sábado, 19 de abril de 2014

Aspectos da oposição do «bando de Argel» ao Estado Novo II


João J. Brandão Ferreira

Por razões judiciais tenho feito alguma pesquisa no arquivo do Ministério da Defesa, onde se encontra documentação muito interessante, infelizmente ainda longe de estar toda identificada e tratada.

Encontrámos uma miríade de transcrições de emissões de rádios estrangeiras algumas das quais possuíam programas preparados e emitidos por «exilados» portugueses que militavam em Partidos e organizações que lutavam contra o Regime Político instituído em Portugal, em 1933.

Ocorreu-me que seria interessante transcrever alguns trechos dessas emissões para os contemporâneos puderem avaliar o que então se dizia (e as queixas e «denúncias» que se faziam) – na substância e na forma – e poderem comparar com aquilo que se passou a seguir à «Revolução» do 25/4/1974 e com o que se passa hoje em dia.

Não farei comentários deixando a cada um retirar as suas conclusões.

Vou cingir-me à «Rádio Voz da Liberdade, órgão da «Frente Patriótica de Libertação Nacional» (FPLN), que emitia a partir de Argel, entre 1964 e 1974.[1]

Os dois principais (únicos?) locutores da Rádio Argel
eram Manuel Alegre e Estela Piteira Santos

Eis o 2.º texto lido em 23/10/1966, com o título «Uma Guerra Perdida».[2]

Na FPLN pontuavam
Piteira Santos, Tito de Morais e Manuel Alegre

«A SITUAÇÃO NA GUINÉ»

– o P.A.I.G.C. bombardeou quarteis com tiros de canhão.

Segundo uma notícia proveniente de Conakri, pela primeira vez as forças do P.A.I.G.C. bombardearam com tiros de canhão a vila de Bolama, e o campo entrincheirado de Empada, sendo destruídas numerosas instalações militares.

Já meses antes, tinham sido bombardeados a tiros de morteiro os campos fortificados de …. Guidage, Farim, Colopape (?), Ngore, Burumtuma, Canquelifá, Guiledje, Bedanda, Madina, Belifa e outros.

Trata-se de um grande passo em frente na luta de libertação nacional do povo da Guiné. Das acções de flagelação, das emboscadas, dos rápidos ataques de surpresa com armas ligeiras, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, passou a uma nova fase, passando a atacar as forças portuguesas no seu próprio reduto. Já não são apenas as minas, as armadilhas, já não se trata sequer de ataques efectuados com metralhadoras, e apoiados com tiros de bazuca. Trata-se de operações ofensivas de bombardeamento de quarteis com tiros de canhão ou de morteiro.

As tropas de ocupação deixaram de ter pela frente grupos de homens rudimentarmente armados, e passaram a ter que suportar os ataques conduzidos por um exército regular, disciplinado, treinado e armado, que conhece o terreno que pisa e que além disso, tem um moral e uma coragem diferentes, porque está a combater pela libertação da sua terra.

A situação na Guiné pode caracterizar-se da seguinte maneira: metade do território libertado, transformação da guerra de guerrilhas, que continua a ser preponderante, com operações de ataque frontal. As tropas de ocupação estão aquarteladas nos quarteis, e as operações ofensivas reduzem-se a acções em áreas reduzidas, e aos bombardeamentos efectuados pela Aviação sobre a população civil das zonas libertadas.

Os comandos salazaristas sabem que a guerra está perdida. Entretanto, para fazerem o jogo criminoso do ditado para ganhar tempo, vão exigindo sacrifícios inúteis aos soldados, que vão procurar a morte inútil de um número cada vez maior de soldados portugueses, e vão continuar a assassinar os guineenses que o fascismo diz defender.

Não é apenas um erro de cálculo político e militar. É um crime, um crime semelhante ao que Salazar quis cometer em Goa, exigindo o sacrifício do total das tropas portuguesas.

Mas, tal como em Goa, não há nada a fazer na Guiné. Tal como em Goa, qualquer sacrifício mais é inútil e, mais do que inútil, é um crime».

