sábado, 12 de setembro de 2015


O romantismo voltou


Vasco Pulido Valente, Público, 11 de Setembro de 2015

Vinte e cinco anos depois da queda do Muro, o romantismo político voltou. Para ficar.

A gente vária e geralmente analfabeta que manda na televisão e nos jornais decidiu que o debate entre o dr. António Costa e Passos Coelho seria decisivo para a campanha e, naturalmente, para a eleição. Claro que não foi. Foi um espectáculo no Museu da Electricidade, caótico e repetitivo, que não «esclareceu» ninguém.

Cada um dos candidatos representou a personagem que lhe estava destinada – António Costa a de chefe popular com um programa debaixo do braço e de quando em quando uma ocasional berraria; e Passos Coelho a de estadista paciente e sereno que mete na ordem um secretário de Estado incómodo. Os portugueses parece que gostaram mais de Costa do que de Coelho, porque detestam a autoridade e gostam de lhe assobiar às canelas do outro lado da rua.

Do essencial não se falou. António Costa não se permitiu explicar com que dinheiro vai emendar as desgraças do seu pobre país – ponto que também não interessou aos jornalistas que alegadamente «dirigiam» o debate. E Passos Coelho também não se deu à excessiva franqueza de nos confessar o que se propunha fazer do país nos próximos quatro anos. Nada disto espanta. Os portugueses só têm uma pergunta na cabeça: vamos ficar pior com o dr. Costa ou com Passos Coelho? Pelas cenas do Museu da Electricidade, ficou a impressão de que o público que gosta de engenharia social (e Costa levou rolos de papel com os planos todos) simpatizou mais com a aventura tradicional da esquerda: a de partir alegremente com um mapa errado para sítio incerto. Em compensação, a horrenda espécie de criaturas que não se mete em sarilhos sem contar o dinheiro muito provavelmente preferiu Passos.

Acabado este intermédio, que pouco se distinguiu do concerto de uma banda qualquer, a zaragata irá continuar. Os candidatos e a sua tropa pregarão a sua mezinha, insultarão o próximo e, jurando que não prometem, continuarão como de costume a prometer, perante a indiferença do cidadão comum. O grosso do eleitorado ficará em casa, olhando com indiferença o desvario do pequeno bando que nos quer governar. Nós, por acaso, sabemos que o protectorado de Bruxelas não acabou e que uma crise nos mercados financeiros pode arruinar num minuto os mais perfeitos sonhos de homens e de ratos. Vinte e cinco anos depois da queda do Muro, o romantismo político voltou. Para ficar.





sexta-feira, 11 de setembro de 2015


Passos e Costa, o ouriço e a raposa


Rui Ramos, Observador, 11 de Setembro de 2015

Passos Coelho sabe uma grande coisa, António Costa sabe muitas pequenas coisas. O que é que convém ao país?

Ainda se lembram do debate de anteontem? Talvez não. Mas deu jeito a variadas famílias, na véspera, antecipá-lo como um duelo decisivo, não só porque as televisões pretendiam recordes de audiência, mas porque, após tantas sondagens tecnicamente empatadas, até teria a sua graça haver um desempate. Por tudo isso, houve mesmo que inventar um vencedor na noite, e esse vencedor foi, de acordo com um compreensível princípio de justiça, quem mais necessidade tinha de vencer: António Costa. Na manhã seguinte, porém, a vitória já não parecia tão clara. Como as flores de certas plantas raras, não durou uma noite.

Ganhar um debate, para quem precisa de ganhar de qualquer maneira, não é complicado: basta fazer o indispensável para que a claque se sinta à vontade ao clamar vitória. Há um truque: estar sempre ao ataque, disparar sobre tudo, não parar de chutar à baliza. Nem é preciso acertar: basta mostrar agitação. Foi o que Costa fez, aproveitando, aliás, a previsível opção de Passos pela impassibilidade do estadista. Costa não teve escolha: depois de tantos azares de pré-campanha, sentiu certamente que o PS lhe estava a escapar. O modo exasperado como procurou marcar pontos no debate é talvez a prova mais clara da sua fraqueza.

