Paulo Morais
A EDP beneficia de favores políticos sem
limite por parte de políticos sem vergonha.
O poder da EDP em
Portugal atingiu uma dimensão perigosa. Enquanto consumidores de lectricidade,
estamos hoje indefesos perante um domínio absoluto e arbitrário.
Na factura de
electricidade, a par dos seus consumos, as famílias são coagidas a financiar as
empresas de energias renováveis, os gastos perdulários em painéis solares ou os
investimentos em antenas de energia eólica. Ao onerar as contas de energia com
taxas e mais taxas, em benefício próprio ou em proveito do lóbi da energia, a EDP
está a exercer um poder tributário, privilégio dos estados.
A sua fúria
despesista, a expensas do povo, não pára. A nova e malfadada barragem do rio
Tua irá gerar lucros milionários para a EDP porque tem uma rentabilidade
garantida pelo Estado, pela via do défice tarifário que todos pagamos.
Acresce que a EDP
arroga-se estar à margem da lei. Bem recentemente lançou uma campanha
publicitária utilizando ilegalmente crianças, visando a venda de serviços que
não têm relação directa com a sua faixa etária. O que é interdito, nos termos
da lei da publicidade. A EDP emprega trabalho infantil, lesa a dignidade das
crianças, mas fica impune. O que só é possível porque dispõe de uma enorme
influência sobre o poder político. Eduardo Catroga, em nome do PSD, advogava a
redução das rendas pagas à empresa, para logo a seguir defender, enquanto
presidente da eléctrica, a manutenção do seu pagamento. A ministra Assunção
Cristas e o deputado Mesquita Nunes estão ligados ao escritório de advogados
que assessora a sociedade nos seus maiores processos, enquanto tutelam e
fiscalizam negócios em que o estado tem favorecido descaradamente a empresa. O
deputado Pedro Pinto é consultor de empresas intimamente dependentes da EDP. E
muitos mais.
Há muitos políticos
de duas caras. Duas caras… e muitas coroas. Por outro lado, todos quantos se
opõem ao poder da eléctrica, como o ex-secretário de estado Henrique Gomes, que
pretendia reduzir-lhe as rendas em 165 milhões, são convidados a «demitirem-se».
Como a EDP beneficia
de favores políticos sem limite por parte de políticos sem vergonha, estamos
condenados à servidão a uma organização que já não é só uma empresa eléctrica. «É
um estado dentro do estado».