*****

A SITUAÇÃO EM ANGOLA

«Nos últimos três meses, o panorama da guerra colonial em Angola, sofreu duas alterações importantes: em primeiro lugar, o Movimento Popular de Libertação de Angola apresenta-se melhor organizado e com equipamento militar moderno, em três frentes de luta separadas por milhares de quilómetros: em Cabinda, nos Dembos e na região de Vila Luso.

As Forças Armadas Portuguesas foram obrigadas a dispersar-se e a baterem-se em terrenos e regiões que não conhecem bem (caso da região de Vila Luso), ou que conhecem demasiado bem, o que sucede nos Dembos, pelas amargas experiências que tem tido.

Em segundo lugar, o MPLA, e a Frente Nacional de Libertação de Angola (ex-UPA) estabeleceram há menos de uma semana, numa reunião efectuada no Cairo, acordos de cooperação que, a serem concretizados, podem vir a ter uma grande repercussão no progresso da luta de libertação do povo de Angola.

Angola, seis anos de guerra quase passados, regressa assim ao primeiro plano das preocupações salazaristas, impotentes para vencerem o povo angolano. Há cerca de um mês, um oficial que se encontrava na região de Vila Luso, escreveu-nos relatando o desespero dos soldados perante a crescente insegurança das FA portuguesas, cercadas por uma população hostil e mais esclarecida, e assediadas por guerrilheiros móveis e bem armados, dirigidos pelo M.P.L.A.

Os soldados portugueses, nem sequer no plano alimentar tinham uma situação defendida: há meses que os comandos lhe davam arroz e peixe estragado a todas as refeições. Entre diversas companhias, desenvolvia-se um largo movimento de protesto no sentido de levantamento de ranchos.

No plano militar, o isolamento, a vida em campos fortificados, impotentes perante ataques de morteiros, tornava-se cada vez mais difícil».

*****

A SITUAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

«Um comunicado divulgado ontem pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), anuncia que, em operações militares realizadas no fim de Setembro, morreram mais 34 soldados portugueses.

A crise que atravessa o colonialismo, e a guerra colonial salazarista em Moçambique, são já do domínio público. E mesmo em Moçambique que os comunicados de guerra se veem forçados a admitir mais baixas.

A imprensa suíça conservadora, a «Gazette de Lausanne», porta-voz salazarista, confessava há semanas que o governo e a guerra coloniais atravessavam uma profunda dificuldade em Moçambique, e que estava em estudo um plano que desde já previa o abandono de toda a região do norte do Zambeze, já que as províncias de Cabo Delgado e Niassa, pela reduzidíssima penetração civil e militar portuguesa, não eram defensáveis.

Dias depois, a imprensa mundial anunciava o que a imprensa salazarista calava: a pressão pela PIDE, do governador da província de Manica e Sofala. Assim, um ano de guerra passado, a situação adensa-se para o colonialismo português, e para os soldados e militares portugueses que lá são forçados a combater. As medidas repressivas, as bombas de napalm, os campos de concentração, com milhares de moçambicanos presos, os julgamentos – farsa dos intelectuais moçambicanos, os assassínios por agentes da PIDE, de dirigentes da FRELIMO, como Jaime … (falha), morto há meses na Zâmbia, não conseguiram deter o movimento de libertação do povo moçambicano.

Pelo contrário, hoje é difícil continuar afirmando que se trata de acções terroristas fabricadas no exterior, quando as forças portuguesas têm de combater, a centenas, a mais de mil quilómetros dentro de Moçambique, quando há extensas regiões libertadas, e administrativamente dirigidas pela FRELIMO, com escolas e serviços de saúde.

A acção do povo moçambicano pela sua independência, a organização e o armamento das forças da FRELIMO, são bem diferentes daquela caricatura que o governo nos quis servir, de tribos primitivas. Hoje as pretensas tribos primitivas abatem aviões, e estão em condições de dizimar companhias inteiras».

*****

COMO RESISTIR À GUERRA

«Militares portugueses, o sacrifício que Salazar vos exige, é cada vez maior, e cada vez mais inútil. Nos quarteis de Portugal, antes de partir para as colónias, ou mesmo no meio da guerra, na Guiné, em Angola e em Moçambique, é possível resistir, é possível lutar contra a guerra, é possível não fazer a guerra.

