quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Cavaco, tão perto e tão longe?

José Ribeiro e Castro, Expresso, 2.8.2010


Para a direita, o centro-direita, e o centro não capturado pela esquerda, estes meses surgiram diferentes do que se previa: um futuro sem Cavaco, ou com Cavaco cativo do eleitorado PS. Não é famoso. Se Cavaco Silva tivesse vetado a lei do casamento homossexual, a questão provavelmente não teria surgido. Mas, após 17 de Maio, tudo ficou mais incerto: não porque se apresentasse outro candidato, mas porque Cavaco Silva deslocou-se de sítio, de referência e de eleitorado.

Em 2006, Cavaco ganhou à primeira volta por 35 mil votos. Não foi grande folga. E alguns inquéritos mostram duas coisas: um declínio do apelo eleitoral e a deslocação para a esquerda do seu eleitorado, tornando-o mais dependente de votos PS para uma reeleição. Os inquéritos Aximage-Correio da Manhã ilustram-no: Cavaco vencia com 60 por cento em Janeiro, com 56 em Março, só com 53 em Junho; e o voto socialista em Cavaco fez-se indispensável, havendo mais eleitores PS a votar Cavaco (36,6%) do que Alegre (34,2%).

Muitos repetem que, numa 2ª volta, Cavaco perde. Isso demonstra uma confrangedora falta de confiança. E assenta em premissas totalmente falsas. Nestes sistemas eleitorais, pode dizer-se quase de ciência certa que quem não ganha uma segunda volta, não é eleito certamente à primeira - e quem ganha logo à primeira, ganharia seguramente a segunda. A questão verdadeira é, portanto, outra: se, pelos seus actos, Cavaco Silva enfraqueceu ou alienou a possibilidade de ser reeleito à primeira volta, o que é melhor para fortalecer as hipóteses de eleição à segunda? Mais candidatos nesse espaço? Ou o monopólio cavaquista? A resposta temo-la na dinâmica natural destes sistemas, incluindo no único caso ocorrido em Portugal: a pluralidade de candidaturas representativas num dado espaço eleitoral favorece a sua mobilização e competitividade; e potencia a sua vitória à segunda volta. Em 1986, Freitas do Amaral não teve mais ninguém no seu espaço de captação eleitoral: liderou folgado à primeira volta; mas perdeu à segunda. Em 1986, só houve segunda volta à esquerda - resultado: a esquerda ganhou.

Ou seja, se o centro e a direita querem vencer as próximas presidenciais e, depois, terem um Presidente do seu espaço e não do outro, podem ter mais hipóteses com diferentes candidatos do que com a suave espera cavaquista.
Pode ser mais seguro ser da maioria presidencial à segunda do que à primeira.

O caso simbólico do não-veto não foi apenas isso, mas o despertador de mais desapontamentos adormecidos: a forma como visitou a Madeira, recebendo a oposição regional numa sala de hotel; o modo como se desenvolveu o diferendo no Estatuto dos Açores; o caso das escutas em Belém e o seu estrondo em cima da campanha do PSD, nas últimas legislativas; a não exigência do referendo ao Tratado Europeu, ao arrepio de todas as promessas eleitorais de 2005; o consentimento do governo minoritário de Sócrates. E, quando Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro de Estado designado por Cavaco, comentava, a propósito do funeral de Saramago, que "é mais importante ser-se Presidente do que os netinhos" - isso ilustra outra fraqueza: a quebra de autoridade externa.

Os desapontamentos feriram os sectores que mais acreditavam em Cavaco e que mais se bateriam quando as coisas apertassem. Agora, as coisas ficaram mais dependentes do cinismo dirigente e do calculismo de ocasião. Isto é mais fraco do que uma candidatura enraizada em convicções, sinceridade, identificação e esperança. Sobretudo é mais vulnerável e incerto. E, por isso, ficou mais complicado. E mais em aberto.

A seis meses de vista, num país em crise, confundido e descrente, estamos perto, mas tudo parece ainda tão longe. Falta entusiasmo, esperança, energia. E falta verdade.



