sábado, 28 de dezembro de 2013

A terceira desconstrução de Portugal:
O 25 de Abril de 1974


João J. Brandão Ferreira

«É um povo paradoxal e difícil de governar, os seus
defeitos podem ser as suas virtudes e as suas virtudes,
os seus defeitos, conforme a égide do momento».

Prof. Jorge Dias
«in Elementos Essenciais da Cultura Portuguesa»


E o golpe deu-se, agora apoiado por forças internacionalistas, marxistas e comunistas e, também do capitalismo apátrida.

Desta feita, corremos mesmo o sério risco de desaparecermos não direi, de vez, mas ficarmos reduzidos assim como que, a uma lembrança do passado…

A consequência imediata foi a perda, por alienação traumática, num curto espaço de tempo, de cerca de 95% do território e 60% da população nacional, e o que restou na Europa, ficou à beira de uma guerra civil.

Esta última situação foi ultrapassada em 25/11/75, com a derrota parcial das forças de extrema-esquerda. Digo parcial, porque todas elas ficaram por aí activas e com um estatuto de respeitabilidade democrática…

As lojas maçónicas voltaram a «levantar colunas» (lembra-se que as sociedades secretas tinham sido proibidas, por lei de 1935), novamente com obediências diversas, mas sem o fulgor e a importância, que tiveram em todo o século XIX. Estão até, segundo consta, muito «abandalhadas» em termos de rituais, tradições e objectivos.

E, sobretudo, por terem sido ultrapassadas por outras «maçonarias» bem mais poderosas. Já lá iremos.

A solução encontrada pela maioria das «elites» que despontaram na sequência do golpe de estado fracassado, florido a cravos – fracassado pois não conseguiu realizar nada do que tinha estipulado no seu manifesto – foi o de meter o País na CEE, o mais rapidamente possível e de qualquer maneira.

Tal pode resumir-se numa frase: a CEE (com a qual já havia um acordo muito vantajoso para nós, desde 1973) foi encarada como um objectivo nacional permanente histórico – que ela não é e jamais será – em vez de se entender como um objectivo nacional importante e, por isso, conjuntural, que seria a maneira correcta de como a nossa adesão devia ter sido encarada.

Ora a diferença de postura e actuação, entre um postulado e o outro, é abissal.

Em resumo os sucessivos governos portugueses desde o 25/A colocaram o País em perigosas aventuras de carácter internacionalista, sem usarem de quaisquer cuidados e prudência, e que se destacam:
  • Os totalitarismos comunistas/marxistas/anarquistas;
  • O iberismo;
  • O federalismo europeu;
  • A globalização materialista.
E têm embarcado na maior perfídia social de sempre, que toma o nome de «relativismo moral».

Navega-se à vista, sem personalidade própria e sem estratégia, no meio de todos eles. Até os malfadados partidos que, supostamente nos representam no parlamento, pertencem todos a uma «internacional» qualquer!


*****

Vamos então ao mais perigoso de tudo o que se passa.

As verdadeiras forças que, aparentemente lideram os destinos do mundo ocidental (Japão e alguns outros países da Ásia, incluídos) e tentam influenciar tudo o resto, não foram eleitos por ninguém, e ninguém lhes conhece o rosto.

E ultrapassaram, há muito, as maçonarias de que falei – que passarei a designar por «clássicas».

Vou apenas aflorar o tema pois isto carece de um curso com muitos tempos lectivos, não compaginável com Bolonha…

A origem destas organizações tem origem no último quartel do século XVIII, tendo ganho forma e capacidades, cerca de um século depois. Vieram a concentrar a sede do seu poder, em Inglaterra, tendo a mesma sido transferida para a Costa Leste dos EUA, no decorrer da 1.ª metade do século XX.

São organizações que se desenvolveram a partir da acumulação de capital financeiro, têm uma forte componente judaico/sionista e visam, aparentemente também, um governo único mundial, no mínimo, um controlo único global.

