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sexta-feira, 23 de março de 2012
Há maquinistas que ganham 50 mil euros!!!
(e ainda fazem greves...)
Eu também quero…
Os trabalhadores da
CP - que hoje estão mais uma vez em greve, nomeadamente, contra os cortes
salariais -, têm vencimentos anuais muito acima da média portuguesa. De acordo
com a folha salarial da CP a que o SOL teve acesso, um inspector-chefe de
tracção recebe 52,3 mil euros, há maquinistas com salários superiores a 40 mil
euros e operadores de revisão e venda com remunerações que ultrapassam os 30
mil euros por ano.
No total, os
trabalhadores da CP dispõem de 195 itens que contribuem para 'engordar' a sua
remuneração variável no final do ano. O número atípico de apoios, ajudas e
subsídios tem contribuído para que a empresa engrosse a factura com
remunerações. Em 2009 foi de 104,5 milhões de euros anuais (segundo os últimos
dados disponíveis).
«O salário dos maquinistas, por exemplo, engloba abonos de produção,
subsídios fiscais, ajudas de custo e subsídio de agente único», explica
fonte oficial da empresa pública. «Só
por se apresentar ao trabalho, cada maquinista recebe mais de seis euros por
dia, devido ao subsídio de assiduidade».
Os diversos
subsídios são resultado das negociações entre as várias administrações que têm
passado pela empresa e os sindicatos de trabalhadores ao longo dos anos. Ao
todo, representam mais de metade - 54,3% - dos encargos totais com salários.
Apenas em subsídios
de condução, a CP gasta cerca de quatro milhões de euros, aos quais se juntam
2,4 milhões de euros em prémios de condução e 3,3 milhões de euros em prémios
de chefia.
«O tempo médio de escala dos maquinistas é de oito horas por dia, num
total de 40 horas semanais. Mas, em média, o tempo de condução está entre as
três e as quatro horas diárias», sublinha a mesma fonte.
Já as diuturnidades
(subsídio por antiguidade) custam 3,3 milhões de euros à empresa e os gastos o pagamento
por trabalho em dias de descanso não compensados ascendem aos 4,5 milhões de
euros.
Os trabalhadores da
CP estão em greve às horas extraordinárias até ao final de Abril, devido ao
anúncio de 815 despedimentos no grupo e aos cortes salariais exigidos pelo
Governo. A CP prevê «fortes
perturbações» na circulação de comboios, durante o dia de hoje.
Também no Metropolitano de Lisboa, outra empresa detida pelo Estado,
existem vencimentos de luxo. Há uma secretária administrativa que recebeu 64,6 mil euros em 2009, dos quais 5,7
mil dizem respeito a subsídios de carreira administrativa.
No total, existem 14
técnicos superiores que ganham mais do que os vogais do conselho de
administração. Um destes técnicos
auferiu 114 mil euros em 2009, mais 42 mil euros do que o chairman.
A nova Constituição da Hungria
Francisco José Contreras
O Parlamento de Budapest aprovou em 18 de Abril passado a nova Constituição da Hungria. O texto apresenta uma série de traços de máximo interesse, embora insólitos na Europa actual. A nova Constituição é tão politicamente incorrecta que parece um milagre (não é de se estranhar que a imprensa «progressista» ande rasgando as roupas por causa disso).
A Constituição reconhece explicitamente a importância do passado cristão na forja da identidade húngara. Quer dizer, adopta uma postura diametralmente oposta à que caracterizou a abortada Constituição europeia (que omitiu qualquer menção ao Cristianismo, embora citasse a Grécia, Roma e o Iluminismo). A Hungria não participa, pois, da patológica atitude de auto-negação histórico-cultural que caracteriza muitos países ocidentais. Reconhecer as raízes cristãs não é mais do que um ato de justiça histórica: é uma profissão de fé (de fato, a Hungria é hoje em dia um dos países mais descristianizados).