A McDonald's produz anúncio
promovendo a homossexualidade entre os jovens

A União das Famílias Portuguesas alerta para o facto da McDonald’s da França ter produzido um anúncio para a televisão fazendo a apologia da relação homossexual entre um rapaz e outro da sua escola.

Ler mais em:

http://uniaodasfamiliasportuguesas.blogspot.com/2010/08/boicote-mcdonalds-por-promover.html



.

A ministra da educação que organiza debates

Heduíno Gomes

O normalíssimo – que por isso significa bom – sistema de ensino que havia em Portugal foi destruído por Veiga Simão no Governo de Marcelo Caetano. A partir daí, temos o sistema dito «democrático», que está à vista, agora no seu apogeu. Com mais fantasia ou menos fantasia, com mais demagogia («paixão») ou menos demagogia, com mais reforma ou menos reforma, este sistema está condenado nos seus pressupostos antropológicos, filosóficos, didácticos e pedagógicos em geral. Nada a fazer, remendar é inútil.

Mas, de vez em quando, aparece um ministro (nos últimos tempos tra) ou secretário de Estado particularmente iluminado a dar mais uma achega ao caos, matando-nos as saudades da época cavaquista com o genial Roberto Carneiro, que iria acabar com os chumbos através de pacotinhos de leite com chocolate... e obviamente da manipulação das estatísticas.


É agora o caso de Isabel Alçada, que, além de confirmar a sua sistémica confusão das «novas pedagogias», particularmente do agrado da esquerda bem-pensante, vem, com a sua confessada falta de ideias, dizer que vai organizar um debate para descobrir como é a melhor maneira de acabar com os chumbos. A parte positiva da intervenção de Isabel Alçada é confessar de facto o seu vazio de ideias sobre a questão. A senhora confirma assim que foi parar a tra da educação como poderia ter ido parar a tra do ambiente ou tra do comércio externo.
















Quem logo aplaudiu entusiasticamente a ideia foi o subsidiodependente socialista Albino Almeida, particularmente adulador do poder, supostamente representante dos pais dos alunos de Portugal. E daí os media poderem dizer que os pais concordam com a parvoíce...

Por sua vez, o profissional-sindicalista da Fenprof Mário Nogueira coloca as suas pertinentes condições: sim senhora, boa ideia, mas temos de ver isso das condições para concretizar a ideia, isto é, a massa! A massa! A massa!

Não ao aborto gráfico!

Bic Laranja



Quem me conhece sabe que não sou de militâncias nem vou em democracias. Mas há maneiras de prosseguir intentos. E nesta demência duns dromedários linguistas e duns asnos eleitos - conte-se as respectivas pandilhas da Assembleia e dos jornais - em estupidamente abrasileirar por decreto o idioma, confesso que me tenho visto em cuidados e sem bem perceber que propósito anda por trás desta trama ortográfica. Entenda o benévolo leitor a minha aflição; genuflectir a quem nos usurpa a identidade não é digno.

" Lido nas entrelinhas, o A.O. contém uma silenciosa 'Base XXII', nunca declarada, jamais admitida, mas sempre presente. O seu enunciado poderia ser assim:

Em caso de divergência da ortografia portuguesa em relação à ortografia brasileira, deve a portuguesa ser alterada no sentido da prática brasileira (exemplo: em Portugal escreve-se "Junho" e no Brasil escreve-se "junho"; logo, devemos agora todos escrever "junho"). Mas, em caso de divergência da ortografia brasileira em relação à portuguesa, mantém-se a ortografia brasileira, a par da portuguesa, através da criação da correspondente regra da facultatividade (exemplo: no Brasil não se escreve "amámos", para o diferenciar de "amamos", como em Portugal; logo, ambas as formas podem ser utilizadas facultativamente)."

(João Roque Dias, "Tá Tudo Doido, 28/6/2010.)

Se lhe parece que exagero, benévolo leitor, note bem até onde nos afundam nesta humilhação.