Tudo isto fazendo fé na informação disponível, dado que estes assuntos não constam dos «curricula» escolares, raramente são tratados nos «média» – os grandes defensores da liberdade de expressão – não se afloram sequer, nos programas dos partidos e os cidadãos só falam deles «à boca pequena», como soi dizer-se.

Estas organizações, que apelidarei de «maçonarias financeiras de poder», estabeleceram uma teia gigantesca de organismos com as mais díspares funções e até, com nomes politicamente neutros, muitos deles com objectivos e modos de actuação oclusos, difusos e translúcidos…No slide seguinte darei uma pequena visão (incompleta) do que acabo de descrever.

Não pretendo tranquilizá-los com esta panorâmica, mas antes desassossegar-vos no sentido de tomarem consciência do imbróglio em que, muito provavelmente, estamos metidos.





segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A segunda desconstrução de Portugal:
O liberalismo


João J. Brandão Ferreira

Deve começar por dizer-se que não foi propriamente a doutrina liberal que desconstruiu o País, mas sim as ideologias e o desentendimento das forças que o enformaram e dominaram. E, também, porque o País não estava preparado para o aceitar.

É necessário elaborar um pouco sobre isto.

A organização que está na base da implantação do liberalismo (e, mais tarde, da República), é a maçonaria.

A maçonaria, conhecida como «especulativa» surge, oficialmente, com a criação da grande loja de Londres, em 1717. Rapidamente se expande por toda a Europa ocidental e, logo de seguida, para o «novo mundo», as américas.

Aparentemente, em Portugal, a 1.ª loja é estabelecida, em Lisboa, em 1734, mas apenas constituída por estrangeiros.

A acção e ideais da maçonaria entraram, rapidamente, em rota de colisão com a Igreja, tendo o Papa Clemente XII, através da encíclica «In Eminentis», de 1738, tornado incompatível o ser católico e mação, sob pena de excomunhão. Esta norma mantem-se em vigor.

Um dos grandes defensores da maçonaria, entre nós, foi Sebastião José de Carvalho e Melo, o todo-poderoso ministro de El-Rei D. José I, que terá sido iniciado, enquanto embaixador na Corte austríaca.

Não é, seguramente, por acaso que o marquês tem a estátua mais imponente, existente em todo o País, que encima a avenida chamada da «Liberdade», encarnando ele a figura do «déspota esclarecido»….

Por via da influência que a Igreja tinha, em Portugal, nessa época, a maçonaria não teve grande expressão, sendo duramente combatida durante a «Viradeira» movimento que se seguiu à coroação de D. Maria I.

São as invasões francesas que implantam, definitivamente, as ideias maçónicas em Portugal, não só porque elas estavam ligadas à revolução francesa e eram transportadas na ponta das baionetas dos exércitos napoleónicos, mas também, por via dos oficiais ingleses que por cá foram ficando.

Foi o general Gomes Freire de Andrade, que combatera ao serviço do imperador francês, como 2.º comandante da Legião Portuguesa e, mais tarde grão-mestre da maçonaria, que foi tido como o cabecilha de um golpe de estado, em 1817, destinado a expulsar a «regência inglesa» de Beresford e obrigar ao regresso da família real, que se retirara para o Rio de Janeiro, em 1807, a fim de não ser capturada por Junot.

Esta tentativa de golpe de estado marca a 1.ª intervenção dos militares na vida política nacional que se prolongou até à última, com o fim do Conselho da Revolução, em 1982.

Contudo, a revolução rebentou novamente no Porto, em 1820, e desta vez teve êxito.

Esta revolução marca a contemporaneidade portuguesa e foi com ela que a maçonaria, na prática, até 1926, tomou conta e marcou os destinos do nosso País.

Da Revolução de 1820, ou Vintista resultou:

— O regresso da Corte a Lisboa;

— A implantação do liberalismo durante 90 anos;

— A independência brasileira – também ela fundada na acção da maçonaria (onde pontuava o notável José Bonifácio de Andrade e Silva);

— A primeira constituição, em 1822;

— A divisão da família real, do exército e armada real e de toda a sociedade, entre adeptos do novo regime e do anterior.

