sábado, 22 de maio de 2010

«Face Oculta»










Felícia Cabrita, Sol

Para convencer o governador civil de Coimbra
a ser candidato à autarquia, Rui Pedro Soares
e Paulo Penedos
prometeram-lhe lugar no Taguspark

Rui Pedro Soares, ex-administrador da PT, disponibilizou-se para garantir a um membro do PS colocação no Taguspark, caso este perdesse as eleições autárquicas em Coimbra.

No âmbito do processo Face Oculta, foi interceptada e transcrita uma conversa telefónica em que Paulo Penedos (membro da Comissão Nacional do PS, vice-presidente da comissão política da concelhia de Coimbra e assessor jurídico da PT) procurou convencer o governador civil, Henrique Fernandes, a aceitar candidatar-se a presidente da Câmara de Coimbra. Este, porém, levantou reservas, pois receava perder as eleições e ficar como vereador – o que não lhe convinha, segundo afirmou, por afectar a conclusão da sua tese de doutoramento.

A conversa foi a 6 de Junho, quando se preparavam as listas de candidatos às eleições autárquicas. Henrique Fernandes, que acumula o cargo de governador civil com a presidência da concelhia do PS/Coimbra, recebeu então um telefonema do seu vice, Paulo Penedos. Este insistia para que se candidatasse – mas Henrique Fernandes, que é professor universitário na Fundação Miguel Torga, tinha «apenas um ano e pouquinho» para entregar a tese de doutoramento. E explicou: «Eu gostava era de uma coisa onde pudesse acabar o doutoramento. É uma questão de brio, sou um eterno doutorado adiado».
O governador civil estava consciente de que tinha «uma vaguíssima hipótese de ganhar». Se ganhasse, tudo bem («põe-se lá um bom segundo e depois, com ordens dadas como deve ser, como no Governo Civil, a coisa endireita»). Mas «o problema é que, se um gajo perder, não fica bem na fotografia, dizer assim: ‘Eh pá, eu não sou candidato a vereador, portanto tenham um bom dia’».

Penedos prometeu-lhe então que, se se candidatasse e perdesse, ele próprio se responsabilizaria por lhe arranjar um lugar numa empresa que suportasse as suas despesas enquanto estivesse a fazer o doutoramento: «Pelo menos metade do que tu dizes que precisas eu responsabilizo-me por arranjar. Não tenho dificuldade, nas empresas com que me relaciono, de resolver isso. Precisávamos era de ter a garantia de que os outros gajos arranjavam um lugar não executivo que desse o mesmo».

De seguida, pergunta a Fernandes: «Quanto é que vencem os administradores não executivos na sociedade Metro Mondego?». O governador civil responde: «Não faço ideia, mas também se pergunta isso no sábado. (...) Pois, a questão do não executivo era a solução, pá. Porque outra coisa qualquer não resolve. Porque obriga a estar, pá».
Após referir a carga horária de um administrador não executivo («uma reunião de conselho uma vez por mês»), Penedos propõe: «Ó Henrique, se o que te separa de aceitar for isso, eu ainda hoje ponho um administrador da PT a garantir-te que tu a seguir, se não te correr bem, serás administrador não executivo do Taguspark».

O governador civil pergunta se o «Taguspark é o Thomati» e Penedos esclarece: «É o CEO, entrou na última assembleia-geral. Pusemos lá o João Carlos Silva, como executivo». Recorde-se que, na sequência de uma certidão extraída do processo Face Oculta, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa acusou entretanto Américo Thomati, João Carlos Silva e Rui Pedro Soares pelo crime de corrupção passiva, no âmbito do chamado caso Figo.

1500 a 2000 euros

À época deste telefonema entre Penedos e Henrique Fernandes, Rui Pedro Soares negociava a compra da TVI pela PT. Segundo as conversas interceptadas, estava-lhe destinado um lugar de administrador executivo na Media Capital, proprietária da estação.