A grande badalada, entretanto, vem com os artigos que proclamam que o Estado protegerá «a instituição do matrimónio como uma comunidade de vida entre um homem e uma mulher» e que «a vida do feto deverá ser protegida desde o momento da concepção». A Hungria blinda o carácter heterossexual do casamento (adiantando-se a possíveis pressões da União Europeia em favor de sua ampliação aos casais do mesmo sexo) e se incorpora ao pequeno grupo de Estados europeus que reconhecem o direito à vida dos seres humanos não nascidos.
O primeiro artigo é uma mostra de senso comum (todas as culturas, em todos os tempos, sabiam que as leis deviam promover a convivência estável entre homem e mulher... porque só daí surgem filhos. A protecção especial dispensada à associação de homem e mulher - a única fértil - não implica que outras formas de associação sejam proibidas). O segundo, uma injecção de esperança para a causa pró-vida: a cultura da morte não é irreversível; em menos de 20 anos, dois importantes países europeus (o primeiro foi a Polónia em 1993) passaram do aborto livre a uma regulação restritiva. Os «progressistas», na falta de melhores argumentos, terminam amiúde dizendo que o casamento gay e o aborto livre são inevitáveis porque «a sociedade mudou» e «os tempos exigem». Não, os tempos não exigem nada. Os tempos correrão na direcção que decidamos imprimir-lhes.
Nenhuma lei histórica condena as sociedades a «progredir» indefinidamente para a anomia e a dissolução de vínculos.
A Hungria que desenha a nova Constituição não é um Estado neo-fascista. As liberdades democráticas e a separação Igreja-Estado ficam claramente consagradas. A Hungria é, simplesmente, um país que quer sobreviver e portanto promove a vida, penalizando sua destruição na fase pré-natal e promovendo o «eco-sistema» natural da vida insipiente (a convivência estável entre homem e mulher).
Quem lê «a Hungria quer sobreviver» pensará: que exagero! Não, em absoluto não é. Quase toda a Europa tem umas perspectivas demográficas sombrias, porém nos países eslavos estas são especialmente aterradoras. Com taxas de fertilidade que oscilam entre 1.2 e 1.5 filhos/mulher (o índice de substituição geracional é 2.1) e privados da imigração que, na Europa ocidental, atenua (embora insuficiente e transitoriamente) os efeitos da greve de ventres, os países da Leste Europeu parecem expostos ao desastre em poucas décadas: colapso socioeconómico por insustentabilidade do sistema de bem-estar (quem pagará as pensões e a saúde quando hajam quase tantos aposentados quanto activos?). É o mesmo futuro que aguarda a Espanha (1.3 filhos/mulher). A imigração não solucionará (as taxas de natalidade estão caindo também na América hispânica e no Magreb: logo já não terão excedentes de população que exportar, e ambos crescem economicamente mais rápido do que a Espanha: à medida que se encurte a diferença de renda, diminuirá o incentivo para emigrar).
Nesse contexto, resulta do máximo interesse a possibilidade - necessita de desenvolvimento legislativo - aberta pelo Art. XXI.2 da Constituição húngara: um sistema de sufrágio ponderado que atribua às mães tantos votos quantos filhos tenham a seu encargo. A medida seria revolucionária (rompe com o princípio «um homem, um voto»), porém a Europa pós-familiar e pós-natal necessita de tratamento de choque. E, além da aparente desigualdade que introduz, ela não deixa de ser justa: atribui maior capacidade de incidência na determinação do futuro do país àqueles que, tendo filhos, tornam possível que esse futuro exista.
Por que se afundou a natalidade na Europa recente (a sociedade mais próspera da História)? Creio que a causa principal é a generalização de uma mentalidade hedonista que considera os filhos uma carga (se o sentido da vida reside em passá-lo bem, para que encher-se de filhos?) e de uma ética amorosa que exclui o compromisso definitivo e garante a perpétua renovabilidade do casal (quase ninguém decide ter filhos com parceiro provisório).
