sábado, 10 de abril de 2010

Avatar: promoção sub-reptícia
da religiosidade ecologista radical

Luís Dufaur

Com a finalidade de promover o ecologismo como religião, o filme Avatar sugere que quem não professar o radicalismo anticristão estilo Nova Era e não praticar o culto panteísta da “mãe terra” é necessariamente “mau”.

A finalidade do filme “Avatar” é promover ladinamente o ecologismo como religião.

Ele sugere que quem não professa o radicalismo anticristão estilo Nova Era e não pratica o culto panteísta da “mãe terra”, ou Gaia, é necessariamente “mau”.

O ardiloso método para veicular uma religião panteísta anticristã foi denunciado em várias publicações. Os “bons” do filme, ou “Na’vi”, são humanóides com rabo que se conectam com os animais que aparecem com figuras próximas às de certa antiga demonologia.

Eles reproduzem os cultos à natureza pregados pelo ecologismo radical e o missionarismo comuno-progressista.

Os ritos dos Na'vi foram tirados dos festivais hippies dos anos 70.

Os humanos aparecem como uns exploradores “maus”, exterminadores da vida e da natureza por razões comerciais.

O filme representa o dogma oficial de Hollywood de uma religião sem Deus e sem moral.

“Avatar” reproduz num cenário muito diverso a mesma mensagem do filme hoje desprestigiado de Al Gore “Uma verdade inconveniente”: o homem é ruim e destrói a natureza.

Numerosas cenas têm significado político anticapitalista, antiguerra e de ódio aos EUA.







 

A TAP, as greves e outras coisas

João José Brandão Ferreira

A TAP nasceu em 14.03.1945, na sequência da II Guerra Mundial, com o objectivo primeiro de ligar as principais parcelas do território português, e servir de companhia da bandeira que ilustrasse o país. Foi fundada por um grupo de aviadores oriundos da Aeronáutica Militar e nasceu bem (talvez por isso ainda se aguente), com uma boa escola, boa manutenção e um bom serviço.

Funcionou sem grandes problemas até 1974, dominando o espaço aéreo e as regras do ar, em termos civis, correndo paredes meias com a Força Aérea, sem atritos, recebendo desta, de tempos a tempos, fornadas de pilotos, sobretudo milicianos, que continuavam a sua vida profissional, na companhia, após terminarem o contrato com a FA. E tinha lucros!

Vieram os anos da graça de 1974-1975 e tudo se modificou. No rescaldo da agitação política e social desses tempos conturbados resultou para a TAP, ficar com pessoal a mais e gente de todas as cores partidárias; administração de escolha político-partidária conforme o governo em funções; altos valores remuneratórios e longa lista de prebendas acessórias, distribuído por todos os sectores da companhia, com especial ênfase para o pessoal navegante e, naturalmente, entre estes, os pilotos. Estes benefícios resultaram não de uma distribuição equitativa, faseada ou realista, mas apenas pela capacidade reivindicativa demonstrada. Naqueles tempos (e nestes, também), quem gritar mais alto e tiver mais hipóteses de causar danos no dia a dia da sociedade, tem mais hipóteses de obter contrapartidas. É o caso da TAP.

Tudo isto não deixa de ser um abuso e um factor de injustiça social que não ilustra qualquer regime.
O espaço aéreo, por seu lado, passou a estar mais ocupado, pelo extraordinário desenvolvimento da aviação civil, no campo do transporte de passageiros, carga, desporto, trabalho aéreo, aeroclubes, escolas, etc, o que obrigou a um reforço de competências e meios da autoridade aérea nacional, a DGAC, agora INAC. A única coisa que tem diminuído são as horas de voo da Força Aèrea...

A TAP perdeu peso relativo na ocupação do espaço aéreo nacional mas ganhou um número apreciável de sindicatos, que têm mantido o nível dos proventos dos seus associados numa relatividade elevada, se comparados com os demais portugueses e até com os portugueses de competências profissionais idênticas.

O mesmo se passou com os quadros superiores da administração, mas numa escala um pouco mais obscena e sem que alguma vez, alguém tenha sido responsabilizado por nada. Antes pelo contrário quando algum governo não gosta de um “gestor”, despede-o acompanhado de lauta indemnização e, por norma, sempre se arranja um lugarzito noutra empresa do Estado. Sim porque a TAP, é bom lembrá-lo, é (desde 1991), uma Sociedade Anónima de Capitais Maioritariamente Públicos , ou seja,maioritariamente, de todos nós.