Entretanto, o país, pela voz dos seus comentadores, declarava-se pouco «esclarecido». O facto é que a situação do país é tal que uma hora de debate nunca seria suficiente para o «esclarecer». Em 2011, quando veio a troika, já levávamos dez anos de crise: desde 2001 que havia défices excessivos, que a economia divergia da Europa, que o desemprego subia, e que o endividamento aumentava. Daí, aliás, a austeridade de Manuela Ferreira Leite em 2002-2004, e os PECs de Sócrates. Nada começou em 2011, e também nada vai acabar em 2015. Tal como em ajustamentos anteriores, pagámos mais impostos e exportámos mais. Mas os problemas não parecem resolvidos, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, em 1986, depois do programa do FMI de 1983-1985. Por isso, talvez para muitos portugueses não seja claro se devem continuar com quem executou o ajustamento, ou dar uma oportunidade a quem esteve contra.

Passos Coelho fez do ajustamento a sua «missão». Durante quatro anos, aguentou tudo, não se foi abaixo, mesmo quando muitos à sua volta perdiam a coragem. Convenceu-se que era fundamental recuperar o crédito, o que só podia ser conseguido em colaboração com os credores no quadro da União Europeia. Em 2011, pouca gente acreditara na viabilidade do ajustamento. O sucesso, até por inesperado, impressionou: fez o PSD e também o CDS aceitarem a «missão» de Passos. Hoje, os anti-passistas da direita estão isolados, ou em trânsito para o PS. Passos pode permitir-se ficar no mesmo sítio, sem variar os temas nem levantar a voz.

António Costa vive outra vida. A sua expectativa, o ano passado, era ser acolhido consensualmente. Não o foi. Viu-se forçado a andar pelos mais variados caminhos e atalhos. Aproximou-se e afastou-se do Syriza. Arranjou Nóvoa, mas também Centeno. Grita contra a «austeridade», mas quer parecer responsável. Precisa de se distanciar de Sócrates, mas não o pode renegar. A sua guerra tem duas frentes: de um lado, o PCP, o BE e os novos radicais disputam-lhe o voto de esquerda; do outro, o governo compete pelo voto de «centro». Pior: o próprio PS é um baralho de correntes opostas e de facções quase incompatíveis. Tudo isso significa, para Costa, uma ginástica tremenda. Precisa de ser e dizer demasiadas coisas.

O debate desta semana confrontou assim duas maneiras de ser. De um lado, Passos Coelho, mais ou menos rígido e solene, avesso a aventuras, preocupado em lembrar o que lhe parece essencial, com muitas explicações, embora por vezes sem eloquência nem rasgo, como durante a segunda parte do debate. Do outro lado, António Costa, cheio de artes e de artimanhas, desesperado, e portanto disposto a tudo, mas frequentemente sem critério, como durante a primeira parte do debate, em que não evitou o ridículo («foi o PSD quem chamou a troika!»).

Isaiah Berlin, inspirado por um velho adágio grego, dividiu um dia os intelectuais em ouriços e raposas: a raposa sabe muitas pequenas coisas, mas o ouriço sabe uma grande coisa. Passos sabe uma grande coisa, Costa sabe muitas pequenas coisas. Uma das questões para os portugueses é saber se, neste momento, lhes convém mais um ouriço ou uma raposa.






quinta-feira, 10 de setembro de 2015


A justiça europeia e nacional

e a eliminação de espaços de impunidade


António Delicado, Jornal Sol, 9 de Setembro de 2015

Parafraseando Beccaria, um importante pensador do século XVIII, o combate à impunidade não deve basear-se tanto na dureza das penas mas na certeza da aplicação das mesmas, ainda que sejam moderadas. Isso será mais eficaz na prevenção do crime do que o temor de uma pena mais severa, quando a mesma se encontra associada a uma esperança razoável de impunidade.

É assim com a criminalidade comum e é talvez ainda mais assim com a criminalidade de colarinho branco, nomeadamente a corrupção. E, quanto mais rápida for a aplicação da sanção, mais justa, útil e eficaz será.

No século XIV, mais precisamente em 1360, foi assinado o primeiro tratado de extradição português. Celebraram-no o rei D. Pedro I de Portugal e o rei D. Pedro I de Castela, visando Portugal obter nessa altura a extradição dos dois assassinos de D. Inês de Castro.

A extradição é um instrumento que responde a uma evolução histórica e a uma apurada necessidade humana de concretização da justiça criminal num plano internacional, sendo também um instrumento em constante evolução.

Foi o que aconteceu nos planos nacional e europeu, onde obteve importantes reconfigurações em tempos recentes. Giscard d’Estaing, no Conselho Europeu de Bruxelas de 1977, tentou impulsionar a criação de um espaço jurídico europeu, tendo proposto, nomeadamente, a celebração de um tratado tendo em vista uma extradição automática, uma ideia que baseou também a adopção do agora já célebre mandado de detenção europeu (MDE).