Se vos encontrais ainda em Portugal, recusai-vos a partir, resisti ao embarque, organizai deserções colectivas, que cada companhia, cada grupo, cada esquadrão, se recuse a embarcar.

Resisti dentro e fora dos quarteis, se for preciso, ocupai os quarteis. Unidos, sólidos, invencíveis, ninguém vos poderá embarcar à força, se vos mantiverdes firmes, unidos e dispostos a resistir.

Parti em grupos para as vossas terras. Chamai o povo das vossas terras a defender-vos. Contai ao povo que não quereis servir de carne para canhão numa guerra perdida, ao serviço dos interesses da dominação estrangeira.

O vosso lugar é em Portugal. Não vos deixeis embarcar. Vale mais lutar em Portugal pelo direito à vida e à liberdade, do que ir morrer em África por meia dúzia de monopólios.

Mas, se vos encontrardes nas colónias, mesmo lá é possível resistir, é possível desertar e, em certas circunstâncias, é mesmo possível a revolta. Procurai contacto com os movimentos nacionalistas. Por acordos estabelecidos com a Frente Patriótica de Libertação Nacional, os movimentos nacionalistas acolher-vos-ão, e pôr-vos-ão em contacto connosco. Desertai em grupos ou individualmente. Se vos exigirem a partida para uma morte certa, recusai-vos a combater, revoltai-vos. Se vos não for possível fazer mais nada, fazei a resistência passiva. Deixai-vos ficar perto dos quarteis e acampamentos, sem vos arriscardes no meio do mato, sem expor inutilmente as vossas vidas. Não ataqueis quem não vos ataca. Os altos comandos que vão fazer a guerra. Eles que se arrisquem.

Militares portugueses, a Voz da Liberdade não vos mente. A guerra está perdida. O governo exige o vosso sacrifício para nada, apenas para ganhar tempo, apenas para que alguns monopólios arrecadem os lucros dos capitais investidos. Nós não queremos uma juventude estropiada, não queremos mais mortos inúteis, não queremos que os jovens da nossa terra continuem a sacrificar-se por uma guerra injusta e perdida. A Voz da Liberdade, militares de Portugal, é a vossa voz. E a Voz da Liberdade diz-vos: poupai as vossas vidas. Não vos deixeis embarcar. Resisti. E desertai. Revoltai-vos. A nossa Pátria é Portugal. E Portugal está a saque. É em Portugal que temos de lutar pelo direito à vida, á liberdade, pela independência da nossa Pátria».



[1] Recorda-se que a Argélia tinha ascendido à independência, em 1962, depois de uma longa e cruenta guerra com a França. A Argélia tinha um regime político de partido único de inspiração marxista, cujo 1.º presidente foi Ben Bella. Assumia-se como um país do «Terceiro Mundo» vindo, mais tarde, a situar-se na órbitra da extinta URSS. A FPLN tinha lá o seu «quartel- general», desde 1962 e o principal apoio. Na FPLN pontuavam Piteira Santos, Tito de Morais e Manuel Alegre. A «Rádio Voz da Liberdade» era um dos seus principais instrumentos e os dois principais (únicos?) locutores eram Manuel Alegre e Estela Piteira Santos.

[2] Arquivo do MDN, Fundo 5/23/81/16.





quinta-feira, 17 de abril de 2014

Como tudo isto funciona…



Ver em:

https://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=YxwErypWebE





Clique no crime que quer ler... (421-450)
(continua)