Acontece que apesar das valências positivas que a companhia tem tido, não se tem sabido adequar aos diferentes cenários internacionais e nacionais (a começar pela perda de certos monopólios em rotas) e tem vindo a acumular prejuízos desde 1974. Estes prejuízos têm sido suportados pelos contribuintes – enquanto a UE permitiu ao governo injectar dinheiro na companhia e resta saber os subterfúgios que possam existir para o continuar a fazer – e por recurso a empréstimos bancários, o que contribui para aumentar a nossa já devastadora dívida pública.
Ora eu, humilde contribuinte, não quero continuar a pagar este desconchavo. Espero que os leitores me concedam esse direito.

O problema é que só quem me pode ajudar neste “direito” é o governo. Ora o que faz o governo? O governo encolhe-se cada vez que um sindicato do sector, com especial incidência para o dos pilotos, ameaça que faz greve. E quando escrevo “encolhe-se” deve ler-se, acobarda-se, pois é isso que tem feito há 30 anos a esta parte, ao mesmo tempo que não consegue gerir e, ou, transformar a empresa de modo a que esta dê lucros. Neste âmbito os leitores saberão aplicar os adjectivos adequados sem que eu os tenha que explicitar.

Mas o governo faz pior, além de não pôr ordem na TAP,deixando também que se avolumem injustiças relativas dentro da própria empresa, ainda cria outros problemas noutros sectores do Estado, pelas desigualdades que mantém. Por ex., um coronel piloto da FA ganha cerca de três a quatro vezes menos do que um comandante da TAP, ao passo que tem muitos maiores deveres e responsabilidades e consideravelmente menos direitos. Um co-piloto da TAP entra a ganhar mais do que o Chefe do Estado Maior de qualquer ramo das FAs, mas pelos vistos ninguém se incomoda com isto… Aliás alguma alma caridosa pôs a circular na net a tabela salarial dos pilotos da TAP, que parece ser uma “slot machine” que só dá moedas, nunca retém. Isto sem falar, em apoios sociais, seguros, complementos de reforma, etc. Dá ideia de que logo que um piloto se levanta da cama já está a ganhar… Isto numa profissão em que nem sequer uma licenciatura se exige!

Por isso a maioria dos 800 pilotos da TAP considerou – ao que consta – a recente ameaça de greve na Páscoa, como inoportuna e desajustada e esta acabou por ser desconvocada - sabendo-se posteriormente terem sido destribuidos quatro milhões de euros de prémios de produtividade…. Fizeram bem. Se não fosse por mais nada, ganha-se em decência… E os pilotos mais novos que se cuidem, pois a continuar assim, a TAP vai mesmo ter que ser encerrada/vendida/desmantelada, etc. Já não havia pachorra, agora não há dinheiro.

É certo que outras injustiças se mantêm, mas isso não deve servir de argumento. O que há a fazer é tentar acabar com elas, não criar ou manter outras.E há,a pouco e pouco,que ir tentando a justiça relativa na sociedade.
Mais uma vez só os órgãos do Estado e, nomeadamente, o Governo, podem harmonizar estas situações. Mas como os governos e os políticos em vez de governarem, andam em permanente campanha eleitoral e, ou, a tratarem dos “assados” em que se metem ou se deixam meter, não temos horizonte por onde esperar uma luz que nos dê esperança.

O “Estado Exíguo” para que caminhamos há muito, passa sobretudo por termos um estado politicamente falhado.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Campanha contra o Papa e a Igreja
só procura vender -- afirma escritor judeu

