quarta-feira, 28 de setembro de 2016


As ideias de Trump


Jaime Nogueira Pinto, Diário de Notícias, 26 de Setembro de 2016

Ao contrário dos conservadores do establishment que não se atrevem a pegar nas questões nacionais e a falar aos deplorables, Trump conseguiu chegar aos homens comuns, em guerra com as elites, que os abandonaram.

Segunda-feira, 26 de Setembro, pelas 09:00 da noite (duas da manhã do dia 27, hora de Lisboa), vai dar-se o já chamado «debate do século»: Hillary Clinton versus Donald Trump. O duelo de 90 minutos vai ser moderado por Lester Holt, do NBC Nightly News.

Continuidade e ruptura

O centro da campanha eleitoral é a política interna mas a política externa conta sempre e Hillary procurará levar a conversa para aí — e daí para a alegada ignorância e inexperiência de Trump e para o facto de alguns dos mandarins do establishment republicano e conservador da Defesa, dos Negócios Estrangeiros e da Intelligence o criticarem ao ponto de admitirem cruzar a linha da lealdade partidária. É o que farão o general Brent Scowcroft, ex-NSC de George H. Bush, e Richard Armitage. Também Chester Crocker e Eliot Cohen, sem que tivessem apoiado Clinton, exprimiram já reservas quanto à capacidade geopolítica de Trump.

A política exterior de Hillary será uma política de continuidade, na linha do internacionalismo liberal: business as usual em relação aos seus predecessores — Obama mas também George W. Bush, que, com toda a família, tem combatido Trump. E os Bush contam na Florida, onde Hillary e Trump estão empatados.

Mas terá Trump uma política externa além das invectivas anti-islâmicas e antilatinas? Será Trump apenas um retórico básico, que ameaça tudo e todos com muros e fronteiras, que combate o livre comércio e proíbe os muçulmanos de entrarem nos Estados Unidos?

Joshua Mitchell, politólogo de Georgetown, publicou no Politico Magazine um texto intitulado «Donald Trump does have ideas — and we’d better pay attention to them».

O regresso da fronteira

Começando por citar Tocqueville — «na América as ideias são uma espécie de poeira mental» —, Mitchell enumera os programas políticos reduzidos a slogans das sucessivas administrações: New Deal (Roosevelt), Containment (Truman), New Frontier (Kennedy) War on Poverty (Johnson), Silent Majority (Nixon), Star Wars (Reagan). Para Mitchell, Trump tem de facto ideias, só que são ideias fora ou contra o sistema: contra a globalização, as «identidades», a political correctness e o consenso bipartidário em política externa. Mitchell resume assim o ideário de Trump:

1. As fronteiras e a política de imigração têm importância.

2. Os interesses nacionais devem passar à frente dos chamados interesses globais.

3. O empreendedorismo e a descentralização são essenciais.

4. O discurso politicamente correcto é hipócrita e irrealista e deve ser repudiado.

Depois da vitória na Convenção republicana, Trump teve um péssimo mês de Agosto, causado pelos seus desmandos retóricos contra grupos étnicos, americanos e estrangeiros e pelo seu pronto aproveitamento pelos media.

Hillary ultrapassou-o, assumindo uma liderança confortável, entre oito e dez pontos, mas a partir da mudança da equipa de conselheiros e estrategas, do encontro com o presidente Peña Nieto do México e de uma maior cautela na comunicação, Trump recuperou: não só no confronto nacional, onde está colado a Hillary, como, e mais importante, em swing states, como a Florida, o Ohio e a Carolina do Norte.

Porque é que Trump, apesar de Trump ou pour cause, conta, e porque é que o seu discurso é eficaz? Primeiro porque as fronteiras contam para a identidade política, para a soberania e para a segurança e depois porque a desregulação teve efeitos trágicos na economia e na sociedade americanas, desertificando cidades e regiões industriais. Trump e Saunders pegaram no tema e até Clinton passou a anunciar medidas punitivas para os deslocalizadores e a deixar passar um certo cepticismo quanto aos tratados projectados de comércio livre.