A sociedade deveria reverenciar e proteger o máximo possível aos «últimos pais»: a fracção minguante de população que ainda faz a «antiquada» aposta de se casar e ter filhos. Um homem e uma mulher que deixam poupanças e juventude para cuidar de seus filhos, prestam ao país um serviço insubstituível (que não presta, em troca, o solteiro de ouro que prefere passar as férias no Caribe). Esse serviço deve ser reconhecido fiscal, simbólica e até politicamente. A Europa leva, literalmente, a vida nisso.
(Tradução de Graça Salgueiro)
quarta-feira, 21 de março de 2012
Judicialização da política
Pedro Braz Teixeira,
Jornal de Negócios
A judicialização
genérica da política não é uma boa ideia, sobretudo tendo em atenção o estado
em que está a justiça em Portugal. Mas não se compreende nem aceita tanta
impunidade na acção política.
A judicialização da
política é um caminho problemático, sobretudo se baseada em acusações genéricas
do tipo «má gestão do país». Uma das consequências funestas, que
ainda não vi referida, é o potencial afastamento de eventuais possíveis membros
do Executivo, com medo da futura judicialização de decisões governativas.
Dito isto, há várias
questões que merecem reflexão. Diz-se muito que a política deve ser julgada
pelos eleitores e não pelos tribunais. Em primeiro lugar, faltam em Portugal
pessoas e instituições, independentes e prestigiadas, que ajudem os portugueses
a fazer, nas eleições, uma avaliação fundamentada da acção de um Governo.
Em segundo lugar,
temos infelizmente que reconhecer que existem inúmeras acções políticas
destinadas a impedir os eleitores de fazerem uma avaliação bem informada. Não
será legítimo judicializar essas acções políticas?
Há informação falsa
que desvirtua – por completo – as eleições. O ministro Teixeira dos Santos
insistia que o défice público de 2009 seria de 5,9% do PIB, quando os
relatórios internos da DGCI contestavam abertamente este valor. Não é legítimo
colocar o ministro Teixeira dos Santos em tribunal por mentir aos eleitores?
Outra forma de
mentir aos eleitores é usar expedientes contabilísticos e negociatas, para
esconder défices e dívidas públicas aos eleitores. O financiamento das SCUT foi
negociado de modo a que o grosso dos pagamentos ocorresse muitos anos depois do
que Governo que as negociou deixar de estar em funções, sonegando aos eleitores
informação sobre o seu verdadeiro custo. Para além disso são dívida pública
escondida, negociada em condições tais, que custou o dobro da dívida pública
normal. Colocar o ex-ministro João Cravinho em tribunal por ter iludido os
eleitores sobre o verdadeiro custo das SCUT não é judicialização da política
mas sim do dolo. Usando a linguagem do Bloco de Esquerda, as SCUT são o exemplo
acabado da dívida «odiosa» e «ilegítima».
Temos ainda os casos
dos orçamentos que são ultrapassados em 300% e 400%. Este caso é complexo, mas
é crucial acabar com estas situações. São os orçamentos dos concursos que estão
errados de base? Surgem obras adicionais porque todo o projecto foi mal
pensado? Ou os gestores do projecto gastaram à tripa forra?
Existe finalmente o
caso da corrupção pura e dura em que até Isaltino, mesmo depois de condenado,
não é preso. O contrato da auto-estrada do Pinhal Interior foi assinado no
próprio dia em que o Governo de Sócrates – aflitíssimo – teve que pedir ajuda
ao PSD para um pacote alargado de contenção orçamental. Assinar este contrato
naquele contexto é uma tal aberração que é inteiramente legítimo suspeitar que
foi assinado por corrupção. Investigar a assinatura daquele contrato também é
judicialização da política?
A judicialização
genérica da política não é uma boa ideia, sobretudo tendo em atenção o estado
em que está a justiça em Portugal. Mas não se compreende nem aceita tanta
impunidade na acção política.