O poeta, escritor, colunista e ensaísta judeu Jon Juaristi, publicou no domingo de Ressurreição um artigo no jornal espanhol ABC no qual assinala que "não é necessário ser católico" para ver aonde aponta a campanha dos meios de comunicação contra o Papa Bento XVI e a Igreja, que só procura vender e tirar os católicos da esfera pública.
No seu artigo intitulado "Justiceiros", Juaristi assinala que "com o risco de resultar um pedante, volto sobre o tema das minhas colunas anteriores, porque a turba segue rugindo e muitos jornalistas e bloggers livres pretendem agora que o Papa apresente a sua demissão. Uma hipotética demissão papal tem mais morbo para este tipo de pessoal, dito seja de passagem, que os próprios actos de pedofilia ou efebofilia cometidos por sacerdotes, que se vão revelando como puro pretexto para encurralar Bento XVI".
"E resulta que só o Papa e a Igreja tomaram a sério este assunto. Explorando o escândalo, a imprensa amarela só procura vender, e a ala progressista, tirar os católicos do espaço público, ou, ao menos, se a campanha não desse para tanto, deixar a reputação do clero por terra", prossegue.
Juaristi recorda que "se por acaso já não disse suficientes vezes, não sou católico, mas não me escapa o imenso perfil moral do actual Pontífice em comparação com seus actuais e pululantes caluniadores, verdadeira massa de perseguição".
"Não é necessário ser católico para ver com clareza onde conduz esta batida dos meios de comunicação contra a Igreja, e, embora admita que a condição de judeu ajuda o seu a intuí-lo, acredito que basta entendendo que o justiceirismo supõe sempre uma corrupção do recto sentido da justiça. Este eclipsou-se desde que Bento XVI fez pública a sua carta aos católicos irlandeses".
Desde esse momento, denuncia Juaristi, "o alvo dos ataques já não constituem os sacerdotes pederastas e os bispos encobridores, mas o Papa, contra quem se mobilizou a ala liberal justiceira, tomando a carta em questão como um sintoma de debilidade, quando foi, claramente, uma demonstração de força moral que deixa em evidência a incapacidade flagrante do progressismo para levar adiante uma crítica análoga de suas próprias iniquidades".
"Como neste caso não parece que vai funcionar o princípio de que, ferido o pastor, dispersar-se-ão as ovelhas, é previsível que a campanha aumente durante algum tempo e que a cena se encha – já está passando – de espontâneos que nos contem o que sofreram com o sacerdote pedófilo que lhes correspondeu", continua.
Finalmente o colunista judeu assinala que esta maneira de proceder "é o correlato obrigatório do justicierismo: a socialização da condição de vítima, a cultura da queixa. Mas a isto já têm acostumados. Que liberal progressista não tem um avô fuzilado por Franco, enterrado em ravina ignoto ou em sarjeta poeirenta? O mal é que, como passa sempre, a moeda falsa expulsa a boa do mercado e o justiceiro acabará por ocultar a dor das verdadeiras vítimas".



domingo, 4 de abril de 2010

Segurança interna vs defesa

João José Brandão Ferreira

Notícias recentes dos jornais informam-nos que o Governo vai reforçar as forças de Segurança (FS) (PSP e GNR) em 2000 efectivos, ao passo que vai cortar em 2600 os efectivos das FA, nomeadamente nos seus quadros permanentes.

Ora isto acontece pela enésima vez nos últimos 20 e tal anos! Aumentam-se os efectivos e restantes meios das forças de segurança e reduzem-se os das FA e aqueles afectos à Defesa Nacional, no seu âmbito geral.

Nós sabemos o significado disto e, pela enésima vez, também, já o comentámos. Mas como por parte dos excelentíssimos comentadores, ilustríssimos jornalistas, e eméritos políticos em exercício, reputados chefes e ex-chefes militares e povo em geral, não se manifestam sequer por um pio que se oiça, sobre o que por aí vai, reservo-me o direito de cidadão teimoso, de tornar ao mesmo.

Note-se a incongruência: numa altura em que o governo, pela pessoa do MAI, apresenta o relatório sobre a criminalidade do ano anterior e se congratula com as melhorias registadas, apesar de ténues (com o devido respeito, não acreditamos em nada com as ilações e realçamos as omissões...), simultaneamente pretende reforçar as polícias, civis e militares; numa época em que as FA vêm as suas missões acrescidas, combatem em vários teatros de operações e há 25 anos que andam a ser causticadas com toda a sorte de constrangimentos – que nenhum outro grupo profissional ou empresa aguentava! – eis que lhe dão mais duas machadadas: redução de efectivos e cortes na lei de programação militar, lei esta que representa a maior mentira política e hipocrisia de carácter desde que passámos a ter governos constitucionais baseados na Lei Maior de 1976.

Uma ressalva é necessário fazer: o recrutamento de efectivos que se pretende neste momento tem sobretudo a ver com recompletamento, de modo a compensar as passagens à reforma e outras saídas. Isto acontece porque os actos admnistrativos do MAI para as incorporações são constantemente adiados por razões politico-financeiras, o que causa as maiores dificuldades na continuidade dos cursos e na gestão do pessoal (já chegaram até a acabar cursos antes de tempo...). Na PSP, por exemplo, não há cursos para “subchefes” – o equivalente a sargentos nas FA – desde 2005!

Que comentários nos suscita toda esta problemática?

Primeiro, as FA têm sido competentes no cumprimento das suas missões, com meios diminuídos. Resultado, cortes acrescidos.