Da imigração

Os Estados Unidos — e o resto das Américas — foram feitos por imigrantes, pelas dezenas de milhões de emigrantes europeus que ali aportaram, entre o fim das guerras napoleónicas e a Grande Guerra de 1914-1918. Michael Cimino, o realizador de The Deer Hunter e de Heaven’s Gate, defendia essa teoria — os americanos eram os imigrantes, melhor, os filhos dos imigrantes. Só que uma coisa foi a chegada às terras grandes e vazias do continente de famílias de europeus cristãos, trabalhadores, cheios de esperança e de vontade de vencer; outra, é a imigração de hoje, tantas vezes controlada por máfias criminosas de passadores e explorada por empresários sem escrúpulos que alimentam o sistema dos ilegais que lhes baixam os custos do trabalho.

O controlo da imigração não é xenofobia é um direito do Estado e os imigrantes já não são aquilo que talvez nunca tivessem sido mas que, ainda assim, ainda era passível de idealização: a bela fraternidade eslava do Deer Hunter, a caçar veados nas frias manhãs da Pensilvânia, em vésperas de partir para o Vietname.

Trump argumenta que a elite bipartidária internacionalista – políticos, banqueiros, jornalistas – redireccionou interesseiramente as lealdades políticas para uma suposta humanidade ou uma vaga consciência universal em vez do que para ele devia estar no vértice da lealdade política: a nação próxima e concreta, a humanidade possível.

Heresia económica

Puxando pelos seus galões (para alguns discutíveis) de empresário de sucesso, Trump sustenta que uma baixa radical dos impostos trará de volta à América capital emigrado para as periferias baratas ou aparcado em paraísos fiscais. Grande parte da sua agenda económico-social contradiz a ortodoxia do GOP, que preza a liberdade de comércio e as virtudes da globalização. Ao defender uma economia regulada, que proteja as indústrias e os empregos americanos na América, Trump sabe que está a incorrer em pecado mortal; sabe também que reincide nas ofensas graves ao mercado livre quando propõe a subida dos salários, a segurança social e a assistência médica, embora com privatização parcial.

Tudo isto lhe valeu a desconfiança de grandes doadores republicanos, como os irmãos Koch. No fim de Agosto, Hillary tinha reunido 542 milhões de dólares e Trump 402 milhões.

Mas além da questão nacional, o ponto em que Trump mais se distingue de Hillary é na guerra à correcção política. Nesse sentido, Trump é muitas vezes o inimigo número um de Trump. Não se pode — sobretudo quando se tem a inimizade de 80% dos media norte-americanos e de 90% dos internacionais — desqualificar um juiz americano porque é de origem mexicana; ou falar em proibir de entrar no país um quarto da humanidade (em que se incluem alguns dos grandes investidores e aliados dos EUA) só porque é muçulmana.

Embora a correctíssima Hillary não se tenha inibido de insultar outros muitos milhões de patrícios seus num círculo de progressistas chiques de Nova Iorque, chamando «deplorables» e racistas aos partidários de Trump, há que considerar o desconto de que beneficia entre os comunicadores, sempre benevolentes para com estes e outros «pecadilhos» da candidata democrata, como as histórias confusas dos e-mails do State Department e da Fundação Clinton.

De um modo rude, às vezes brutal, às vezes errático, Trump pegou na outra realidade política. Os Estados Unidos e a Europa são orientados intelectualmente por um pensamento único, que soube e sabe apresentar os seus preconceitos ideológicos como princípios nobres e verdades universais. A Realpolitik que voltou a regular o mundo é tabu no Ocidente. Daí a revolta das classes médias e trabalhadoras.