Resolução de São Petersburgo sobre
as tendências anti família da Organização
das Nações Unidas
Numa audiência
pública no fim do ano passado, 126 organizações civis, sociais e não
governamentais da Federação Russa e da Ucrânia aprovaram a «Resolução de São
Petersburgo Sobre os Rumos Anti-Família das Nações Unidas». Alexey Komov
(representante do Congresso Mundial das Famílias na Rússia e na Comunidade dos
Estados Independentes) teve um papel importante na elaboração da Resolução, que
dispõe, entre outras coisas:
«Estamos convencidos
de que a família natural (tradicional), traçada na natureza humana e baseada na
união voluntária de um homem e de uma mulher na aliança vitalícia do casamento,
cujo propósito é a geração e criação de filhos, é a unidade colectiva natural e
fundamental da sociedade’».
«O lugar da família
na história e na vida de todas as sociedades humanas é absolutamente única, e
nenhuma outra forma de relacionamento doméstico pode ser vista como de igual
valor e estatuto. Qualquer tentativa de prever igualdade de estatuto para
qualquer outra forma de relacionamento doméstico, em especial as uniões entre
pessoas do mesmo sexo, é socialmente destrutiva».
«Estamos convencidos
de que a família tradicional, o casamento, a geração e a educação dos filhos
são elementos inseparáveis uns dos outros».
«A separação
artificial da geração e da educação de filhos da família tradicional, da vida
familiar e do casamento viola os direitos genuínos da criança e causa a
destruição de qualquer sociedade».
«Estamos convencidos
de que as crianças possuem um direito inato de nascerem na sua família natural (tradicional),
de um homem e uma mulher casados, e de viverem com os seus pais e serem criadas
por eles, ou seja, com o seu pai e a sua mãe naturais. Mãe e pais são o modelo
de vida para seus filhos, principalmente no que concerne à vida familiar, que
obedece à natureza humana».
«Estamos seriamente
preocupados com as acções de algumas organizações internacionais nos últimos
anos, agindo contrariamente aos interesses de povos soberanos e manipulando a
noção de 'direitos humanos' para criar artificialmente os assim chamados
direitos que antes eram desconhecidos e não possuem fundamento na natureza
humana nem na natureza da sociedade, como ‘direito ao aborto’ e o ‘direito de
escolher sua orientação sexual e identidade de género’. Na realidade, não
existem tais direitos no direito internacional, seja por uma obrigação
decorrente de tratado ou pelo direito internacional público costumeiro».
«Em particular,
estamos bastante preocupados com o facto de que hoje, sob o pretexto de
defender os direitos das crianças sob uma interpretação ilogicamente ampla e
alguns ‘direitos humanos’ recentemente fabricados (como os ‘direitos sexuais’),
com o apoio da ONU e de seus organismos, a cultura tradicional da vida familiar
(que inclui a educação das crianças nesse contexto) está a ser sistematicamente
destruída por muitas pessoas, incluindo algumas do nosso próprio país».
«Insistimos em que
os Estados devem respeitar o papel e a posição única que os pais naturais
(biológicos) possuem nas vidas das crianças. Quaisquer interpretações de
qualquer posição dentro do direito internacional ou nacional devem reflectir a
suposição natural de que os pais naturais costumam agir de boa fé e conforme os
interesses dos seus filhos. Os direitos dos pais com relação aos seus filhos
são naturais e não 'concedidos’ a eles pelo Estado ou por qualquer organismo
nacional ou internacional».
«Temos também uma
grande preocupação a respeito da recusa em proteger o direito à vida da criança
no útero sob o pretexto do invertido ‘direito ao aborto’ da mulher. Estamos
cientes de que ‘no que concerne aos factos científicos, uma nova vida humana
começa na concepção’ e que ‘desde a concepção, cada criança é, por natureza, um
ser humano’. Crianças em gestação são seres humanos e, portanto, há uma
obrigação dos Estados sob o direito internacional de proteger as suas vidas da
mesma forma que a de qualquer ser humano. Ao mesmo tempo, não existe um direito
ao aborto no direito internacional, seja por meio de tratado ou pelo direito
internacional público costumeiro».