" A sessão realizada na Academia das Ciências de Lisboa a 14 de Abril [de 2009] teve laivos de surrealismo: 1) Uma delegação de um dos estados contratantes do A.O. (Brasil) apresenta na sede do "órgão consultivo do Governo Português em matéria linguística" [Academia das Ciências de Lisboa] um V.O.L.P. [Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa] unilateral "brasileiro", já que, segundo o seu responsável, Bechara, «em nenhum momento o Acordo fala em vocabulário comum» [errado: o art.º 2º do Acordo refere-o expressamente]; 2) na mesma sessão, foi também apresentado pela "Academia Galega da Língua Portuguesa" um 'Léxico da Galiza' (mas então, em galego, não se diz Galicia?) para ser integrado no Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa". Lindo! Portugal de cócoras, a dar guarida às manias das grandezas de brasileiros (propalando os 190 milhões de "falantes" de português) e de galegos (a eterna política das diversas autonomias espanholas contra o poder centralista de Castela)."

(Id., ib.)

Algo se deve, pois, fazer! Uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos pode ser levada à Assembleia - um instrumento da sempre bendita democracia que carece de 35.000 assinaturas de cidadãos eleitores devidamente identificados, em papel. E todavia, porém...

" Escusado será dizer, sem qualquer desprimor para ninguém, é claro, que nenhum dos chamados “blogs de referência” – os 5 ou 10 mais conhecidos e visitados – mencionou a I.L.C. contra o Acordo Ortográfico. Trata-se de uma questão de divulgação, portanto, e aqui reside também boa parte do problema: não se pode esperar que haja grande adesão a algo que as pessoas desconhecem sequer existir."

(I.L.C. contra o A.O., 16/6/2010.)

Pouco dado, como disse, a iniciativas deste género - e muitíssimo menos a apregoá-lo -, cá fica a excepção que inevitavelmente dita a regra. É triste que esta nação tenha chegado a este ponto. A reclamação do direito natural de me não sujeitar a estrangeiros nas leis da recta escrita do meu próprio idioma segue preenchida e firmada em impresso próprio, amanhã, por correio.





«Uma nova forma de fazer política»

Alberto Gonçalves

Os apoiantes de Pedro Passos Coelho sempre juraram que o homem representava uma nova forma de fazer política. Não duvido. O dr. Passos Coelho é o primeiro líder da oposição que, em última instância, não se opõe a coisa nenhuma. Cada medida absurda do Governo é recebida pelo actual PSD a cinco tempos: 1) Recusa (o PSD acha a medida inadmissível); 2) Negociação (o PSD pretende obrigar o Governo a discutir a medida e forçá-lo a revê-la de acordo com as suas exigências); 3) Confusão (o PSD lança para a imprensa um nevoeiro informativo acerca das suas pretensões e do desenvolvimento da discussão que mantém com o Governo); 4) Aceitação (o PSD proclama que o interesse nacional o levou a concordar com a medida inadmissível do Governo); 5) Vergonha (o PSD pede desculpa ao País).

Numa democracia menos exótica, esta adaptação condensada dos 12 passos dos Alcoólicos Anónimos seria despachada logo que possível. Em Portugal, é um êxito. A julgar pelas sucessivas sondagens, as intenções de voto no PSD crescem em progressão geométrica. Enquanto isso, os socialistas, autores das exactas políticas que o PSD subscreve, estão em queda livre. Imagino que, para a semana, o eleitorado continuará a punir o PS por causa das Scut e dos chips nas matrículas e a premiar o PSD que, depois das típicas cambalhotas, acabará em sintonia com o Governo na questão (ou questões) das Scut e dos chips nas matrículas. Após cinco anos em sentido inverso, o povo decidiu que o eng. Sócrates é o responsável por todas as calamidades que se abatem sobre a nação. O dr. Passos Coelho, que há meses vem legitimando as calamidades, é um herói popular.

Explicações? Não mas peçam. Talvez as desculpas do dr. Passos Coelho tenham tocado o coração das massas oprimidas. Talvez as massas andem tão cansadas do eng. Sócrates que o trocariam pelo Pato Donald ou por uma torradeira eléctrica. Talvez as massas sejam definitivamente malucas. Certo é que as massas querem o dr. Passos Coelho a primeiro-ministro, e só não vêem o desejo cumprido porque, pelos vistos, a nova forma de fazer política também implica evitar o poder a qualquer custo. A nova forma de fazer política ainda será política ou já entra na pura fraude?



.