421. – QUEM GERE ESTE PAÍS?
422. – Quer ganhar 16 milhões em menos de 10 minutos?
423. – Recebem milhares de euros só por comparecer a reuniões...
424. – REFORMADOS MILIONÁRIOS esgotam os fundos, na Suíça é diferente...
425. – Reformas de luxo em ascensão. 5.448 reformados de luxo...
426. – Reformas de luxo estão ao rubro. A injustiça social...
427. – Reformas milionárias, Jardim tem reforma de 167 mil
428. – Regabofe na Madeira. 3 Milhões em enfeites de Natal...
429. – REGALIAS SEM SENTIDO NA TAP E OUTRAS EMPRESAS
430. – Restrições só para os Pobres. Há que poupar os ricos...
431. – Roubar a segurança social. Arriscar dinheiro público...
432. – ROUBAR PORTUGAL SEM DÓ NEM VERGONHA
433. – Roubo e extorsão dos cidadãos, para apoiar parasit...
434. – RTP oferece o seu único rendimento ás privadas,
435. – Rui Pedro Soares, o inocente ...ou não.
436. – Sacrifícios das fundações parasitas.
437. – Salários antes e depois de cursar a carreira de Boy...
438. – Santana Lopes não cumpre, o povo paga.
439. – SAQUE E EXTORSÃO NAS SCUTS E NOS JUROS AO ESTADO.
440. – Se o governo fizesse justiça…
441. – Secretário de estado adjunto acha as misérias anedotas...
442. – Secretário de Estado aumenta assessor em dois mil euros ...
443. – Sector das comunicações sai caro! 
444. – Seixal endividado mas mal governado...
445. – Selecção portuguesa já está em primeiro lugar,
446. – Sempre a criar leis para albergar mais Boys,
447. – Ser pobre é perder cada vez mais direitos...
448. – Ser politico é ter rendimentos antes de o ser,
449. – Será o pior Natal dos últimos 32 anos.
450. – Será que água da torneira do parlamento provoca a doenças...





quarta-feira, 16 de abril de 2014

A verdadeira história de Aristides Sousa Mendes


O embaixador Carlos Fernandes é um homem de elevada cultura e detentor de um currículo impressionante. Diplomata de carreira, foi também professor universitário e tem uma vasta obra publicada. Conheceu Aristides Sousa Mendes e, cansado de ler e ouvir tão abundantes como mirabolantes fantasias a seu respeito, decidiu escrever o livro «O Cônsul Aristides Sousa Mendes. A Verdade e a Mentira» para repor a verdade histórica, sem deixar de evidenciar a sua simpatia pessoal por Aristides. O jornal Diabo foi recebido em casa do embaixador e entrevistou-o.

O Diabo – O seu livro está a ter um grande sucesso?


Embaixador Carlos Fernandes – Sim, é notável. Mal saiu tive imensos telefonemas e pedidos de livrarias. A primeira edição esgotou rapidamente. A segunda edição estará disponível esta semana. Muita gente me tem contactado para saber onde pode adquiri-lo. Normalmente indico a Livraria Apolo 70, em Lisboa, mas já tive pedidos de outras livrarias. Isso significa que as pessoas têm interesse no tema... As pessoas andavam adormecidas. O português é assim, anda calado até que um dia explode. Ninguém quer ondas e deixa andar, até que há um dia em que as pessoas dizem que «a galinha é gorda demais».

O seu livro é principalmente uma contestação ao livro de Rui Afonso?
Exactamente. É um livro de História, completamente imparcial (se alguém achar que não é, que me diga que eu corrijo), não é a favor de ninguém, nem contra ninguém. Também não me meto na vida privada do Aristides – acho que as pessoas não se devem meter na vida privada dos outros – até porque ele teve uma vida muito complicada.

Conheceu Aristides Sousa Mendes, como era a sua relação com ele?
Nada me move contra o Aristides, pelo contrário. Conheci-o num período muito difícil da vida dele e depois ajudei dois dos seus filhos. Um, o Geraldo, a quem fiz a prova escrita de concurso para o Ministério, mas ele não era capaz. Nem ele nem o filho do secretário-geral, que estavam juntos. O Rui Afonso diz que o filho foi perseguido. O filho do secretário-geral também foi? Também ajudei outro filho, o Sebastião, em Nova Iorque.

Há quem ponha Aristides Sousa Mendes
como uma questão de esquerdas e direitas... 
Quem vir a coisa assim vicia a solução à partida. Até porque ele era da extrema-direita. Era monárquico da extrema-direita e por isso foi para Vigo como cônsul político. Há uma carta dele, que eu publico em anexo no livro, em que ele se gaba de ter perseguido os políticos vencidos no 28 de Maio. É triste, essa carta... Nunca ninguém a publicou.