Segundo, as FS têm falhado na sua missão, dado que os diferentes tipos de crime e a insegurança têm aumentado (e não vale a pena os diferentes ministros se esfalfarem em dizer o contrário, pois toda a gente sente o oposto!). Resultado, os seus meios aumentam sem parar. Há aqui a dizer também que grande parte do insucesso das FS as ultrapassa, tem a ver com as leis inadequadas, falta de autoridade e mau funcionamento da máquina judicial. Mas já lá iremos.

Terceiro, aumentar a segurança interna e diminuir a externa quer dizer que há perigo para o regime? Aumento incontrolável da violência social? Perigo de terrorismo? Se assim é, porque não se assume e se explica? Se a ameaça externa baixou, alguém a sentiu? Porque é que o(s) governo(s) continuam a ligar-se a toda a sorte de organizações internacionais de defesa e de iniciativas de defesa avançada da fronteira e de missões ditas de paz e humanitárias, no minimo discutiveis, relativamente aos interesses nacionais? E nesse caso faz sentido diminuir os meios, quando se sabe há anos que está tudo preso por arames, não há reservas de coisa nenhuma e nem sequer se consegue recrutar soldados? Está montado um monumental e confrangedor, faz de conta? E como compreender o corte de efectivos nos sargentos e oficiais dos quadros permanentes quando se sabe que eles são polivalentes, acumulam um capital de experiência e saber que não existe em mais nenhum grupo profissional da Nação e são a única capacidade restante capaz de aumentar rapidamente o dispositivo militar em caso de necessidade?
O que se anda a fazer parece ser da maior irresponsabilidade, não ser admissível, nem perdoável!

Outra reflexão: acusava-se e acusa-se o Estado Novo de ditadura e de estado policial. Curioso.

Quando existíamos do Minho a Timor, espalhados por quatro oceanos e continentes, e possuíamos cerca de 2 milhões de km2 e 22 milhões de almas, existiam cerca de 1/3 dos efectivos da PSP e GNR (esta última, só existia na Metrópole!...), e havia uma polícia de informações altamente repressiva(?!), que, no máximo dos efectivos, não chegava a 3000, grande parte dos quais estava empenhada directamente na contra-subversão que ocorria em Angola, Moçambique e Guiné. Dava pelo nome de PIDE-DGS. Veio uma constituição e órgãos de soberania superdemocráticos e a que assistimos? Pois a dita PIDE-DGS foi substituída por quatro organismos, a saber: o Serviço de Informação e Segurança (SIS), o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a Divisão de Informações Militares (DIMIL). Isto claro, sem contar com as unidades especiais para lidar com alta violência existentes, na GNR, PSP e PJ. Desconhecem-se os efectivos… Afinal como é que se define um estado policial?


Com isto dito é preciso acrescentar o seguinte: aumentar os efectivos das FS não resolve nenhum problema; até podiam ser 200 mil! Só aumenta os custos e a confusão. O que é necessário fazer é legislar adequadamente para portugueses (e não para outros quaisquer que uns tontos desejem que existam!); fazer cumprir a lei e não actuar para as estatísticas, esvaziar prisões ou fazer experiências sociológicas delirantes; arranjar uma organização para a jurisprudência que seja para funcionar e não para arranjar equilíbrios funestos, servir doutrinas decadentes e irrealistas e conseguir porções de poder partidário; arranjar uma hierarquia pura e dura na polícia, que funcione, exerça liderança e imponha disciplina e defenda os seus homens o que permitiria, à partida, acabar com os sindicatos, que são areia na engrenagem,uma tentativa de duplicação da cadeia hierárquica e só servem para que forças políticas tenham poder efectivo que não lhes advém dos votos expressos nas urnas.

E, de resto, para que se quer aumentar os efectivos das FS, se eles não podem exercer violência sobre ninguém a não ser em caso de autodefesa e, mesmo assim, sabe Deus... (para quando a autorização para o uso de lagartas nas operações stop, por exemplo?). Isto traz-nos a outra questão: nós não precisamos de muitos policias: precisamos de bons e com autoridade! (segundo creio a formação de guardas na PSP deve ser mais puxada e exigente de modo a evitar serem “alvos” em vez de agentes).

Tudo isto, mais meia dúzia de pequenas coisas, à revelia daquilo que os aficionados da Revolução Francesa, à mistura com a trupe saudosista do Maio de 68, em França, gosta, e resolviam-se os problemas em três tempos.

Até lá a Segurança Nacional, que é uma simbiose da segurança interna e da defesa externa, consubstanciada num estado de espírito, irá estiolar e perder capacidades.

Mas enfim, não é em universidades “independentes”,nem nas juventudes partidárias, que se aprendem estas coisas.