Tudo isto veio a originar uma tremenda agitação política e social que fez o País passar mais de 100 anos em guerra civil, a «quente e a frio», que só estabilizou com a institucionalização do Estado Novo, em 1933.

De facto após a pior guerra civil que em Portugal já houve, e que terminou com a Convenção de Évora-Monte, de 1834, o País estava literalmente destruído e dilacerado.

Sem embargo a agitação continuou: o País partiu-se em «partidos» e a maçonaria dividiu-se em grupos e duas orientações distintas: a francesa e a inglesa.

Estes «Orientes» eram consubstanciados por pessoas de carne e osso, que foram deixando «descendentes».

A maçonaria «francesa» teve um dos seus pilares em Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real, 1.º Conde de Subserra e, depois, no Marechal Duque de Saldanha, João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun; na parte «inglesa brilhava D. Pedro de Sousa Holstein, 1.º Duque de Palmela.

Antecederam-lhes pela parte francesa, o 1.º Conde da Barca, António de Araújo e Azevedo e D. Rodrigo de Sousa Coutinho, 1.º Conde de Linhares, pela inglesa.

Os sucessivos desentendimentos vieram a resultar em mais duas guerras civis, a Maria da Fonte, em 1846 e a Patuleia, no ano seguinte.

O País estava a saque!

Nem a relativa estabilidade política e social, e alguma recuperação económica fizeram serenar os ânimos.

Seguiu-se a questão do regime, e não se descansou enquanto não se deitou a monarquia abaixo. Tal ocorreu a 5 de Outubro de 1910.

Com a República o desnorte e os ódios político-sociais atingiram o cúmulo do estupor. Em tudo isto esteve subjacente a agitação vivida nas lojas maçónicas, entretanto ampliadas pela acção bombista da Carbonária.

A situação só começou a serenar depois de 1926, não pelo golpe de estado ocorrido a 28 de Maio – o qual pelo caminho que trilhava iria reverter tudo à antiga, mas porque «por inclinação das rodas celestes», como diria Zurara – foi trazido para a ribalta um homem que conseguiu pôr ordem nas finanças e no caos, e senso nas mentes.

Chamava-se António de Oliveira Salazar.

No cômputo geral desse terrível século, Portugal viu-se despojado da sua parcela territorial e económica mais importante, o Brasil; perdeu a coesão política e social; arranjou uma questão religiosa gravíssima; falhou a revolução industrial e chegou ao 1.º quartel do século XX em banca rota financeira, em desespero moral, com bombas nas ruas e completamente colonizado em termos culturais pela França, e economicamente, pela Inglaterra.

Portugal era um país desqualificado tanto interna como internacionalmente.

Estas as consequências da 2.ª desconstrução história levada a cabo por elites desnacionalizadas num povo crente e impreparado.


*****

A institucionalização do Estado Novo constituiu um interlúdio de quase 50 anos, em que se conseguiu descolonizar a Nação dos ingleses e franceses; se combateu vitoriosamente a criminosa ideologia comunista e se manteve fascismos vários e o capital apátrida em respeito e contido, nas fronteiras.

O País foi sendo governado sem pressas, em termos de sustentabilidade e mais-valias futuras. Devolveu-se ao povo o orgulho de ser português e voltou-se a ter arrimo de carácter de antanho e a recuperar matrizes e esteios fundamentais da Nação.

Pode-se até considerar que o corporativismo e a representação das chamadas «corporações», na Câmara Corporativa, constituíu uma espécie de regresso à representatividade das populações e ofícios, nas antigas Cortes Gerais.

Mas tudo se esfumou no depois de 25 de Abril de 1974, quando a Nação minada por uma guerra subversiva, que se estendeu à Metrópole e ao Terreiro do Paço, deixou de querer lutar na defesa do seu património e das suas gentes espalhadas por quatro continentes e outros tantos oceanos.





domingo, 22 de dezembro de 2013