O candidato Trump tem ares e modos de spoiled child, de filho de pai rico, arrogante, extravagante e solipsista. Hillary é de outro género – uma mulher fria, determinada e ambiciosa, uma Lady Macbeth que joga todas as cartas, até a feminista. Qualquer um dos dois tem mais inimigos do que amigos entre os eleitores.

No entanto, ao contrário dos conservadores do establishment que não se atrevem a pegar nas questões nacionais e a falar aos deplorables, Donald Trump conseguiu chegar aos homens comuns, em guerra com as elites, que os abandonaram. Até talvez por ser um filho pródigo dessas mesmas elites, um outcast aventureiro, um extraterrestre a quem tudo é censurado mas logo depois também desculpado. A 9 de Novembro saberemos o fim desta história.






Que PS vamos ter?


João Marques de Almeida, Observador, 25 de Setembro de 2016

Enquanto o PS não se reformar, e deixar de ser o partido moldado por Sócrates e por Costa para estar no poder a todo o custo, será um problema, e não uma solução, para Portugal.

Esta é, para mim, a questão central da política portuguesa. Bem sei que a Mariana Mortágua excita muita gente, como se viu na semana que passou (e, especialmente, os meus e as minhas camaradas de escrita do Observador). Mas, e espero que a Mariana não leve a mal, as suas intervenções públicas recentes foram irrelevantes. O apelo ao fim do capitalismo apenas confirmou o que muitos de nós, no Observador, temos escrito nos últimos meses. O Bloco de Esquerda é um partido marxista. É natural que uma política do BE defenda o fim do capitalismo. Alguma surpresa? Não o sabíamos? Ficaria admirado com o contrário. Se um dia a Mariana Mortágua defender a City e os grandes bancos, isso seria notícia. Admito que o PM se tenha interrogado se afinal o BE saltou o Muro. Quanto ao resto, nada de novo.

Se o apelo ao fim do capitalismo não constitui qualquer novidade, o anúncio de um novo imposto imobiliário é irrelevante. Como bem disseram vários dirigentes socialistas, é ao governo que compete definir a política fiscal. Se o executivo de Costa não quiser, não haverá novos impostos. Isso é que conta.

Chegamos assim às questões relevantes: que partido é o PS hoje? O que quer para o país? Todos sabem o que é o PCP e o que quer. No outro lado do sistema politico, também se sabe o que o PSD e o CDS pensam e o que querem para Portugal. Mas sobre o PS, não se sabe. Fez campanha eleitoral contra o aumento da dívida pública, mas esta não pára de subir desde que Costa chegou a São Bento. O PS passou quatro anos a atacar a obsessão com o défice do anterior governo, mas mostra agora a mesma preocupação. Afirmou que a economia cresceria com o consume interno, mas agora mostra gráficos para dizer que é o campeão das exportações. O PS continuará a ser um partido europeísta empenhado no respeito pelas regras do Euro? Ou será um partido aliado do Syriza nas pretensões de mudar as regras da zona Euro? Não é possível estar com todos durante muito tempo. Mais tarde ou mais cedo, estas contradições terão custos políticos elevados, para o PS e para Portugal.

Mas os problemas do e com o PS não começaram com a geringonça. Convém não culpar a aliança com o BE e com o PCP por tudo o que de negativo existe com os socialistas. O PS começou a mudar com os consulados de José Sócrates. A identidade ideológica tornou-se secundária, senão mesmo irrelevante, e o partido tornou-se essencialmente uma força de poder. Sócrates não é um político de direita, nem de esquerda; é um homem de poder. A sua popularidade no PS resulta mais do seu lado tribal do que de uma dimensão ideológica socialista ou social-democrata, que nunca teve e jamais terá. E, como mostraram os últimos dias, depois de Costa, Sócrates ainda é a segunda figura com mais poder no PS.