Entre os 126
signatários estavam: Representante do Congresso Mundial das Famílias na
Federação Russa; filial regional de São Petersburgo do movimento público «União
das Mulheres Russas – A Esperança para a Rússia»; filial regional de Tula da
organização pública «Pela Vida e Defesa dos Valores Familiares»; Irmandade
Cossaca em Nome e Exaltação da Cruz; Comissão Pública em Defesa da Família,
Infância e Moralidade da Cidade de Sarov em Oblast de Níjni Novgorod; Centro
Médico e Educacional Ortodoxo «Zhizn» em São Petersburgo; Grupo de Trabalho no
Parlamento Russo pela Defesa das Famílias e das Crianças; organização pública
«Comunidade de Grandes e Adoptivas Famílias da Rússia - Muitos Filhos é algo
bom!»; União dos Advogados Ortodoxos; Organização Desportiva e Patriótica «Rus»
e Organização Pública «Ucrânia Cristã».
A provocação de Mexia
Helena Cristina
Coelho, Diário Económico
O problema tem um nome e um número: chama-se défice tarifário energético e custa 3,2 mil milhões de euros. É esta a medida do fosso entre aquilo que custa a energia consumida em Portugal e aquilo que efectivamente os portugueses pagam.
O problema tem um nome e um número: chama-se défice tarifário energético e custa 3,2 mil milhões de euros. É esta a medida do fosso entre aquilo que custa a energia consumida em Portugal e aquilo que efectivamente os portugueses pagam.
O problema tem, pelo
menos, três soluções: cobrar mais impostos, agravar a factura dos clientes ou
aplicar taxas às produtoras de energia. As duas primeiras vão directas à
carteira de contribuintes e consumidores, a terceira é uma golpada nas receitas
das empresas. Não é preciso ser bruxa para adivinhar as reacções que se
seguiram à decisão da «troika» quando recomendou ao Governo que seguisse pela
terceira via. Para a maioria dos portugueses, era um alívio, ainda que
temporário, dos seus castigados orçamentos. Para as grandes produtoras de
energia, foi uma declaração de guerra. Na corrida contra o excesso de subsídios
e apoios estatais à produção energética, este foi o cavalo de batalha em que
Henrique Gomes também apostou. O homem que liderou a pasta da energia até à
última semana, entrou em campo movido por uma causa. Primeiro, tentou negociar
com as empresas, nomeadamente com a EDP, para reduzir a factura dos Custos de
Manutenção de Equilíbrio Contratual, que rendem à empresa liderada por António
Mexia uma fatia generosa de receitas. Fracassadas as negociações, em Setembro
do ano passado, o Governo pensou em lançar uma contribuição especial sobre a
produção de electricidade. Um mês depois, deixa cair a ideia. Pelo caminho, há
um secretário de Estado que exige uma revolução e se vê barricado, há um
ministro das Finanças que torna essas mudanças reféns de uma venda da EDP, e
ainda um primeiro-ministro que negoceia tréguas para manter as águas serenas. E
agora, feita a privatização, nada pode mudar, porque devia ter mudado antes. A
história dos últimos dias provou que o ministério da Economia - e o seu
secretário de Estado, Henrique Gomes - apostaram no cavalo certo, mas foram
abatidos antes de tempo. Só que o problema mantém-se: chama-se défice tarifário
e a meta do Governo é reduzi-lo a zero até 2020. Para chegar lá, seria um
trunfo precioso contar com um aliado como António Mexia. Não aquele que hoje é
presidente da EDP, mas sim o António Mexia que, em 2006, quando integrou o
Compromisso Portugal, assinou um texto «provocatório» onde defendia que «a
ambição que é hoje obrigatória para Portugal, exige em muitos casos grandes
transformações ou mesmo rupturas com modelos e formas de funcionamento
anteriores». Mais, dizia o gestor, "terão que se assumir sacrifícios no
curto prazo por forma a obter vantagens no médio prazo, devendo esta geração
evitar carregar inutilmente as próximas". Provavelmente, esqueceu-se de
acrescentar uma nota ao seu próprio texto: «Desde, claro, que isso não toque
nas receitas da EDP...»
terça-feira, 20 de março de 2012
Mudar ou triturar?