Este passo significou um salto de gigante no espaço europeu, em especial pelo seu impacto sério na efectiva realização da justiça, apesar de a sua concretização se ter registado apenas com o 11 de setembro de 2001.

O facto de o MDE ser considerado a joia da coroa da justiça criminal europeia baseia-se precisamente na noção de que se trata de um instrumento que respondeu ao conjunto de necessidades apresentado pelo seu tempo.

Também por isso nos parece que temos base suficiente para que nos empenhemos, enquanto País e enquanto Europa, na efectiva implementação das soluções que vimos aprovando ao longo dos últimos anos e na concretização das soluções visadas nos Tratados, como é o caso da Procuradoria Europeia, que o Tratado de Lisboa estabeleceu que pode ser criada, nomeadamente, para combater as infracções lesivas dos interesses financeiros da União Europeia.

A Procuradoria Europeia poderá consistir num dos melhores investimentos que, num quadro de apreciação de custo/benefício, poderemos fazer, uma vez que está em causa a protecção de centenas de milhões de euros do orçamento da União Europeia face a fenómenos de fraude, corrupção e outras infracções, que colocam também em perigo o Estado de direito, a confiança dos cidadãos nas instituições e o desenvolvimento económico e social.

A Procuradoria Europeia, para além do seu significado político e institucional, permitirá uma intervenção mais assertiva no combate ao crime financeiro internacional e a outra criminalidade organizada. Consiste numa resposta que se exige para os tempos de hoje, nomeadamente pelo potencial de aumento de controlo e de diminuição das esperanças de impunidade. Eliminemos estes espaços e façamos justiça.






Sentimentalismo caro


Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 6 de Setembro de 2015

Talvez não fazer nada, hoje, seja um dia meio caminho andado para uma morte precoce

Quando redobraram as notícias sobre multidões que fogem para a Grécia e para a Europa em geral, pensei tratar-se de uma falha – nas notícias ou no GPS das multidões. Afinal, estivemos meses a aprender que na Grécia, e na Europa em geral, se vivia uma tragédia humanitária nunca vista. Contra todas as expectativas, havia tragédias assaz maiores já ali ao lado. E os que lamentavam a devastadora austeridade que nos caiu em cima são os mesmos que agora exigem a partilha da nossa ofensiva abundância com os desafortunados do Médio Oriente e de onde calha. De súbito, a Europa tornou-se rica e repleta de empregos, alojamentos decentes, mesas fartas, privilégios sem fim. É o lado bom da crise dos refugiados.

O lado mau é que os corpos dos refugiados, vivos ou mortos, continuam a dar à costa. Vale que a reacção dos europeus se revela de fulgurante utilidade: correr para o Facebook a partilhar a fotografia do cadáver de uma criança estendido na praia e a criticar a passividade da Europa. Ou a indiferença dos governos. Ou a desumanidade de um destinatário genérico que naturalmente exclui o próprio – e heróico – indignado em causa. Parece um concurso para apurar qual é o cidadão mais piedoso.

Por falta de candidatos, não é de certeza um concurso para apurar qual o cidadão que abriria as portas de casa ao maior número de refugiados. Descontadas as «dezenas» de voluntários de que falam as notícias, não vi muitas almas sensíveis passarem da sensibilidade à prática e afirmarem-se disponíveis para albergar, por um período transitório, dois sírios ou quatro curdos no quarto das traseiras. Possivelmente os refugiados perturbariam o sossego do lar, essencial para se alinhavar no Facebook manifestos de extrema preocupação com o destino dos refugiados. Esta atitude traduz a típica bravura moral de quem subscreve petições pelos pobres e não se digna olhar o mendigo que o interpela na rua. Ou de quem chora os «cortes» no SNS e não visita o amigo doente. Ou de quem protesta as touradas e não abriga um cão vadio. O sentimentalismo sem compromisso preza a higiene. E é, desculpem lá, uma treta.

