quarta-feira, 7 de julho de 2010

O PPV anuncia candidato à Presidência
da República

COMUNICADO

Como é sabido, nos últimos meses o PPV promoveu uma série de reflexões e consultas tendentes a garantir a presença de uma voz pro-Vida e pro-Família no debate político que se avizinha, com a campanha para a Presidência da República. Porquê?

Porque acreditamos em Portugal

Porque acreditamos na Família

Porque acreditamos nos portugueses

Perante o não avanço de qualquer das personalidades escolhidas pelo "povo pro Vida" em consulta aberta no nosso blogue oficial, a direcção nacional do PPV, em reunião de 29 de Junho, decidiu avançar com uma campanha nacional tendo em vista a candidatura do seu responsável-geral, o Prof. Luís Botelho Ribeiro.

A seu tempo e com as assinaturas reunidas, será apresentado o programa completo da candidatura. Em resumo, eis os principais objectivos da campanha presidencial pro-Vida LuisBotelho2011:

Representar o pensamento e propostas políticas da Doutrina Social da Igreja no debate dos caminhos de futuro para Portugal que estas eleições proporcionam

Defender uma interpretação constitucional plenamente conforme aos sentimentos, valores e anseios mais profundos dos portugueses: dignidade, solidariedade, liberdade.

Dar a todos os que defendem na teoria e na prática os Valores da Vida e da Família uma possibilidade de voto de acordo com a sua consciência

Questionar o modelo de desenvolvimento do nosso país, propondo um sistema mais inclusivo para as novas gerações, para todas as regiões, para as famílias que querem ter filhos mas vêem no Estado mais um obstáculo que um amigo

Portugal pro Vida - valorizando a Vida e a Família, superamos a crise http://portugalprovida.blogspot.com/

Que farei com este Presidente?

Ana Sá Lopes, jornalem 19 de Junho de 2010

 
Ex-líder do CDS diz que direita está "numa situação de vazio"

José Ribeiro e Castro não se lembra de umas presidenciais assim: "À esquerda e à direita ninguém acredita em ninguém", afirma ao i.

José Ribeiro e Castro, deputado, ex-presidente do CDS, sente que "nas últimas semanas há muito eleitorado a descolar de Cavaco Silva". "Não me recordo nunca de uma eleição presidencial assim. Há uma situação política suspensa das presidenciais e dá a ideia de que nos diferentes sectores partidários ninguém acredita em ninguém", afirma ao i o ex-líder do CDS, que vê na esquerda como na direita "uma situação de algum vazio".

"[Como presidente do CDS] Defendi o apoio a Cavaco Silva nas últimas presidenciais e lembro-me bem das dificuldades que tivemos. Alguns não votaram e não fizeram segredo disso, outros declararam mesmo que tinham votado em Manuel Alegre", diz Ribeiro e Castro, lembrando que foram apenas 33 mil votos que evitaram que há quatro anos Cavaco Silva fosse obrigado a ir à segunda volta. "A eleição à primeira volta foi curta."

Para o deputado centrista, não foi apenas a promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo que afastou algum eleitorado conservador de Cavaco Silva. "Existem outras questões, nomeadamente a alergia que o Presidente da República manifesta aos referendos, quando os referendos foram uma conquista constitucional da AD", justifica. "É sabido que o Presidente da República é contra os referendos. Isto descontenta muito eleitorado que acha que o referendo é um instrumento legítimo. Não substitui a democracia representativa, mas é um instrumento da democracia". Ribeiro e Castro acusa o Presidente da República de "ter ignorado por completo a iniciativa do referendo" ao casamento gay que vários grupos católicos tentaram desencadear, com apoio de alguns políticos, como Ribeiro e Castro e Santana Lopes.

Para o ex-líder do CDS, a atitude do Presidente da República "foi pior que a da Assembleia da República" que, apesar de ter chumbado a iniciativa, a discutiu. "O Presidente ignorou por completo e isso também feriu as pessoas", afirma. Ribeiro e Castro acha mesmo que a questão da promulgação do casamento gay "foi apenas o detonador de outras questões que estavam adormecidas", e se não se traduzir numa nova candidatura à direita, o "descontentamento inorgânico" pode redundar numa "grande abstenção".

"Do ponto de vista do eleitorado a que o Presidente da República se dirigiu nas últimas eleições, tornou as coisas mais complicadas e incertas". Ribeiro e Castro aponta como "fundamental" a necessidade de colocar no processo legislativo "a sociedade e a família".

Sobre se, com a negativa de Bagão Félix, estaria disponível para protagonizar essa candidatura à direita, Ribeiro e Castro responde: "Não estou à janela, outros estão, existem outras pessoas".