João Cândido da
Silva, Jornal de Negócios
Entre os políticos,
a coerência não é um ponto forte. Perante as conveniências conjunturais, esta
virtude até pode transformar-se num estorvo. Os exemplos são abundantes. E
Pedro Passos Coelho acaba de acrescentar mais um.
O ponto de partida
está no livro que o actual primeiro-ministro publicou em Janeiro de 2010, pouco
mais de um ano antes de se candidatar à liderança do Governo e de conseguir
alcançar o objectivo. Logo no arranque da obra, com letra branca sobre fundo
negro, o autor de «Mudar» condenava os maus hábitos dos políticos
quando têm de se relacionar com a verdade. E criava a expectativa de que,
consigo, as práticas seriam diferentes.
Na época, o País já
estava a caminho do abismo. Mas o Governo assobiava para o lado e prometia o
paraíso. Crítico, Passos Coelho afirmava: «apesar de, frequentemente, os
políticos não terem o hábito de dar as más notícias às pessoas, talvez por
recearem que as mensagens acabem por matar o 'mensageiro', a informação
abundante sobre a realidade que nos rodeia e a nossa própria experiência
impedem-nos de fechar os olhos aos graves problemas que têm surgido».
Pois bem. Era uma má
notícia aquela que Henrique Gomes iria anunciar se, a 7 de Março passado, não
tivesse sido impedido de intervir numa conferência. Responsável, no Governo,
pela correcção das rendas excessivas pagas pelos contribuintes que alimentam as
demonstrações de resultados dos produtores de energia, o ex-secretário de
Estado da Energia tinha um aviso importante para fazer à opinião pública. Os
preços da electricidade poderiam subir mais de 10% em 2013. E o agravamento da
factura até poderia chegar a 30%, caso não houvesse um diferimento da
liquidação de uma das categorias de subsídios que beneficiam o sector
energético.
Sabe-se, agora, como
a história acabou. Ao contrário do que Pedro Passos Coelho preconizou na
abertura do livro em que expôs o seu diagnóstico e as suas reflexões sobre os
caminhos de saída para os problemas do País, não só as más notícias foram
censuradas, como o «mensageiro» viu decretado o seu óbito político.
Talvez porque, como Henrique Gomes explicou, lutar por uma causa em que está em
jogo combater benefícios injustificados que uns obtêm à custa dos bolsos de
muitos outros é uma causa merecedora de mais dedicação do que a baixa política
que se limita a gerir interesses, nem que para isso tenha de se vergar.
Tudo isto podia ser
catalogado como apenas mais um episódio infeliz num acidentado período de duas
semanas em que o Governo deu sinais preocupantes de ser uma casa onde há muita
gente a mandar vir, mas em que não se sabe quem manda. E seria injusto
generalizar, porque verdades e más notícias são terrenos que o Governo não
hesitou em pisar noutras ocasiões, colocando a sua popularidade no cepo. Mas
se, em política, o que parece é, o tema tem outras leituras.
A primeira tem a ver
com as prioridades estabelecidas pelo Governo. Renegociar rendas, na energia ou
noutro sector, é uma das tarefas mais difíceis da actual governação, porque os
beneficiários souberam assegurar os seus privilégios. Pior, ainda, ficou o
cenário, pelo facto de a privatização da EDP se ter realizado antes da revisão
dos contratos que a beneficiam, o que acrescentou um cadeado à corrente que ata
o Estado de pés e mãos. Depois, é certo que ficaram as promessas de que as
rendas são para cortar. Mas também ficou a dúvida sobre se o Governo está
determinado em alargar os sacrifícios aos accionistas da EDP ou se apenas tem
força para triturar secretários de Estado com objectivos e vontade de os
realizar.
É preciso decidir se queremos ter FFAA ou não!
Brandão Ferreira
«Uma Força Aérea sem munições é
apenas um aero – clube muito dispendioso».