Mas houve pelo menos um português que saltou por cima das tretas e foi directamente ao assunto: o combate ao Estado Islâmico. A Sábado desta semana entrevista Mário Nunes, o militar de 21 anos que desertou da Força Aérea para, ao longo de quatro meses, lutar contra os jihadistas na Síria. Porquê? Porque prefere «morrer a não fazer nada». É maluco? Deve ser. Sensatos são os que ficam pelas ditas «redes sociais», a repousar as consciências e a responsabilizar uma vaga Europa pelos refugiados que a Europa real acolhe, sabe Deus a que preço. Talvez não fazer nada, hoje, seja um dia meio caminho andado para uma morte precoce. Ou pior, dadas as carências do islão imoderado em matéria de compaixão.





terça-feira, 8 de setembro de 2015


Vamos lá trocar umas ideias sobre o assunto


Helena Matos, Observador, 6 de Setembro de 2015

As causas estão para os enfastiados europeus como os brinquedos para as crianças mimadas. Depressa mandarão os refugiados sírios para o baú onde estão o leão Cecil mais as primaveras árabes.

Qual assunto? Os refugiados. Entendamo-nos: o número de pessoas que está a chegar à Europa é ínfimo. Há quarenta anos, em Setembro de 1975, quatro mil portugueses provenientes de Angola desembarcavam diariamente nos aeroportos da Portela e Pedras Rubras. Portugal, um pequeno país viu chegar, entre 1974 e 1976, mais de meio milhão de pessoas às quais nunca reconheceu o estatuto de refugiados. Chamou-lhes retornados.

À época não vimos fotografias das crianças mortas, que as houve, nem das mulheres violadas, nem dos condutores queimados vivos. Vimos alguns corpos, geralmente de negros, amontoados nas ruas de uma Angola a sossobrar na guerra. E, claro, tivemos depois as imagens de gente amontoada no aeroporto, dos bebés de biberon na boca a entreter o sono e dos caixotes em frente ao Tejo.

A experiência portuguesa ensina várias coisas. Escolhi três. A primeira delas é que o pior que pode acontecer a um povo é que o seu país desista dele ou que ele desista do seu país. A segunda é que o sucesso da integração é tanto maior quanto menos paternalista for o acolhimento. O terceiro ensinamento ganhei-o não a investigar o fenómeno dos retornados, mas sim a ver, ouvir e ler noticiários: vivemos de arrebatamento em arrebatamento e cada arrebatamento tem de ser mais arrebatado para compensar a anterior desilusão. Iniciámos o ano com o Syriza e a crise humanitária grega, depois veio o Varoufakis a dobrar a espinha à Merkel e a Catarina Martins aos pulinhos em Atenas (que as sibilas nos perdoem!). Abriam-se contas para financiar a Grécia (em troca podiam mandar-nos queijo e azeitonas ou uma fotografia assinada pelo Tsipras). E até houve quem marcasse férias na Grécia para ajudar a causa alternativa. Agora os gregos estão ainda mais pobres, vai haver novamente eleições, ninguém quer saber da Grécia para nada e a Catarina Martins já não pula, pelo menos em Atenas. Agora só se pensa, fala e sente o drama dos refugiados.

Temo sinceramente que à primeira desilusão com os ditos refugiados logo eles sejam esquecidos como todos os outros objectos da nossa solidariedade nos últimos anos.

As causas estão para os enfastiados europeus como os brinquedos para as crianças mimadas. Rapidamente mandarão os refugiados sírios para o baú onde estão os palestinianos mais o rais Arafat que vivia na mukata (oh que saudades da forma como na SIC se pronunciavam estes termos!), as primaveras árabes, o leão Cecil, os habitantes do Haiti, que continua devastado anos depois do terramoto, mas isso agora não interessa a ninguém, e essas cleptocracias africanas que ainda há alguns anos motivavam abaixo-assinados, cantos que se diziam livres, hinos e posters, tudo sempre em nome da libertação. Dentro de pouco tempo os refugiados sírios serão substituídos por outros protagonistas e depois bem podem permanecer acantonados num qualquer canto da Hungria que ninguém se interessará pelo seu destino.

Claro que no terreno ficarão as associações, os conselhos disto e daquilo, mais os mediadores que constituem o mundo do chamado apoio. Confesso que ao ler a descrição de algumas das iniciativas de recepção aos refugiados temo o pior. E aqui chegamos à minha segunda conclusão: o sucesso da integração é tanto maior quanto menos paternalista for o acolhimento. Veja-se o caso das aulas de Português separadas por sexos – coisa que alguns nem sequer frequentaram na sua Síria natal – que revela um estonteamento que só não é ridículo porque é perigoso. Tratar os refugiados como pessoas especiais é apenas prolongar a sua dependência e o seu ostracismo. Estratégia certamente interessante para quem, como é o caso dos radicais da política, se alimenta da indústria do ressentimento. Ou de quem vive de acusar os outros sem nunca responder pelo sucesso das suas intervenções, como acontece com várias das pessoas que trabalham na área do apoio social. Ao contrário do que se possa pensar, os mais dependentes dos apoios muito frequentemente não são aqueles que os recebem mas sim aqueles que os distribuem e que não podem deixar de os distribuir porque isso seria o fim da sua razão de existir.