Mas não nega totalmente que, no futuro, o cenário não se possa vir a colocar: "Há questões que merecem ser reflectidas e amadurecidas, exigem um exame mais complexo e profundo". Nomeadamente, se existem "condições políticas para uma candidatura", se teria "um significado útil" e se contaria também com apoios financeiros para se poder desenvolver.



O Estado leva tudo!

João José Brandão Ferreira

Já plantei árvores, tenho filhos e escrevi livros. Posso pois, segundo um ditado popular, partir desta vida e passar a outra “dimensão”. Mas lamento já cá andar há 56 anos e não ver melhorar um rol de coisas extenso, que não pára de aumentar. E da melhoria das pequenas coisas se poderia partir para outras mais importantes. Foi desse modo que Nova Iorque se tornou, possivelmente, mais segura, hoje em dia, que Lisboa…

Livros escrevi cinco, mas só deste último consegui auferir, até hoje, alguns direitos de autor. O mundo editorial não foge à pandemia geral (essa sim, real), de desonestidade em que vivemos. Já fui vítima de algumas coisas que se tornaram corriqueiras: deslizamento temporal das promessas de pagamento; falências, quiçá fraudulentas; desaparecimento do mercado por fraude; e até um “não tenho dinheiro para lhe pagar, pois ninguém me paga, olhe só lhe posso pagar em livros…”

Quando finalmente recebo uns assinaláveis 10% (!) pelo preço de venda de cada exemplar, sou informado que tenho que pagar 7,5% de IRS,sobre o total recebido, para os cofres da Fazenda Pública.

Usando de um pouco da ousadia que me prégaram nos bancos da escola militar, que frequentei, resolvi interrogar-me porquê?

Ou seja com que direito e porque bulas, as finanças – que na Idade Média só cobravam impostos depois de aprovados em Cortes onde estavam representados o Clero, a Nobreza e o Povo – se arroga o direito de me espoliar de 7,5% do meu trabalho a que pomposamente apelidam de “propriedade intelectual”?

Vejamos, eu não sou profissional desse território; escrevi o livro nos meus tempos livres, não tendo para isso usufruído de nenhum “serviço” do Estado; usei papel, canetas, computador, net, consultei bibliotecas, comprei outros livros e mais um conjunto de consumíveis sobre os quais esse mesmo Estado já me cobrou impostos – para além de estar a contribuir para o PIB - dou trabalho à editora, à distribuidora e ajudo no negócio dos livreiros – ou seja estou a contribuir para o emprego de muita gente ; finalmente, dou o meu contributo para a cultura nacional – notem que até escrevo com pontuação e tudo! – e que fez o Estado? Pois o Estado vai-me esbulhar de 7,5% de uma pequena mais valia que obtive exclusivamente com a iniciativa e trabalho próprio. O Estado não me taxa, agride-me e tira-me, por completo, a vontade de com ele colaborar.

O Estado está assim a incorrer na falta em garantir a Justiça e o Bem-Estar dos cidadãos que é suposto servir, que, juntamente com a Segurança, são os três únicos desígnios para os quais existe e foi inventado.

Poder-se-á argumentar que este imposto contribui para o Bem Geral, mas essa tirada só faz ouvir o gargalhar mais longe e mais audível.

Nem os outros cidadãos têm o direito de usufruir de nada para o que não concorreram, nem eu me sinto no dever de tal partilhar, a não ser por deliberação própria.

Um Estado que esminfra quem trabalha, protege quem especula e subsidia quem não quer fazer nada (ou está preso!) além de privilegiar as cunhas de parentesco, “grupo” ou partidárias, é um estado de um país sem futuro, à beira dos maiores precipícios.

Não se acerta uma.

O dia da morte de José Saramago

Alberto Gonçalves, DN, 20.6.2010
 
Portugal ficou mais pobre? Se a pobreza for de espírito e a julgar pelas carpideiras, sem dúvida. A morte de José Saramago iniciou uma competição de louvores e levou uma extraordinária quantidade de sujeitos, notáveis e anónimos, a elogiar um homem que, evidentemente a título elogioso, todos acham "polémico".

É verdade que Saramago tentou a polémica. E se agora muitos aconselham a separar o autor da respectiva obra, é igualmente verdade que o conselho não possui efeitos retroactivos. Após O Evangelho... e sobretudo após o Nobel, que insuflou Saramago com uma importância proporcional à importância que um país periférico dá a essas coisas, os seus romances confundem-se frequentemente com sebentas de apoio às controvérsias públicas que o autor buscava e, na maioria dos casos, obtinha. Menos lidos do que comentados, os livros de Saramago pareciam-se com uma mera versão escrita do chinfrim que o próprio anunciava ainda antes de cada publicação e se esforçava por alimentar depois.