Costa continuou o projecto socrático. O seu PS é acima de tudo uma força política de poder. A formação da geringonça não resultou de uma viragem para a esquerda, mas da necessidade absoluta de regressar ao poder, custasse o que custasse. Entre 1995 e 2011 (16 anos), o PS só esteve fora do governo durante dois anos. O partido de 2011 não tem nada a ver com o partido de 1995. Ninguém sabe o que aconteceria ao PS se estivesse oito anos seguidos fora do poder. Mas foi claro em Outubro passado que essa hipótese aterrorizou os socialistas e resolveram fazer a única coisa que poderia ser feita para voltarem ao governo. Não foi apenas Costa que quis ser PM, o partido quis ser governo com a mesma vontade desesperada do seu líder. Se um dia Passos Coelho deixar de ser líder do PSD, se o PS for o maior partido e a nova liderança do PSD estiver disponível, Costa fará um bloco central com a mesma naturalidade com que se aliou ao PCP e ao BE. A geringonça é uma aliança de poder, não é uma coligação ideológica.

Se aparentemente o PS parece estar a aproximar-se do esquerdismo do BE, na verdade o Bloco é que está a caminho de se tornar num partido de poder, deixando de ser apenas uma força de protesto. O embrulho tem tons ideológicos, mas a substância é o poder. O discurso ideológico do BE apenas esconde a sua transformação em partido de poder. E não haja dúvidas. Estarão dispostos a aceitar qualquer exigência de Bruxelas em relação ao Orçamento para continuarem no poder. A Mariana foi pedir ao PS para se transformar, mas no fim o PS é que mudará a Mariana, como ela bem sabe. Eles ainda não saltaram o Muro mas Costa é capaz de acabar por ter razão. Um dia vão mesmo saltar.

A redução do PS a partido de poder tem duas consequências nefastas para o país. Só abandona o governo quando chega o desastre. Foi assim com o «pântano» de Guterres em 2002 e com o resgate de Sócrates em 2011. Costa sairá quando ocorrer um novo desastre. E costuma ser repentino. Em segundo lugar, e mais grave, o PS tornou-se num partido anti-reformista, quando o país precisa de reformas com urgência. É o partido do status quo e uma força política profundamente conservadora. O PS quer estar no poder para manter tudo como está. O PS é tudo ao mesmo tempo, capitalista e anti-capitalista, nacionalista e europeísta, aliado de Tsipras e de Merkel, e tudo fará para estar no governo. Enquanto o PS não se reformar, e deixar de ser o partido moldado por Sócrates e por Costa para estar no poder a todo o custo, será um problema, e não uma solução, para Portugal. Nem depois do que aconteceu entre 2009 e 2011, o PS foi capaz de mudar. Este é o problema dramático da política portuguesa. Esqueçam os discursos da Catarina e da Mariana. São exercícios irrelevantes.





segunda-feira, 26 de setembro de 2016


A bloquização do PS


André Azevedo Alves, Observador, 24 de Setembro de 2016

O PS está a atirar para o caixote do lixo o seu legado na construção do actual regime democrático, feita contra a mesma extrema-esquerda revolucionária de que passou a depender para se manter no poder

À medida que a realidade diverge cada vez mais das previsões e promessas do PS e que o descarrilamento das contas públicas face aos objectivos traçados para o défice e para a dívida se torna cada vez mais evidente, não surpreende que a discussão sobre o agravamento de impostos esteja na ordem do dia. É verdade que esse agravamento de impostos viola também o que o PS prometeu aos eleitores mas desde o início de funções do actual governo se percebeu que a inversão das políticas anteriores e a distribuição de benefícios pelos grupos e interesses favoritos da «geringonça» implicaria o agravamento da factura apresentada aos contribuintes. Nada de novo ou particularmente surpreendente nesta frente, portanto.

Aquilo em que a exibição de Mariana Mortágua numa conferência promovida pelo PS constituiu novidade foi a forma como a discussão sobre o aumento da carga fiscal que se perspectiva foi colocada. Com retórica mais própria de um assaltante à mão armada do que de um parlamentar numa democracia liberal, a deputada Mortágua não podia ter sido mais clara nas instruções que deu à sua audiência socialista: «a primeira coisa que temos de fazer é perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro».