Na conversa com Henrique Fernandes (quando este insistia que o seu problema era o prazo para a entrega da tese de doutoramento), Penedos explicou o que se passava: «O Rui Pedro Soares está na iminência de querer saltar de lá. Por isso, se o que te separa de uma aceitação é isso… Eh, nessa casa dos 1500 a 2000. E depois, se alguém puder ajudar noutra, pronto, já ficavas com uma coisa composta».

Fernandes concordou: «Já. Isso equivalia a uma bolsa, dá perfeitamente. E permite-me depois voltar, não é? Mas vamos ver, vamos ver». E prometeu ligar a Penedos no dia seguinte, para lhe dar a resposta.

Paulo Penedos ligou, entretanto, a Rui Pedro Soares: «Desculpa lá estar-te a chatear. Eu vou-te pedir aqui ajuda porque talvez tu possas salvar aqui esta questão de Coimbra. Se o Henrique Fernandes perder a Câmara – que neste momento é um cenário que podemos admitir – tu achas que durante seis meses, para ele concluir a tese de doutoramento, que nós lhe conseguíamos arranjar uma avença no Tagus, de cerca de 1500 euros?».

«Não há problema»

Soares responde imediatamente que sim e acrescenta: «Mas podia ser ou seis vezes 1500 ou uma vez 7500?». Pergunta a seguir ao interlocutor qual é a formação de Henrique Fernandes e Penedos responde que «é sociólogo». O administrador da PT remata: «Compromete-te. Não há problema».

O esquema não foi posto em prática, já que o PS avançou com outro candidato – Álvaro Seco, que, confirmando os temores de Henrique Fernandes e de Penedos, viria a perder o escrutínio.

Confrontado pelo SOL com as propostas de Paulo Penedos para o lugar no Taguspark, Henrique Fernandes negou ter «alguma recordação dessas conversas». «Se as houve, não passaram de mera efabulação generosa de Paulo Penedos», acrescenta, salientando que, «se ele o fez, não me parece que isso corresponda a um comportamento menos bom».

Em relação ao facto de também não lhe ter respondido com um ‘não’ claro, o governador civil (que entretanto foi reconduzido no cargo) diz que pode ter sido por uma questão de delicadeza: «Nesse caso não lhe disse que não, deve ter sido uma resposta delicada». E terminou dizendo mesmo que nunca teve a ambição de se candidatar à autarquia: «Fui vereador e vice-presidente da Câmara durante dez anos e disse várias vezes a quem me fez essa proposta que a água não passava duas vezes debaixo da mesma ponte».



O Presidente assumiu a lei como sua

José Ribeiro e Castro, DN, 18 de Maio de 2010

Um veto do Presidente seria natural. Desde logo, porque, na sua eleição directa, à primeira volta, não sinalizou esta reforma radical do casamento nas linhas de actuação futura. Na legislatura anterior, Sócrates e o PS rejeitaram esta legislação com esse fundamento - Cavaco Silva faria o mesmo, fiel ao mandato e à legitimidade democrática. Ou podia declarar a sua discordância, como é o seu direito e, mais, o poder constitucionalmente atribuído. Ou podia ter seguido as razões que enunciou na primeira parte da sua mensagem.

O argumento de a Assembleia voltar a confirmar a lei, após um veto, não impressiona. Era certo que o Tribunal Constitucional diria o que disse e o Presidente não deixou de o ouvir.

Se enviasse ao Parlamento o apelo implícito na primeira parte da sua mensagem, cada um assumiria as suas responsabilidades. Assim, foi o Presidente a assumir as suas. Creio que as assumiu mal e no sentido errado. Obrigado que fosse a promulgar, a lei não seria sua. Assim, fê-la também sua.

Desapontou-me. Discordo.


A Rádio Renascença denuncia
a promulgação da lei do «casamento» entre invertidos

Nota de abertura da RR

Se o Presidente da República considera irrelevante o poder de veto que a Constituição lhe confere, mais valia dele prescindir, porque o risco de uma maioria confirmar uma lei que o Presidente vetou existe sempre. Cabe perguntar: a partir de agora não teremos vetos presidenciais ou o Presidente Cavaco Silva só vetará um diploma, quando tiver a certeza de não ser contrariado?