Passemos finalmente para a conclusão que me falta: o pior que pode acontecer a um povo é que o seu país desista dele ou que ele desista do seu país. Em 1975, boa parte do país tinha de facto desistido dos portugueses de África – «Ó senhor tenente-coronel, porque é que está tão preocupado com isso? Eles comeram a carne, agora que roam os ossos.» – declarava Pinheiro de Azevedo a Gonçalves Ribeiro quando este militar lhe tentava explicar a necessidade de organizar uma ponte aérea para retirar os portugueses de África.

Hoje claramente os sírios não contam com a protecção do seu país e os bons europeus há muito que esqueceram que um país não é um catálogo de direitos. A presente crise dos refugiados para lá de evidenciar a degradação da vida nos seus países de origem coloca-nos face a um dos mitos do nosso tempo: a de que no Ocidente podíamos substituir as intervenções militares por intervenções humanitárias. Não podemos. Entre outras razões porque nos desumanizamos. Aliás não tardará que, se o fluxo de refugiados se mantiver nos actuais níveis, passemos todos a imitar a Hungria.

A ilusão de que podíamos viver rodeados de turbulentos vizinhos a quem nos momentos difíceis oferecemos medicamentos e provisões é falsa e perigosa. Ou temos força suficiente para participar no esforço de estabilização desses países – e isso não se faz com drones mas sim com exércitos –, ou acabamos a pôr tropas a perseguir os refugiados. É apenas uma questão de tempo.

Por fim e para o fim, uma questão que se me coloca de cada vez que leio aqueles títulos sobre a vergonha que estes refugiados representam para a Europa. Lamento ir contra a corrente mas não vejo ali vergonha alguma para a Europa. Estas pessoas fogem para Europa. Revelam aliás uma noção muito clara dos sítios onde querem viver nessa Europa. Vergonha será sim para os dirigentes dos seus países. E também para os países muçulmanos. Por exemplo, quantos refugiados recebeu o riquíssimo Qatar? E o também fabulosamente rico Dubai? E a piedosa, islamicamente falando, claro, Arábia Saudita? Note-se que nem me interrogo se seria possível, equacionável ou sequer imaginável que esses países nos acudissem a nós, europeus, se um qualquer desastre nos obrigasse a fugir intempestivamente. Mas ao menos para estas pessoas que são muçulmanas, onde está o apoio dos países islâmicos?

Os refugiados confrontam-se com as falhas dos países para onde fogem. Mas em primeiro lugar, como bem sabemos pela nossa própria experiência, o falhanço foi o dos seus países e dos seus líderes. Querer subestimar essa responsabilidade e transferi-la para outros é uma forma de desculpar o que não tem desculpa.

Sobre o que o futuro reserva a essas pessoas não sei. Mas sei que as próximas legislativas serão em Portugal muito provavelmente vencidas ou por um retornado, Passos Coelho, ou por um descendente de um goês, António Costa. E isso não me parece nada uma má notícia.






O Estado Islâmico:

desvendando o Exército do Terror


Carlos I. S. Azambuja

Cristãos, yazidis e turcos estão entre os mais perseguidos pelo Estado Islâmico, grupo dissidente da Al Qaeda que ocupou grandes partes do território do Iraque e da Síria. Eles estão sistematicamente a fixar homens, mulheres e crianças baseados na sua filiação religiosa ou étnica e estão a realizar impiedosamente uma limpeza étnica e religiosa generalizada nas áreas sob o seu controle.

O Estado Islâmico surgiu em 2006 depois da invasão dos EUA e seus aliados no Iraque, com sobreviventes da Al Qaeda no país, e ganhou força entre 2011 e 2013 quando teve início a rebelião na Síria. O seu actual comandante é Abu Bakr al-Baghdad.