Não é uma declaração irrelevante porque o Bloco de Esquerda já não é apenas um partido de protesto que integra vários movimentos de extrema-esquerda. Não é irrelevante porque com a «geringonça» o BE – tal como o PCP – passou a ser um partido com influência directa sobre a governação do país. Não é irrelevante porque a retórica inflamada e revolucionária de Mariana Mortágua foi aplaudida pela audiência presente na conferência organizada pelo PS e porque a liderança desse mesmo PS não se demarcou de imediato dessas declarações (ainda que, honra lhes seja feita, ainda resistem algumas vozes dentro do PS que o fizeram).

Mas Mariana Mortágua foi ainda mais longe: proclamou bem alto a necessidade de uma alternativa ao capitalismo e explicou que a causa da pobreza é a existência dos «ricos». Queixou-se de que as suas declarações foram distorcidas uma vez que taxar riqueza acumulada não seria a mesma coisa que taxar poupança. Em sentido estrito, trata-se de uma afirmação verdadeira: se a riqueza acumulada em causa for resultado de um crime – por exemplo, de um assalto a um banco – não estamos perante poupança. Mas, no contexto das actividades económicas lícitas, a acumulação de riqueza dá-se precisamente por via da poupança.

O ataque de Mariana Mortágua contra a poupança esconde por isso um outro julgamento: o de que a generalidade da actividade económica no contexto dum sistema capitalista é intrinsecamente ilegítima. Só isso justifica a condenação generalizada da acumulação da riqueza. Juntem-se as declarações de Mortágua à afirmação por parte de Catarina Martins de que comprar casa não é investimento e aos planos para dar acesso ao fisco aos dados de quem tenha contas bancárias que superem os 50 mil euros e ficamos com uma ideia mais clara das intenções e objectivos da «geringonça» neste domínio.

Sinalizar que se pretende, em última instância, expropriar por via fiscal as poupanças acumuladas pelas famílias (sejam sob a forma de depósitos bancários, casas ou outras) não é apenas economicamente irracional e financeiramente suicidário para o Estado português na situação actual. É também sintomático do movimento de radicalização da esquerda que a «geringonça» colocou em marcha. Já não se trata «apenas» de uma questão de maximizar o saque fiscal no contexto de uma economia de mercado com pesada intervenção do Estado. Com a «geringonça» a discussão está gradualmente a mover-se para campos progressivamente mais radicais: trata-se agora de colocar na ordem do dia da governação as ambições revolucionárias de longa data da extrema-esquerda.

Em 2009, o socialista João Galamba ainda se demarcava claramente das ideias, propostas e métodos da extrema-esquerda: «É uma fantasia achar que se resolve o problema da pobreza e das desigualdades criando um escalão de 45% de IRS e um imposto sobre as grandes fortunas. Os nossos problemas também não se resolvem nacionalizando a banca, os seguros e o sector energético — e muitos menos se resolvem introduzindo mecanismos de controlo administrativo e burocrático dos juros. Em tudo o que cheire a economia a solução do BE é sempre a mesma: estatismo e penalização da iniciativa privada.»

Em 2016, o primeiro-ministro António Costa já não tem qualquer pudor – Mariana Mortágua certamente terá aplaudido a falta de vergonha – em descrever o seu modelo de sociedade usando deliberadamente terminologia marxista e o PS parece estar num processo de bloquização acelerada. Pelo caminho, o PS atira para o caixote do lixo o seu próprio legado na construção do actual regime democrático contra a mesma extrema-esquerda revolucionária de que passou a depender para se manter no poder. Um caminho que pode arrastar Portugal para um desfecho bem mais grave do que um segundo resgate.

https://www.youtube.com/watch?v=kNUB3yp3Gfk