sábado, 2 de março de 2013

Moedas e Borges ? os infiltrados

Domingos Ferreira, Universidade Nova de Lisboa

Sabem mesmo quem é Carlos Moedas?

Os arautos da transparência...

Os arautos da transparência, têm como exemplo disso mesmo (transparência) o adjunto do primeiro-ministro, o senhor Carlos Moedas, que, veio agora a saber-se, tem 3 empresas ligadas às Finanças, aos Seguros e à Imagem e Comunicação. Como sócios, teve os senhores Pais do Amaral, Alexandre Relvas e Filipe de Button a quem comprou todas as quotas em Dezembro passado.

Como clientes tem a EDP, o IAPMEI, a ANA, entre outros.

Nada obsceno, para quem é adjunto de Pedro Passos Coelho!

E não é que o bom do Moedas até comprou as participações dos ex-sócios para «oferecer» o bolo inteiro à mulher?! (Disse-o ele à Sábado).

Não esquecer ainda que Carlos Moedas é um dos homens de confiança do Goldman Sachs a cabeça do Polvo Financeiro Mundial, onde estava a trabalhar antes de vir para o Governo.

Também António Borges é outro ex-dirigente do Goldman e que está agora a orientar as Privatizações da TAP, ANA, GALP, Águas de Portugal, etc.

Adoráveis, estes liberais de trazer por casa, dependentes do Estado, quer para um emprego, quer para os seus negócios.

Lamentavelmente, à política económica suicidária da UE, que resultou nas tragédias que já todos conhecem, acresce a queda do Governo Holandês (ironicamente, acérrimo defensor da austeridade) e o agravamento da recessão em Espanha. Por conseguinte, a zona euro vê o seu espaço de manobra cada vez mais reduzido e os ataques dos especuladores são cada vez mais mortíferos.

Vale a pena lembrar uma vez mais que o Goldman, o Citygroup, o Wells Fargo, etc., apostaram biliões de dólares na implosão da moeda única. Na sequência dos avultadíssimos lucros obtidos durante a crise financeira de 2008 e das suspeitas de manipulação de mercado que recaíam sobre estas entidades, o Senado norte americano levantou um inquérito que resultou na condenação dos seus gestores.

Ficou também demonstrado que o Goldman Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido. Todavia, esta entidade realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado. Deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com prejuízo para os seus clientes).

Estes predadores criminosos, disfarçados de banqueiros e investidores respeitáveis, são jogadores de póquer que jogam com as cartas marcadas e, por esta via, auferem lucros avultadíssimos, tornando-se, assim, nos homens mais ricos e influentes do planeta. Entretanto, todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta actividade predatória. Tudo isto, revoltantemente, acontece com a cumplicidade de governantes e das autoridades reguladoras.

Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos. Acresce que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas à fome.

No que toca a canibalização económica de um país, a fórmula é simples: o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequência as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo, impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse pais. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais.

Como as empresas nacionais estão bastante fragilizadas e depauperadas pelas medidas de austeridade e da consequente recessão, não conseguem competir e acabam por ser presa fácil das grandes corporações internacionais.

A estratégia predadora do Goldman Sachs tem sido muito eficiente. Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações.

Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc., fazem parte quadros oriundos do Goldman Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), entre outros.

Alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Ângela Merkel têm fortes ligações ao Goldman Sachs. Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.


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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pírulas dos dias seguintes

Nuno Serras Pereira
 
O Cardeal Meisner autorizou que nos hospitais da sua Diocese se recorresse à «pílula do dia seguinte» nos casos de mulheres violadas, uma vez que alguns desses fármacos não teriam efeitos abortivos mas somente anovulatórios, isto é impediriam a ovulação no caso de esta não ter ocorrido, mas nos casos em que a fecundação se tivesse verificado não estorvariam a nidação da pessoa recentemente concebida no aconchego do seio ou útero materno. A ortodoxia do Senhor Cardeal na declaração Doutrinal que faz é inatacável: se um fármaco não tem efeitos abortivos deve ser aplicado nos casos de violação para, no caso de que a ovulação não tenha ocorrido, se evite a concepção. Já a decisão, que deriva do seu poder de governo eclesial, de autorização da pílula do dia seguinte nos hospitais não goza de autoridade Magisterial (Doutrinal), mas trata-se tão-somente de uma decisão prudencial (ou imprudente…) que pode, e talvez deva, ser discutível. Por isso, não admira que tenha estalado a polémica no mundo católico. Em defesa do Cardeal Meisner saiu a Conferência Episcopal alemã. Numa entrevista informal, o Presidente da Academia Pontifícia para a Vida, o Bispo (Opus Dei) Ignacio Carrasco di Paula, um eminente Académico na área da Bioética, confirmou a Doutrina e adiantou que a verificação da abortividade dos fármacos competia aos médicos. Se interpreto bem as suas declarações, julgo que poderão dar azo a alguma ambiguidade, não lançando um esclarecimento definitivo sobre o assunto. Entretanto, Bispos, médicos eminentes e mesmo, pelo menos, uma Conferência Episcopal, pelo seu porta-voz, têm repudiado as conclusões da Conferência Episcopal alemã.