Como foi possível a construção do mito de Aristides Sousa Mendes?
Eles pensavam, naturalmente, que ninguém apareceria a contar a verdade.
Mas deviam saber que eu não poderia ficar calado.






terça-feira, 15 de abril de 2014

Aspectos da oposição do «bando de Argel» ao Estado Novo I


João J. Brandão Ferreira

Por razões judiciais tenho feito alguma pesquisa no arquivo do Ministério da Defesa, onde se encontra documentação muito interessante, infelizmente ainda longe de estar toda identificada e tratada.

Encontrámos uma miríade de transcrições de emissões de rádios estrangeiras algumas das quais possuíam programas preparados e emitidos por «exilados» portugueses que militavam em partidos e organizações que lutavam contra o regime político instituído em Portugal, em 1933.

Ocorreu-me que seria interessante transcrever alguns trechos dessas emissões para os contemporâneos puderem avaliar o que então se dizia (e as queixas e «denúncias» que se faziam) – na substância e na forma – e poderem comparar com aquilo que se passou a seguir à «revolução» do 25/4/1974 e com o que se passa hoje em dia.

Não farei comentários deixando a cada um retirar as suas conclusões. Vou cingir-me à «Rádio Voz da Liberdade, órgão da Frente Patriótica de Libertação Nacional» (FPLN), que emitia a partir de Argel, entre 1964 e 1974.[1]




Eis o 1.º texto, lido em 11/9/1965, com o título
«Portugal é um País Dependente».[2]

«O terror imposto pelos monopolistas nacionais, ligados a imperialistas estrangeiros, colocou o nosso País numa posição humilhante de dependência perante esses mesmos estrangeiros.

O Portugal de hoje já não é nosso. É daqueles poucos que sobre a miséria do nosso povo e de outros povos, exploram, constroem as grandes fortunas que os tornam influentes e poderosos.

Esta é uma verdade que não receia desmentido. Esta é uma verdade que nos propomos continuar a demonstrar. E assim falamos hoje do sector económico que diz respeito à electricidade.

Entre nós, esta actividade básica da nossa economia está dividida em dois grandes ramos – o da produção e da distribuição da energia eléctrica.

Não vale a pena esquematizar, basta dizer-se que na produção, quer hidráulica quer térmica, existem bastantes companhias ….. em dois principais grupos com ligações entre elas – um dominado pela Companhia Hidro-Eléctrica do Norte, e outro na dependência da Companhia de Gaz e Electricidade de Lisboa.

A CENOF (?) controla e domina a Companhia Eléctrica do Alentejo e do Algarve, a Companhia Eléctrica das Beiras e a Hidro-Eléctrica do Cávado e, ainda, a Hidro-Eléctrica de Portugal. As Companhias Reunidas de Gás e Electricidade têm debaixo da sua alçada a Hidro-Eléctrica do Zêzere e a Hidro-Eléctrica do Alto Alentejo.

A Termo-Eléctrico Portuguesa está…. De muitas outras empresas já citadas além ……

Claro que não podiam lá faltar a CENAF (?) e as Companhias Reunidas de Gás e Electricidade.  A distribuição da energia eléctrica em Portugal foi dada em exclusivo à chamada Companhia  Nacional de Electricidade.

Neste potentado estão presentes todas as companhias já citadas e como é evidente nestas andanças dos jogos monopolistas, lá estão também as companhias dominantes…. E as companhias reunidas de Gás e electricidade.

Isto equivale a dizer-se que estes dois monopólios controlam a produção e a distribuição de energia eléctrica em todo o país e o que é mais, ditam os preços por que essa mesma energia é vendida aos consumidores.

Mas perguntar-se-á, são empresas independentes da nefasta influência estrangeira?

Constituem, por acaso, uma actividade prática daquele nacionalismo que os fascistas tanto apregoam? Ou serão antes pontas de lança de grandes monopolistas estrangeiros mais poderosos do que eles e que através deles exploram o povo português?

Como iremos ver, de nacionalistas nada têm. O que de resto está de acordo com a política antinacional do governo que eles defendem e sustentam no poder. Governo de traição à Pátria.

Vejamos pois o que é a CENOF (?). É um centro de monopolistas em Portugal e que através do Banco Português do Atlântico está ligado à ….. (nomes de vários bancos estrangeiros que não foi possível identificar).