«É preciso decidir se
queremos ter FFAA ou não!»
Da gíria aeronáutica
Estas são duas
frases recorrentes, que se ouvem nos últimos 35 anos! Já não há pachorra.
Ultimamente houve
mais umas quantas personalidades gradas, que voltaram a por a questão.
Não há pachorra,
pois as frases – passem a irresponsabilidade que encerram – querem dizer tudo e
não querem dizer nada e não significam grande coisa a não ser um quase encolher
de ombros resignado ou um «passar de bola», que não lhe pertence.
São frases perigosas
e não surtem efeito algum.
São ainda, em rigor,
uma mentira.
E são uma mentira
pois o poder político, com a Nação supostamente representada na AR, aprovou uma
Constituição onde está definida a missão – em senso lato – das FAs e o seu
posicionamento na esfera do Estado.
Depois, por haver
uma Lei de Defesa Nacional e demais Leis que regulamentam o seu funcionamento,
dependências e estrutura; o Conceito Estratégico de Defesa Nacional que
enquadra a sua actuação e o Conceito Estratégico Militar, que define as
missões, a ameaça e o conceito militar de acção, donde decorre o dispositivo e
o sistema de forças.
Finalmente existem
as Leis de Programação Militar que devem providenciar o armamento, equipamento
e munições.
Não falta, pois,
definição e enquadramento legal q. b.; isto é claro como água apesar de estar
sempre a mudar – o que já de si é mau.
O problema não está
aqui, o problema é que tudo isto é uma grande mentira, pois ninguém está
interessado em que alguma coisa funcione, mas sim em reduzir tudo à ínfima
espécie…
Por isso o
diagnóstico está errado: não é necessário definir o que se quer, o que é
urgente é consubstanciar e tornar operacional o que se define…Ora é exactamente
isto que é escamoteado, constantemente, quer seja por políticos, comentadores,
chefes militares, etc.
Estamos, apenas,
perante mais uma variante da história do rei que se passeava nú…
Conhecem algum
Ministro da Defesa ou PM, que não tenha repetido qualquer coisa deste género:
Que têm muito apreço pelas FFAA, que o País precisa de FFAA, mas estas precisam
ser pequenas (?),bem equipadas (?), modernas (?), bem armadas (?),projetáveis
(?), blá, blá, blá. Alguns até acrescentam outros adjectivos de que nem devem
saber o significado.
E o que fizeram até
hoje? Isso mesmo, tornaram-nas mais pequenas, até já terem um tamanho que deixe
de fazer qualquer nexo (mudam os governos mas ficam os 3«R»:reduzir, reduzir,
reduzir). Perceberam?
O que é necessário
entender a seguir são as razões porque tudo se tem passado assim (porque tudo
se tem passado assim!).
As razões são fundas
e não posso explicitá-las todas, mas deixo algumas evidências: o embuste e má
vontade política; o não querer encarar as coisas importantes para o País em
detrimento das trivialidades da luta político-partidária e o império dos
negócios; a ignorância e os preconceitos da maioria da «intelectualidade»,
sobre estes temas; a espantosa despreocupação da opinião pública, sobre os
mesmos e a total incapacidade da elite militar em lidar com todas estas
situações.
Cada uma destas razões
dava resmas de escrita.
Em conclusão,
enquanto não houver uma desgraça qualquer, ou uma qualquer ruptura com o
«statuos quo», não passaremos disto. Porque, em boa verdade ninguém quer passar
disto…
Existe, porventura,
uma maneira económica, correcta, legal, educada, sensata, de se minorar o
estado a que chegámos e, até, simples:
Os chefes militares
(não um, mas todos – e com os restantes generais e almirantes com eles), vão ao
«Comandante Supremo» e entregam-lhe um estudo de estado-maior, com várias
opções, do que é possível fazer (missões a cumprir), com os meios disponíveis
(informações, financeiros, pessoal, infraestruturas, armamento, equipamento,
munições, etc.), com as respectivas vantagens, inconvenientes e consequências.
