Aborto, manifestou publicamente o seu apoio à dita. Agora, em entrevista dada recentemente à Rádio Renascença, mostra uma posição mais ambígua...

«O presidente do PSD recorda que esteve “há muitos anos do lado daqueles que achavam que era preciso legalizar o aborto - não era liberalizar o aborto, era legalizar a interrupção voluntária da gravidez -, porque há condições excepcionais que devem ser tidas em conta” e não se deve “empurrar as pessoas que são vítimas dessas circunstâncias para o aborto clandestino”.»

Está à vista a estratégia: Passos Coelho quer puxar para o PSD alguns votos do CDS. Mas os eleitores dotados de valores morais que estejam indecisos entre PSD e CDS não se podem deixar enganar. Passos Coelho, procurando passar a imagem de preocupação pela manifesta generalização ("liberalização") do aborto, pelos vistos insiste na sua legalização. Ou seja, insiste na ideia insana de quem um crime pode ser legal. Já para não falar nas famigeradas "condições excepcionais", pois se matar um ser humano inocente é um acto claramente imoral, não se vê onde estão as ditas condições de excepção, ou seja, não se entende quais são as circunstâncias que tornam legítimo matar um ser humano inocente.

Os eleitores não se podem deixar enganar. A moral de Passos Coelho é a mesma de José Sócrates. São políticos profissionais, relativistas, que consideram que a moral se define por consensos alargados e por referendos. Refugiam-se em chavões ambíguos, procuram ao mesmo tempo parecer modernos e responsáveis, e acabam por não ser nem uma coisa nem outra.

E, finalmente, fazem-nos de parvos. Ao que parece, segundo Passos Coelho, algumas mulheres, antes da famigerada lei de 11 de Fevereiro de 2007, eram "empurradas" para o aborto clandestino. Ou seja, não viam outra alternativa para as suas gravidezes senão a de as destruir, matando os seus filhos. E o Estado, que deve fazer, segundo Passos Coelho? Ora é claro: ajudá-las a matar os seus filhos. Isso sim, é serviço público. Não um aborto clandestino, um aborto sem o preenchimento do formulário DS-1845, um aborto sem a assinatura de uma junta médica, sem o carimbo da clínica da Yolanda. Um aborto decente tem todas essas formalidades e mais algumas. Isso é que é um aborto decente.

Assim, que deve o Estado fazer às mulheres que se sentem "empurradas" para o aborto? Ora, deve "empurrá-las" para o aborto legal! Está fora de questão prestar apoio à gravidez e à maternidade! Está fora de questão ajudá-las em questões jurídicas (quando são ameçadas por namorados, familiares ou patrões), ou dar-lhes fraldas e papa para o bebé. Isso não é moderno. Essas tarefas de apoio à maternidade ficam para aqueles grupos de extremistas católicos, para os "talibans da vida".

O Estado presta um nobre serviço: o aborto legal! A destruição legal de seres humanos inocentes, em ambiente hospitalar controlado, e tudo pago pelos contribuintes. Isso é que é modernidade! Mas Passos Coelho, o pós-moderno, para além de querer esse aborto moderno, quer regulamentá-lo mais um bocadinho. Torná-lo um bocadinho menos chocante para os eleitores mais sensíveis, talvez trocando alguns abortos à oitava semana com Mifepristone (RU-485) por abortos à primeira ou segunda semana com Levonorgestrel (vulgo, "pílula do dia seguinte")... Mas sobretudo, o que Passos Coelho quis, com esta entrevista calculista na Rádio Renascença, foi enganar uns quantos potenciais eleitores do CDS, levando-os a votar, de forma incauta, no PSD. Apesar de as sondagens o sugerirem, nem todos os eleitores são parvos.

 
 
 
 

domingo, 29 de maio de 2011

A presença portuguesa em África



C O N V I T E

A Comissão Executiva do XVIII Encontro Nacional de Combatentes, a Revista Militar e a Associação de Auditores dos Cursos de Defesa Nacional têm a honra de convidar V.ª Ex.ª para a Conferência “A Presença Portuguesa em África”, que se realiza no dia 9 de Junho de 2011, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

AACDN

10H00 -Sessão de abertura

Professor Doutor Adriano Moreira; General Espírito Santo; Drª. Isabel Meirelles;TenGen. Vizela Cardoso

 
10H45 -1º Painel

A estratégia de ocupação e o encontro civilizacional”;

Moderador -Almirante Vieira Matias

Prof. Dr. Rui Ramos

“Linhas de força da ocupação de posições em África pelos portugueses, na perspectiva estratégica e do desenvolvimento económico e humano, desde o século XVI ao fim da década de cinquenta do século XX. Conceito de espaço de interesse, face ao ambiente físico, social e político e às capacidades reais”.