Para delimitar bem o problema creio ser importante esclarecer, desde já, que nos casos de violação a toma de um fármaco cuja finalidade seja o de impedir a fecundação, do ponto de vista moral, não é de modo nenhum um acto contraceptivo. Para que se dê um acto contraceptivo é necessário que se intente (voluntariamente) esterilizar uma entrega mútua, livremente consentida, que de si poderia dar origem a uma nova pessoa humana. É isto que a Igreja ensina ser intrinsecamente perverso, uma vez que separa propositadamente os significados de união e de procriação, e que não admite excepções. Ora, a violação não é um acto de união mas sim de violenta invasão.

A polémica, toda ela, centra-se pois na capacidade abortiva, ou não, da pílula do dia seguinte (pds) (expressão usada pela Conferência Episcopal alemã). Nesta controvérsia estão implicados médicos eminentes, que contestam, com erudição e perspicácia, os estudos apresentados ao Episcopado alemão que o terá levado à decisão de autorizar algum tipo de pds, nos casos de violação. Pelo que me parece totalmente compreensível a reacção da Conferência Episcopal espanhola quando afirma que se a Conferência Episcopal alemã possui estudos credíveis, sem falhas nem manigâncias, que os mostre para apreciação pública. O eminente médico Renzo Puccetti, da Academia Pontifícia da Vida, critica vigorosamente os estudos que pretensamente «provam» a não abortividade de um dos preparados da pds e reclama que a Conferência Episcopal alemã peça um parecer formal à Academia Pontifícia da Vida.

Com tanta divergência entre gente tão graúda e qualificada parece-me elementar que se recorra ao princípio da precaução. Isto é, que não se aplique tal fármaco na dúvida de ter ocorrido ou não a ovulação; pois se não existe a certeza (objectiva e não meramente subjectiva) de que um acto irá assassinar uma pessoa eminentemente inocente e vulnerável, como é o ser humano quando desponta para a vida, é elementar reconhecer que só se pode suspender tal acto.

Espera-se pois que a Santa Sé venha a tomar, tão depressa quanto possível, uma posição clara sobre este assunto da maior gravidade, pois estamos todos meio pírulas nos dias seguintes a estas controvérsias.


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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

10 razões para ter filhos

João Miguel Tavares, Correio da Manhã

«Há um lado olímpico em ter muitos filhos. Eles testam os nossos limites e são um desafio permanente»

Há dias, uma leitora, farta de me ouvir resmungar, fez-me esta pergunta: se eu me queixo tanto dos miúdos, se eles me dão cabo da cabeça e me tiram tanto tempo, por que raio decidi eu tê-los, e ainda por cima logo quatro? E de repente, percebi que nunca respondi cabalmente a esta importantíssima questão. Porquê?, de facto. Vai daí, decidi alinhavar 10 razões para ter filhos, como penitência por estar sempre a dar razões para não os ter.

1.ª – A razão ontológica. Ser ou não ser não é para mim uma questão. Sófocles escreveu que o mais feliz dos seres era aquele que nunca tinha nascido. Faulkner escreveu que entre a dor e o nada, escolhia a dor. Eu voto em Faulkner. Mil vezes ser do que não ser. E nascer é fazer ser.

2.ª – A razão estoica Há um lado olímpico em ter muitos filhos. Eles testam os nossos limites e são um desafio permanente às nossas capacidades físicas e mentais. Não sou capaz de saltar à vara nem de correr a maratona. Mas criar quatro putos dá uma abada a tudo isso.

3.ª – A razão ulrichiana. Numa civilização acolchoada, sem guerras nem catástrofes, o pessoal tende a amolecer e a confundir chatices com tragédias. Ter muitos filhos sintoniza-nos com a máxima do banqueiro Fernando Ulrich: «Ai aguenta, aguenta». Que remédio.

4.ª – A razão romântica. Quando se ama alguém, os desejos do outro contam. Se a felicidade da minha mulher passa por ter uma família grande e se a minha felicidade passa pela felicidade da minha mulher, então a minha felicidade passa por ter uma família grande. Chama-se a isto «propriedade transitiva». É muito importante na matemática. E no amor.

5.ª – A razão revolucionária. Citando o sábio Tiago Cavaco na luminosa canção «Faz Filhos»: nos nossos dias «constituir família é a suprema rebeldia». Ambos partilhamos a fé neste verso: «Conquistas fabulosas através das famílias numerosas.»

6.ª – A razão coppoliana. Está escrito em «Lost in Translation», de Sofia Coppola: «O dia mais assustador da nossa vida é o dia em que o primeiro nasce. A tua vida, tal como a conheces, acabou. Para nunca mais voltar. Mas eles aprendem a falar e aprendem a andar, e tu queres estar com eles. E eles acabam por se tornar as pessoas mais adoráveis que irás conhecer em toda a tua vida.»