Quando as Companhias Reunidas de Gás e Electricidade estão ligados a….(mais nomes de bancos estrangeiros).

Isto é uma pequena amostra…..(falha).

Esta uma das razões que explica o facto de terem sido construídas barragens e terem aumentado os preços do quilovátio. Por outro lado, como os monopolistas pretendem recuperar o mais possível os capitais investidos, esta também é uma das causas do elevado preço do custo do consumo de energia eléctrica no nosso País.

O programa da FPLN prevê a nacionalização de todos esses sectores básicos da economia nacional. Esse é o caminho seguro para uma verdadeira independência de Portugal. E se presentemente somos dependentes, por traição do fascismo, a revolução que temos que fazer é uma revolução democrática e nacional.

Democrática porque é antifascista. Nacional porque é anti-imperialista.

Portugueses, uni-vos em luta contra o fascismo. Uni-vos na luta por uma verdadeira independência nacional.

Portugal para os portugueses. Portugal para os portugueses.»

Manuel Alegre
Piteira Santos
Tito de Morais
[1]  Recorda-se que a Argélia tinha ascendido à independência, em 1962, depois de uma longa e cruenta guerra com a França. A Argélia tinha um regime político de partido único de inspiração marxista, cujo 1.º presidente foi Ben Bella. Assumia-se como um país do «Terceiro Mundo» vindo, mais tarde, a situar-se na órbita da extinta URSS. A FPLN tinha lá o seu «quartel- general», desde 1962 e o principal apoio. Na FPLN pontuavam Piteira Santos, Tito de Morais e Manuel Alegre. A «Rádio Voz da Liberdade» era um dos seus principais instrumentos e os dois principais (únicos?) locutores eram Manuel Alegre e Estela Piteira Santos.

[2]  Fundo 5/23/79/12, do Arquivo MDN.



NOSSO COMENTÁRIO:

Neste filme, onde é que entrarão a «antimonopolista» EDP, a «democrática» taxa audiovisual, o «desinteressado» Mexia e os «nacionais» chineses?





segunda-feira, 14 de abril de 2014

Em vias de extinção


Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

Quase todas as notícias nacionais têm que ver com a situação económica e financeira do país. Os políticos parecem ter confundido o Orçamento Geral do Estado com a Constituição e reduzido a própria sociedade a um mercado, onde tudo se compra e vende.

É verdade que não se governa um país, nem uma casa, sem ter em atenção esses índices, que são indispensáveis para a boa governação doméstica e nacional. Mas uma família sã é mais do que uma despensa farta, como o bem comum, a que deve tender o exercício do poder político, também não se limita ao imprescindível acerto das contas públicas. Mesmo que, em país ou casa sem pão, todos ralhem e ninguém tenha razão.

Portugal corre sérios riscos de extinção. Não por causa da delicada situação económica e financeira que atravessa, mas por falta de população. A taxa de natalidade do nosso país é das mais baixas da Europa, muito inferior ao mínimo necessário para garantir a reposição das gerações e a sustentabilidade dos serviços de saúde, pensões e de segurança social.

Contudo, o Estado subsidia generosamente a interrupção voluntária da gravidez e aposta, suicidariamente, numa política antinatalista e contrária à família. Em Portugal prevalece, em termos práticos, a cultura da morte: apoia-se mais o aborto do que a vida, prefere-se a contracepção à natalidade.

Assim sendo, não estranha que se fechem as maternidades e, depois, as escolas. Mais tarde, as universidades ficarão desertas e, por fim, o país. A questão já não é prever a evolução da economia nacional nos próximos anos, mas saber se, por este andar, Portugal não será, em breve, terra de ninguém.





domingo, 13 de abril de 2014

As senhoras SS estiveram distraídas?


Heduíno Gomes

Os jornais noticiaram que, no ano de 2013, houve menos crianças internadas em instituições.

Significa isto que as senhoras da Segurança Social e o IAC da D. Manuela Eanes estiveram distraídas e não cuidaram devidamente do seu ganha-pão, permitindo um rombo no seu complexo social-industrial.


Ó minhas senhoras da SS, inventem lá mais umas violações dos direitos das crianças!