Prof. Dr. José Carlos Oliveira

“Elementos históricos sobre as migrações africanas nos territórios do Ultramar Português”.

Prof. Dr. Pereira Neto

“Exemplos de interacção cultural. Relações dos portugueses com outros povos em África.

Encontros civilizacionais”.


 
14H30 -2º Painel

“A evolução da situação desde as vésperas do século XX”, Moderador -TenGen. Jesus Bispo

TenCor. José Brandão Ferreira

“Alterações nas condições de segurança no Ultramar Português na sequência do Congresso de Berlim de 1884/5; influência das forças europeias em presença. Papel das forças indígenas e de outros agentes do Estado ou de particulares na defesa da soberania nacional”.

Prof. Dr. Jaime Nogueira Pinto

“Evolução da posição da comunidade internacional quanto às idéiasde colonização e de descolonização. Efeitos práticos no terreno. Posição do regime português”.

Prof. Dr. AntonioJosé Telo,

“Processo de decisão política nacional para o início das operações militares em África no ano de 1961”.


17H00
 
Debate Final e Conclusões
 
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Introdução à conferência do TenCor. José Brandão Ferreira
A Comissão Executiva do XVIII Encontro Nacional dos Combatentes deci¬diu prestar homenagem a todos os portugueses, civis e militares, que em Á¬fri¬ca se sacrificaram pela sustentação do Império, promovendo uma confe¬rên¬cia, em con¬junto com a Direcção da Revista Militar e a Associação de An¬tigos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional, no dia 9 de Junho de 2011, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Para o efeito procedeu a convite a académicos eméritos para o tratamento dos temas que pareceram mais adequados aos fins em vista, e que irão pro¬por¬cionar a reflexão sobre os méritos do legado civilizacional deixado em Á¬fri¬ca pelos portugueses. Por razões evidentes da exiguidade do tempo foi da¬da¬ prioridade a Angola, Moçambique e Guiné, onde decorreram as últimas operações militares do Império, não esquecendo igualmente o preito de ho¬me¬nagem aos que defenderam a soberania naci¬onal noutros territórios ultra¬ma¬rinos.

A Conferência terá duas partes, sendo a primeira dedicada à ocupação dos ter¬ri¬tó-rios na senda das Descobertas, que custaram muitas vidas de cidadãos nacionais, especialmente provocadas por doenças, assim como ao alarga¬men¬to progressivo do espaço em conformidade com as capacidades nacio¬nais, sem prejuízo da manutenção das posições costeiras ameaçadas por for¬ças estrangeiras, em particular europeias. A presença portuguesa neste espaço fez vingar os direitos históricos reivindicados por Portugal quando os apeti¬tes das outras potências, muito mais poderosas, se tornaram ostensivos, prin¬ci¬pal¬mente a partir do Congresso de Berlim de 1884/5. A reacção nacional ao Ultimato inglês veio provar que a tarefa ciclópica de construção de um Im¬pério que aquela ocupação constituiu, de facto, um desígnio nacional.

Este andamento dos portugueses, funcionários, empresários, comerciantes, mi¬li¬ta-res e missionários, foi algumas vezes contemporâneo, noutras antece¬deu, as migrações dos povos africanos. O processo da conquista deu origem a cho¬ques, submissões, reconhecimento de direitos, típicos de processos se¬mel¬han¬tes ocorridos ao longo da História em todas as partes do Mundo.

Importa-nos uma descrição objectiva das situações então ocorridas de acordo com os valores do tempo histórico, desmascarando enfoques que não visam a verdade, mas que se verificam, muitas vezes para denegrir a importância da presença portuguesa, num jogo de poder invisível.

Interessa reflectir sobre os encontros ocorridos entre os portugueses e os a¬fri¬ca¬nos, traduzidos em negociações amigáveis, que constituíram verdadei¬ros encontros civilizacionais. O legado mais importante deixado por Portu¬gal foi o início da constituição de Nações nos territórios definidos à custa de vidas humanas e do reconhecimento internacional dos direitos históricos so¬bre esses territórios. E é o resultado daqueles encontros e deste legado que tor¬narão indestrutíveis os laços que actualmente unem Portugal a todos os paí¬ses onde se fala a língua portuguesa.

A segunda parte da Conferência trata do esforço militar realizado por portu¬gue¬ses e africanos, civis e militares, indígenas e forças expedicionárias, nas lutas pela definição dos limites territoriais e pela consolidação da soberania, a partir dos finais do século XIX e durante a primeira década do século XX, assim como os novos problemas políticos que conduziram à Guerra do Ultramar.