E tudo isso para quê? Vasculha--se a imprensa e, entre a excitação dos epitáfios, não se encontra uma voz dissonante. Saramago orgulhava-se de fomentar inimigos, mas, fora dos comentários sem rosto na Internet, aparentemente não há um com a decência de aparecer e proclamar que desprezava a obra ou que detestava o autor.

Para quem se sonhou incómodo, não haverá maior traição do que partir neste sufocante consenso. Armados de panegíricos, os adversários evitam o sectarismo de que Saramago sempre padeceu, os admiradores lembram o criador perseguido (?) e esquecem o comissário político, os alucinados exaltam a "coragem" do fiel servidor de uma ditadura (felizmente breve), os sensíveis reclamam respeito post mortem por um indivíduo que venerou uma ideologia especializada no assassínio.

Eu, que nunca gostei do escritor nem do cidadão e não mudei de ideias por causa de um destino a que ninguém escapa, faço-lhe a justiça de imaginar que, caso também aí Saramago se tenha enganado e a alma seja realmente imortal, a alma dele hoje lastime tamanha unanimidade. Pela modestíssima parte que me toca, não a terá. E não precisa de agradecer.



segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Estado português e o Estado espanhol

Helena Matos, Público, 1.7.2010

«Portugal é um Estado. Pobre, ciclotímico e um pouco desatinado, mas um Estado sem problemas de identidade ou de fronteiras. Coisa que a Espanha está longe de ser. De cada vez que embarcamos na designação "ibérico", seja em mercados, encontros ou campeonatos, ajudamos a Espanha a iludir o seu problema com a Catalunha, o País Basco e todos os outros nacionalismos que por ali campeiam - agora até descobriram que existe o valenciano e o andaluz, pois os nacionalismos estão para a invenção das línguas como a bola para o futebol. O busílis da questão é que, ao embarcarmos nesse caldeirão ibérico composto por nações que andam a discutir se são estados e outras minundências que fazem o dia-a-dia da Espanha e que muito dinheiro e influência rendem aos diferentes nacionalismos, colocamo-nos a nós, que somos um Estado, nesse patamar das nações que não só não nos rende nada como nos subalterniza e retira influência. Porque, na hora da verdade, os mesmos catalães e bascos do folclore das nações da Ibéria, que andam de símbolos independentistas no braço, apostam na selecção de Espanha. Seja no futebol ou nos negócios.

«Assim, recuperemos a designação "luso-espanhol", que coloca cada um dos países em seu devido lugar, e deixemos o termo "ibérico" para aquelas embalagens de costeletas provenientes de Espanha mas que os perspicazes empresários espanhóis sabem que compraremos com muito mais facilidade se, em vez de espanhol, tiverem escrito ibérico.»



A maior obra de ficção de todos os tempos

João Miguel Tavares, Correio da Manhã

No outro dia estava com dificuldade em adormecer e decidi ler a maior obra de ficção publicada em Portugal nos últimos anos: o programa eleitoral do Partido Socialista.

Vejam o que encontrei na página 28: "Quanto às SCUT, deverão permanecer como vias sem portagem enquanto se mantiverem as duas condições que justificaram a sua implementação: (i) localizarem--se em regiões cujos indicadores de desenvolvimento sócio-económico sejam inferiores à média nacional; e (ii) não existirem alternativas de oferta no sistema rodoviário." Falta, evidentemente, o ponto (iii), que me ofereço desde já para acrescentar: "e (iii) desde que a situação económica não fique lixada ao ponto de a gente precisar desesperadamente de fazer umas massas dê lá por onde der."

Tenho cá para mim que hoje em dia as reuniões do Conselho de Ministros começam com José Sócrates a perguntar: "Meus senhores, há algum ponto do programa eleitoral do PS que nós estejamos a cumprir?" Se algum ministro levantar a mão e disser "sim senhor, na página 66 há um breve ponto sobre o combate à diabetes que neste momento corre o risco de se vir a tornar realidade", aí o primeiro-ministro intervém para repor a ordem: "Há uma reputação a manter, meus senhores. Acabem imediatamente com esse desvario."

Deixem-me esclarecer que não está aqui em causa a justeza das facadas no programa eleitoral do PS. As SCUT, na minha modesta opinião, nem sequer deveriam ter sido inventadas. Agora, não deixa de ser espantoso que José Sócrates tenha sido eleito com base em 120 páginas de patranhas, numa altura em que a crise mundial já estava por todo o lado. É isto que os portugueses têm de perceber. Ninguém precisa de escutas ou comissões de inquérito para concluir que o país chapinha em mentiras. Basta ler o programa eleitoral do PS.