De seguida o Governo
teria que assumir o que deseja manter e cortar e ir ao Parlamento assumir as
decisões perante a população. Aliás, já há muito tempo que isto se devia ter
feito.
Só os chefes
militares podem provocar isto, pois não parece haver coragem nem interesse, em
nenhuma força política - ou outra – em tocar no assunto.
Mais ainda, se o não
fizerem, além de irem assistir ao asfixiamento da Instituição Militar (que
deviam representar), e à sua desmontagem peça a peça, ainda irão ser acusados de
negligência quando algo falhar no futuro, nem que seja por inanidade.
Deixem-se de frases
ocas e banais e actuem. Cortar repetidamente na qualidade de vida das tropas é
injusto – sobretudo perante os ganhos pornográficos dos «Mexias» cá do burgo –
não resolve nada e só chateia «branco».
Fazer nada, deixou
de ser opção.
domingo, 18 de março de 2012
Encontro Oliventino de Escritores Portugueses e Estremenhos
Escritores portugueses e estremenhos debaterão em Olivença
Na próxima sexta-feira, 23 de março, pelas 19 horas,celebrar-se-á, no
convento de São João de Deus, o primeiro Encuentro/Encontro Oliventino de Escritores Portugueses e Estremenhos. O acto está organizado pela associação cultural Além Guadiana e por Traz Traz Serviços Raianos, com a colaboração da Câmara Municipal de Olivença.
No encontro, de inscrição gratuita, reunir-se-ão cerca de vinte criadores literários, de âmbitos como o romance, a poesia, o conto, etc., de ambos os países. Haverá uma mesa redonda com a apresentação dos autores e das suas publicações, bem como uma segunda mesa,onde será abordada a situação da literatura de ambos os lados da fronteira. Além disso, serão mostrados testemunhos da tradição oral em português oliventino e da literatura modelada no artesanato, enquanto o encontro será acompanhado por uma zona de exposição e venda de livros assinados pelos autores.
Após esta jornada, e como atividade opcional, terá lugar,no Hotel Palacio Arteaga, um Jantar Literário amenizado pelo músico português Dio.
Esta iniciativa constitui mais uma prova do interesse dos oliventinos por valorizar a suas raízes culturais portuguesas, como também por reforçar a condição de Olivença como lugar de encontro de culturas, neste caso com o ponto forte na língua e na literatura.
Para mais informações ou para se inscrever no Encontro ou no Jantar Literária, os interessados podem consultar o blogue
http://alemguadiana.blogs.sapo.pt e descarregar o programa aqui.
Na próxima sexta-feira, 23 de março, pelas 19 horas,celebrar-se-á, no
convento de São João de Deus, o primeiro Encuentro/Encontro Oliventino de Escritores Portugueses e Estremenhos. O acto está organizado pela associação cultural Além Guadiana e por Traz Traz Serviços Raianos, com a colaboração da Câmara Municipal de Olivença.
No encontro, de inscrição gratuita, reunir-se-ão cerca de vinte criadores literários, de âmbitos como o romance, a poesia, o conto, etc., de ambos os países. Haverá uma mesa redonda com a apresentação dos autores e das suas publicações, bem como uma segunda mesa,onde será abordada a situação da literatura de ambos os lados da fronteira. Além disso, serão mostrados testemunhos da tradição oral em português oliventino e da literatura modelada no artesanato, enquanto o encontro será acompanhado por uma zona de exposição e venda de livros assinados pelos autores.
Após esta jornada, e como atividade opcional, terá lugar,no Hotel Palacio Arteaga, um Jantar Literário amenizado pelo músico português Dio.
Esta iniciativa constitui mais uma prova do interesse dos oliventinos por valorizar a suas raízes culturais portuguesas, como também por reforçar a condição de Olivença como lugar de encontro de culturas, neste caso com o ponto forte na língua e na literatura.
Para mais informações ou para se inscrever no Encontro ou no Jantar Literária, os interessados podem consultar o blogue
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