Quando o EI invadiu a cidade de Mosul, capital da província de Ninewah, no Iraque – conquistando uma extensão de terras equivalente ao tamanho da Grã- Bretanha –, o EI possuía apenas 800 combatentes. Hoje o seu efectivo é estimado pela CIA entre 20 mil e 40 mil combatentes com acesso a recursos de 2 milhões de dólares oriundos de fontes diversas, entre as quais sequestros, roubos e, principalmente, a exploração e venda de petróleo da refinaria de Beiji, no norte do Iraque. Segundo experts, o Estado Islâmico controla 12 campos de petróleo no Iraque e na Síria, com capacidade de produzir 150 mil barris por dia, com receitas diárias estimadas em quase 3 milhões de dólares.

Cinco meses antes da queda de Mosul o presidente Barak Obama havia menosprezado o EI, tachando-o de «um bando inexperiente de terroristas».

De onde veio o Estado Islâmico e como ele conseguiu fazer tanto estrago em tão pouco tempo?

Os Estados Unidos estiveram em guerra contra o EI por quase uma década, incluindo aí as suas várias encarnações, como a Al-Qaeda no Iraque, depois como Conselho Consultivo Mujahidin e, por fim, Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Muita coisa relativa a esse inimigo totalitário e teocrático permanece esquecida ou simplesmente pouco investigada. Debates a respeito da sua ideologia, estratégia de guerra e dinâmica interna persistem em todos os países comprometidos com a sua derrota. O EI é, na realidade, o último rosto numa culminação sangrenta de uma longa disputa dentro da hierarquia do jihadismo internacional.

Examinando o EI como ele é hoje em dia, com base em entrevistas com militantes activos (alguns já falecidos), espiões, agentes adormecidos e também as suas vítimas, chega-se à conclusão de que um dos principais centros de recrutamento de militantes foram os presídios, especialmente no Médio Oriente, que serviram, por anos, como academias do terror, onde extremistas conhecidos puderam congregar, tramar e desenvolver as suas habilidades de convencimento e liderança, recrutando uma nova geração de combatentes.

O EI é uma organização terrorista, mas não é apenas uma organização terrorista. É também uma máfia adepta em explorar mercados obscuros internacionais que existem há décadas para o tráfico de petróleo e armas. É um completo aparato de conluio que se infiltra em organizações rivais e recruta silenciosamente membros activos antes do controle total dessas organizações, derrotando-as no campo de batalha ou tomando as suas terras.

É uma máquina de propaganda eficiente e hábil na disseminação das suas mensagens e no recrutamento de novos membros através das redes sociais. A maioria dos seus principais comandantes serviu no exército ou nos serviços de segurança de Saddam Hussein.

O EI apresenta-se para uma minoria sunita no Iraque e uma maioria sunita mais perseguida e vitimada na Síria como a última linha de defesa da seita contra uma série de inimigos – os «infiéis» Estados Unidos, os Estados «apóstatas» do Golfo Pérsico, a ditadura alauita «Nusayri» na Síria, a unidade «rafida» e de resistência no Irão e a última satrápia de Bagdade. Estima-se que além do Estado Islâmico existam outros 450 grupos rebeldes operando na Síria.

O EI, de forma brutal e inteligente, destruiu as fronteiras dos estados-nação da Síria e do Iraque e proclamou-se o restaurador de um império islâmico. Tem como capital a cidade de Mosul, o seu idioma oficial é o árabe, o governo é um califado islâmico, declarado em 29 de Junho de 2014; possui uma bandeira e um brasão de armas. Já criou a sua própria bandeira, tribunais, ministérios, passaportes e até placas de carros. Em Novembro de 2014 criou a sua própria moeda, parte de um plano para restaurar o califado que dominou o Médio Oriente há mais de 1 300 anos.

Abu Bakr al-Baghdadi – ungido califa Ibraim – proclamou o fim do ISIS (em inglês Islamic State of Iraq and al-Sham) e o nascimento do Estado Islâmico no dia 28 de Junho de 2014, o primeiro dia do Ramadão. A partir de então, apenas o Estado Islâmico passaria a existir, dividindo a humanidade em dois campos. O primeiro era «o campo dos muçulmanos e dos mujahidin (guerreiros sagrados) por toda a parte»; o segundo era «o campo dos judeus, dos Cruzados e os seus aliados».

O campo de treino do EI e dos seus antecessores, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, que treinou os idealizadores dos ataques ao World Trade Center, tem três fases distintas de treino e doutrinação.

A primeira consiste em «dias de experimentação», com a duração de 15 dias, durante os quais um recruta é sujeito à «exaustão psicológica e moral» – para separar os fracos dos verdadeiros guerreiros.