Quanto à situação económica, o Presidente sugere que um veto sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo seria pretexto para não combater a crise; e chega a invocar a ética da responsabilidade política para justificar a sua decisão.

Mas dos argumentos presidenciais, resulta exactamente o contrário: a crise é que surge como um triste pretexto para não vetar o casamento de pessoas do mesmo sexo. Alguém acredita que agora, com esta promulgação, a crise será melhor combatida? E o que fará o Presidente se a crise piorar, apesar da promulgação desta lei? Até onde irá, nessa circunstância, a sua ética da responsabilidade?

Como toda a gente sabe, e o Presidente melhor que ninguém, a crise é antiga, estrutural; e se não foi melhor combatida a outros motivos se deve; muitos, aliás, o têm dito: antes de ser económica, é uma profundíssima crise de valores e de convicções que chega às elites e fragiliza as lideranças.

Sem mudar estilos de vida e de liderança, Portugal não sairá da situação em que se encontra neste momento.

O mero calculismo político nunca resolve crises; pelo contrário, só as agrava.







Sua Eminência?

Nuno Bonneville

José Sócrates, no final do encontro com Sua Santidade, o Papa Bento XVI, referiu-se ao mesmo como «Sua Eminência».

Por três vezes!
 
Como eu sei que a assessoria de José Sócrates não passa um dia sem ler vários blogs que por aí andam e por vezes até lhes vão chegando alguns mail's, deixo aqui um pequeno segredo para contarem ao Primeiro-Ministro:
 
Eminência, do latim eminentĭa, designa pessoa de alta posição social ou reputação; no domínio da anatomia, significa elevação ou saliência, especialmente em osso; é também a forma de tratamento que se usa ao dirigir-se a cardeais.
 
Sua Santidade é o pronome de tratamento próprio para líderes religiosos notáveis, especialmente o Papa.

Vá, vão lá dizer ao Primeiro-Ministro.

O Papa que não sorria

Fernando Madrinha, Expresso, 15 de Maio de 2010











A crise é uma boa desculpa... Serve para tudo

Afonso de Aguiar Perdigão

A propósito da promulgação da lei dos «casamentos» entre invertidos, que esperar de um amoral e amorfo tecnocrata para o qual tudo serve desde que os números suportem e que julga que seguir esta perspectiva é ser competente e «estadista» mesmo que vazio, mas cheio de números desencontrados?...

Se pelo menos tivesse sido um tecnocrata verdadeiramente competente na economia durante os 10 anos em que foi Primeiro-Ministro e tivesse contribuído para que os chorudos capitais vindos da União Europeia não tivessem sido desbaratados em alcatrão e na obra pública o Centro Cultural de Belém de interesse e localização duvidosas que acabou por custar quase oito vezes o orçamentado! Foram feitas obras públicas com derrapagens estrondosas e desperdícios descabidos (apesar de gostar de se apresentar ou é apresentado como um competente e austero economista) tendo também contribuído para destruir a produção agrícola e industrial nacionais e criado o célebre monstro do funcionalismo público, facto denunciado por Cadilhe quando disse que o monstro tem um pai...
É uma imagem vazia com o vencimento e as altas mordomias de Presidente da República, acrescido de duas altas reformas num país onde a maioria da população vive miseravelmente num momento de gravíssima crise devido à falta de visão dos "competentes" governos anteriores, que incluem os 3 governos cavaquistas esbanjadores.

Quando a governação deu para o torto fugiu e candidatou-se desesperadamente à Presidência e perdeu.

Não foram só o Eng. Guterres e o Dr. Durão Barroso que fugiram à governação do País.

A memória do povo é que é curta.

Quanto a costumes a extrema-esquerda não poderia ter Presidente melhor!...

A crise é uma boa desculpa... Serve para tudo.