7.ª, 8.ª, 9.ª e 10.ª – As mais importantes razões de todas. Carolina, Tomás, Gui e Rita. Se calhar, eu até passava bem sem filhos. Mas não sem eles.


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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A necessária «limpeza Tide»

Heduíno Gomes

A meio dos anos 50 havia um anúncio cantado ao detergente Tide. Um amigo meu, no gozo, no colégio da terra do Relvas, o célebre CNA de Tomar, cantava este e outros anúncios da época. Se não me falha memória da letra, de cuja música me lembro perfeitamente (certamente melhor do que o Relvas, cantor do Grândola, vila morena) rezava como abaixo se indica.

E quando qualquer coisa precisava de limpeza, dizia-se que era preciso «limpeza Tide», que levava a porcaria a eito.

Pois é a «limpeza Tide» que é preciso aplicar hoje a várias instituições, desde a política portuguesa à Igreja, cá e no mundo.

Com prudência, rigor e verdade, mas com firmeza. Doa a quer doer.

A bem da Igreja, da Civilização cristã, de Portugal e do bem comum. 
Ó minha senhora,
agora, sem demora,
dê a todo o seu lar
limpeza Tide.
Tem brancura de primeira
e limpeza verdadeira,
concerteza, porque tem
limpeza Tide.
Limpeza Tide!


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Como reduzir despesa e aumentar receita

Heduíno Gomes

Circula, entre muitos, mais um texto com várias sugestões de cortes na despesa e aumento da receita. Poderá eventualmente este texto não ser rigoroso ou viável em algum ponto. Mas, no seu conjunto, não deixa de ser pertinente.

Diríamos mesmo que há cortes em que poderia ir ao fundo da questão.

Por exemplo, aponta o corte de 50% no subsídio aos partidos. Porque não 100%? Que obrigação têm os contribuintes de financiar associações privadas? Que legitimidade têm essas associações privadas para receber uma ajuda quando se revelam associações de interesses privados, quando não associações de malfeitores? Será a paga por, em conjunto com outras associações, subterrâneas, terem conduzido Portugal a esta situação?

Por exemplo, em relação ao funcionamento da Assembleia da República, porque não concebe-lo em moldes de participação gratuita dos seus deputados (não é inédito…) excepto nos seus serviços permanentes?

Vejamos então o conjunto das sugestões desse texto.


Esta cambada fica-nos cara.

Querem melhor receita para sobrevivermos em 2013 ?!...

Propostas de alternativa à austeridade, que tudo está a mirrar, isto no que toca a corte de despesa nas ditas gorduras.

Por isso:

– Reduzam 50% do orçamento da Assembleia da República e vão poupar +- 43.000.000,00€.

– Reduzam 50% do orçamento da Presidência da República e vão poupar +- 7.600.000,00€.

– Cortem as subvenções vitalícias aos políticos deputados e vão poupar +- 8.000.000,00€.

– Cortem 30% nos vencimentos e outras mordomias dos políticos, seus assessores, secretários e companhia e vão poupar +- 2.000.000.00€.

– Cortem 50% das subvenções estatais aos partidos políticos e pouparão +- 40.000.000,00€.

– Cortem, com rigor, os apoios às fundações e bem assim os benefícios fiscais às mesmas e irão poupar +- 500.000.000,00€.

– Reduzam, em média, 1,5 vereador por cada câmara e irão poupar +- 13.000.000,00€.

– Renegociem, a sério, as famosas parcerias público privadas e as rendas energéticas e pouparão + 1.500.000.000,00€.

Só aqui nestas «coisitas», o País reduz a despesa em mais de 2 mil e cem milhões de euros.

Mas nas receitas também se pode melhorar e muito a sua cobrança.

– Combatam eficazmente a tão desenvolvida economia paralela e as Receitas aumentarão mais de 10.000.000.000,00€.

– Procurem e realizem o dinheiro que foi metido no BPN e encontrarão mais de 9.000.000.000,00€.

– Vendam 200 das tais 238 viaturas de luxo do parque do Estado e as receitas aumentarão +- 5.000.000,00€.

– Façam o mesmo a 308 automóveis das câmaras, 1 por cada uma, e as receitas aumentarão +- 3.000.000,00€.

– Fundam a CP com a Refer e outras empresas do grupo e ainda com a Soflusa e pouparão em Administrações +- 7.000.000,00€.

Nestas «coisitas» as receitas aumentarão cerca de vinte mil milhões de euros, sendo certo que não se fazem contas à redução das despesas com combustíveis, telemóveis e outras mordomias, por força da venda das viaturas, valores esses que não são desprezíveis.

Sendo assim, é ou não possível, reduzir o défice, reduzir a dívida pública, injectar liquidez na economia, para que o País volte a funcionar ?

Há, ou não há, alternativas ?


Façam circular pelos vossos amigos.


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