A segunda é o «período de preparação militar», com a duração de 45 dias, durante os quais um recruta aprende como empunhar armas leves, evolui para o lançamento de mísseis portáteis superfície-ar e cursos de cartografia.

A terceira e última fase é o «curso de tácticas de guerra de guerrilhas», no qual é ensinada a teoria militar de Von Clausewitz para terroristas.

Em Março de 2009, o departamento de Defesa dos EUA mudou oficialmente o nome das operações contra o EI de «Guerra Global Contra o Terror» para «Operações Contingenciais Externas» e em Maio de 2013 o presidente Obama declarou que a «guerra ao terror» tinha terminado.

Sete meses depois, em Janeiro de 2014, numa entrevista à revista «The New Yorker» Obama minimizou o poder do Estado Islâmico comparando-o a um «jayvee» (equipa de desporto dos estudantes do 3.º ano).

Se os EUA quisessem fazer uma demonstração de força no Iraque e na Síria, poderiam expulsar rapidamente o EI dos seus esconderijos. Porém, o difícil viria depois, com a provável onda de atentados e guerra assimétrica que certamente duraria anos e teria custos enormes.

Obama, dezoito meses depois, em 8 de Junho de 2015, disse que a sua administração «ainda não tinha nenhuma estratégia» para lidar com o Estado Islâmico. Ao que tudo indica a sua administração continua «sem estratégia até hoje». Pelo que se observa, o Estado Islâmico sim, tem uma estratégia, pois a guerra jihadista contra o Ocidente e seus aliados continua a crescer.

Em Agosto de 2014, Obama declarou que a estratégia dos EUA no combate ao EI está amparada em quatro pilares: ataques aéreos, apoio aos aliados locais, esforços de contraterrorismo para prevenir ataques, e assistência humanitária contínua a civis.

Em Setembro de 2014 o presidente Barak Obama numa sessão na ONU declarou que «os países devem evitar o recrutamento e o financiamento de combatentes estrangeiros». Segundo ele, «os EUA irão trabalhar para destruir essa rede da morte», em alusão ao Estado Islâmico.

E prosseguiu: «Nós vamos apoiar a luta dos iraquianos e dos sírios para proteger as suas comunidades. Vamos treinar e equipar as forças que estão lutando contra esses terroristas no terreno. Vamos trabalhar para acabar com o financiamento deles e parar o fluxo de combatentes que se juntam ao grupo. Eu peço ao mundo que se junte a nós nessa missão». E concluiu fazendo um apelo aos muçulmanos para rejeitarem a ideologia do Estado Islâmico.

Obama encerrou o seu discurso dizendo que «as palavras que dissemos aqui precisam de ser transformadas em acção...com os países e entre eles, não apenas nos dias que se seguem, mas nos anos que virão». Uma resolução proposta pelos EUA foi aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança da ONU. No final, mais de 40 países ofereceram-se para fazer parte da coligação «anti-EI», liderada pelos EUA.

Em Junho de 2015 Obama voltou a referir-se ao EI declarando que «falta recrutar e treinar mais militares iraquianos dispostos a combater o Estado Islâmico. Não temos ainda uma estratégia completa, pois faltam compromissos dos iraquianos no que diz respeito a como é feito o recrutamento e como é que as tropas serão treinadas».

Os EUA gastam, em média, cerca de 9 milhões de dólares por dia para combater o Estado Islâmico, e os custos totais já passam de 2,7 milhões desde o início da campanha de bombardeamentos contra o EI.

Em qualquer actividade – passando pela organização e pela hierarquia –, o EI está anos-luz à frente das demais facções que actuam na região. Apresenta o que parece ser o início da estrutura de um semi-Estado – ministérios, tribunais e até mesmo um sistema tributário rudimentar –.

Nos campos de treino cerca de 300 crianças com idades até aos 16 anos recebem instrução como combatentes e terroristas suicidas no EI. Aprendem a ideologia fundamentalista e a manusear armas pesadas. Esses campos são anunciados como «Clubes de Escuteiros».

Uma revista editada pelo Estado Islâmico, intitulada «DABIQ», que já está na sua terceira edição, publicada em várias línguas, inclusive o inglês, apresenta o EI como a única voz muçulmana no mundo, na tentativa de cooptar estrangeiros para lutarem pelo califado no Iraque e na Síria.

