Rosa Pedroso Lima
Jornal da esquerda francesa publicou um artigo
sobre a prisão do ex-primeiro ministro.
Título: «Sócrates, a queda de um oportunista
sem ideologia».
O caso Sócrates, diz o «Libération», «corresponde a
um novo degrau de imoralidade na vida pública»
Um político «duvidoso»,
«sempre borderline», «sanguíneo, autoritário e de estilo cintilante à la
Sarkosy». É assim que o jornal francês «Libération» descreve José Sócrates, num
artigo, publicado esta quinta-feira, sobre a detenção do ex-primeiro ministro português.
O caso Sócrates, diz o jornal,
«corresponde a um novo degrau de imoralidade na vida pública». No artigo,
assinado pelo correspondente do «Libération» em Madrid, descreve-se as
suspeitas que levaram à acusação do ex-governante por fraude fiscal, corrupção
e branqueamento de capital. Explica-se como «o modo de vida em Paris chamou a
atenção da brigada financeira portuguesa», como o seu motorista «fazia
regulares viagens Lisboa-Paris para lhe entregar grandes quantidades de
dinheiro em cash» e como o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva serviu de
pivô num esquema de transferencias financeiras. O «apartamento no valor de 2,8
milhões de euros, a frequência de restaurantes de luxo e as escutas telefónicas
fizeram o resto».
E o resto é muito. Desde logo,
o escândalo desmontou a imagem do «antigo líder socialista que, em maio de 2011
se demitiu, enquanto o seu país estava à beira da falência». Sócrates queimou o
seu «retrato político bem merecido, de um cidadão honesto que serviu o seu país
o melhor possível» e que «no final do seu primeiro mandato obteve resultados
visíveis na mudança de uma administração pública anquilosada». Passou a ser «o
líder duvidoso, esse produto mediático ou o politico Armani (citando o
'Público', que sublinhava o seu lado esquerda-caviar) envolvido em vários
escândalos dos quais conseguiu, de cada vez, escapar às garras da justiça».