sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Dia da Infantaria e o discurso que não houve

João José Brandão Ferreira

Comemorou-se mais uma vez – e resta saber até quando se irá comemorar – o 14 de Agosto, dia da Infantaria e aniversário da Batalha de Aljubarrota, onde se evoca o patrono da Arma, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, em boa hora santificado por S. Santidade o Papa Bento XVI.

Quase ninguém deu pela data (nem sequer a população de Mafra, onde se realizou a cerimónia) e os poucos que deram, foi porque o Ministro da Defesa (MDN) foi lá e alguns jornalistas foram no seu encalço.

Cerimónia militar digna, certinha e austera, com um bom discurso do Director Honorário da Arma, Tenente General Vaz Antunes e a ausência das “patrulhas Nun’Àlvares” (uma competição desportivo/militar entre representantes de todas as unidades de Infantaria), por … já não haver verba.

Ler mais em:
 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O fim de nós, tal qual somos e fomos

João José Brandão Ferreira

“As únicas nações que têm futuro, as únicas que se podem chamar históricas, são aquelas que sentem a importância e o valor das suas instituições e que, por conseguinte, lhes dão apreço”
                                                                                                                                Tolstoi 

Bem se podia aplicar a frase de Tolstoi ao que se tem passado recentemente (um recentemente que tem 35 anos…) com as Forças de Segurança e, sobretudo, com as Forças Armadas. Mas não é sobre este tema específico que vamos hoje, elaborar.

Comecemos com uma pergunta: pode-se dizer, hoje em dia, que o Benfica é uma equipa “portuguesa”, quando não apresenta um único jogador português, em campo? E sobre o Beira-Mar, comprado, recentemente, por um empresário iraniano?

E que dizer da selecção nacional que só pode ter jogadores nacionais, mas a equipa técnica pode ser toda estrangeira? E vale fazer batota, indo nacionalizar jogadores, à pressa, para os incluir no onze das Quinas. Isto faz algum sentido? Pelos vistos faz…

Já há, em vários municípios europeus, autarcas que são emigrantes – não naturalizados – nomeadamente em localidades onde a maioria é emigrante. Ainda não chegou cá, mas é uma questão de tempo. Estaremos no bom caminho?

Outro dia, creio que no ano passado, surgiu a ideia do “Erasmus Militar” e logo nos deslumbrámos, querendo estar na linha da frente, para o que até se organizou um colóquio na Academia Militar, sobre o assunto. Os responsáveis terão reflectido bem sobre o que isto quer dizer e suas consequências? Aliás, ainda poucos saberão, mas o governo alemão prepara-se para permitir que sargentos e oficiais de outros países da NATO/UE possam candidatar-se (concorrer?) a desempenharem as mesmas funções nas suas FAs. Qual o verdadeiro significado de tudo isto? Exigirão reciprocidade?

O actual Ministro da Economia, num livro que escreveu, põe a hipótese – querendo ironizar, supõe-se – que a Madeira possa vir a ser independente. Logo a ideia foi glosada por muitos, num estilo irresponsável, como se tivessem a falar de ir beber um copo com os amigos. O Dr. Jardim devia, também, meter a mão na consciência para avaliar as responsabilidades que tem neste cartório.

Os exemplos multiplicam-se.

As pessoas andam a viver tão depressa, são bombardeadas com tantos assuntos, a complexidade da vida e das relações internacionais atingiu tal ponto, que ninguém tem tempo para pensar, ou sequer quer. As asneiras só poderão acumular-se! Mas, perguntarão, porque estarei, eu, preocupado com tudo isto se já temos a “Troika” a mandar em nós?

Sim, porque agora o Governo – aqueles que, “supostamente” foram eleitos por nós – não presta contas ao Parlamento e ao PR – e se presta é igual ao litro – mas sim à dita Troika.

Já é uma vergonha termos que pedir dinheiro emprestado no montante e no modo como foi feito. Mas é vergonha maior, aceitarmos condições para que esse empréstimo fosse feito, condições que implicavam não só, a discriminação do que tínhamos que fazer, mas também os prazos que tínhamos que cumprir e o tipo de fiscalização a que nos obrigavam a submeter.

Por mais voltas que possamos dar à imaginação isto só tem um nome: falta de dignidade. Portámo-nos como vassalos medievos e assumimo-nos como “escravos” modernaços!

E há, até, quem ache muito bem, alegando que nós não somos capazes de nos governar… Como se isso fosse uma razão aceitável!

Em 1928, última ocasião em que fomos confrontados com um cenário semelhante – sendo então a Sociedade das Nações, quem fazia o papel, de FMI e BCE – o governo português recusou a ignomínia. Parece que havia gente com vergonha na cara…

Hoje em dia, constata-se que as pessoas desde que possam ir apanhar sol para o Algarve ficam na maior…

Na sequência de tudo isto, os políticos em exercício, vão colocar todas as jóias de família à venda a preços de saldo. Já começou com a trapalhada mal contada do BPN e parece que só acabará na privatização da … água. Adjectivar adequadamente semelhante acto obrigava-nos a incorrer no Código Penal, pelo que espero que os leitores compreendam que o não faça.

Pois é, tudo é negócio…

O Estado Português está a deixar (há muito) de ser a expressão da Nação politicamente organizada – definição clássica e correcta – para passar a ser os “plutocratas organizados” em (no) Estado.

Nunca sairão de lá a bem. Nisso são iguais aos comunistas e afins.

Que São Nuno de Santa Maria nos acuda, pois quanto a vivos parece que estamos conversados.