Segundo o Conselho de Segurança da ONU, somente no ano de 2014 cerca de 15 mil estrangeiros de mais de 80 países, viajaram à Síria e ao Iraque a fim de lutarem ao lado do EI e grupos terroristas semelhantes. A ONU ressaltou que o aumento nesse número ocorre numa escala «sem precedentes». Segundo a União Europeia, mais de 5 mil europeus uniram-se à jihad na Síria e no Iraque, mas segundo a comissária europeia da Justiça, esse número «é muito subestimado».

O Estado Islâmico foi designado como organização terrorista pelos seguintes países: EUA em 17/12/2004, Austrália em 2/3/2005, Canadá em 20/8/2012, Arábia Saudita em 7/3/2014, Inglaterra em 20/6/2014, Indonésia em 1/8/2014 e Alemanha em 12/9/2014.

Os cristãos que vivem nas áreas dominadas pelo Estado Islâmico têm apenas três opções: converterem-se ao islamismo; pagar um imposto religioso (o jizya); ou morrer.

Militantes do Estado Islâmico estariam sendo contrabandeados para a Europa pelas gangues que operam no mar Mediterrâneo, segundo uma fonte do governo líbio declarou à BBC. Os extremistas são misturados com migrantes que viajam nos barcos desde a costa africana em direcção ao continente europeu, porque a polícia não sabe quem é refugiado e quem é militante do EI, pois isso é extremamente difícil.

Em Setembro de 2015, a polícia federal descobriu uma rede de apoiantes do Estado Islâmico em São Paulo. A descoberta assusta, ainda mais porque o TERRORISMO NÃO É CONSIDERADO CRIME NO BRASIL.

Para concluir, uma análise do general Álvaro Pinheiro, em Abril de 2015:

«A possibilidade do Estado Islâmico/ISIS desencadear o terrorismo nos cinco continentes, corroborada pelos recentes atentados na Bélgica, Canadá, Austrália, França e Tunísia, é encarada em todo o mundo Ocidental com a máxima responsabilidade. Nesse contexto, a infiltração do EI/ISIS na área da Tríplice Fronteira no Cone Sul da América do Sul é absolutamente consensual no âmbito da comunidade de inteligência internacional. Não encarar esse indício com a devida responsabilidade é mais um verdadeiro CRIME DE LESA PÁTRIA».





segunda-feira, 7 de setembro de 2015


Pelo fim imediato da entrada

de refugiados em Portugal



Para: Assembleia da República Portuguesa

CONSIDERANDO QUE:

– Portugal tem mais de 2 milhões de pessoas quase no absoluto limiar da pobreza;

– Portugal tem mais de 150 00 crianças com fome;

– Portugal tem uma taxa de desemprego superior a 20%, entre os quais mais
de 70 000 licenciados;

– Portugal está na cauda da Europa no que diz respeito ao rendimento familiar.

– Portugal apresenta uma taxa enorme, de pessoas conhecidas como «Sem abrigo».

CONSIDERANDO TAMBÉM QUE:

– Os Portugueses têm uma elevada taxa de crédito mal-parado devido à crise instalada o que levou a que:

– Fossem obrigados a entregar as suas habitações, automóveis e restante património aos bancos por falta de pagamentos das prestações ora assumidas;

– Entrassem em listas de incumprimento geridas pela actividade bancária e para-bancária o que:

– Limita-lhes a obtenção de qualquer tipo de empréstimo para refazerem a sua vida familiar e profissional.

LOGO:

Não é justo, sendo mesmo uma afronta aos Portugueses supra-citados (que vivem miseravelmente) e aos outros sobrecarregados de impostos vários que os refugiados tenham, entre outras benesses:

– Subsídio de «integração»;

– Habitação mobilada e equipada;

– Consumo de electricidade gratuito (na medida em que está paga pelo estado)

– Consumo de água gratuito (na medida em que está paga pelo estado)

– Consumo de gás gratuito (na medida em que está paga pelo estado)

– Consumo de telecomunicações gratuito (na medida em que está paga pelo estado)

A somar a isto tudo ainda:

– Formação profissional paga!

ASSIM PRETENDE ESTA PETIÇÃO:

Recolher assinaturas suficientes, no sentido de obrigar a Assembleia da República a proibir a entrada de refugiados em território português.

Os Peticionários:

Salvador Costa e todos os administradores do grupo no Facebook «Pelo fim imediato da entrada de refugiados em Portugal» com endereço em:


Contactos do criador da petição:

Correio electrónico: salvador.costa@gmail.com


Apoie esta Petição. Assine e divulgue.
O seu apoio é muito importante.