João José Brandão Ferreira
“É preciso uma espada tendo ao lado um pensamento”
Chegados a mais um bloqueamento político do sistema em que nos (des) governamos (como já os houve em 1828, 1834, 1851, 1890, 1910 e 1926, só para citar estes), natural se torna que o passo seguinte – até por ser o mais fácil – seja a marcação de novas eleições legislativas. “Devolver a palavra aos eleitores” e ou “ao povo”, como amiúde se ouve dizer, nas arenas políticas e nos palcos de opinião publicada.
Mas em boa verdade o que significa “devolver a palavra aos eleitores?” Significa isto: contar novamente os votos das forças partidárias que se apresentem a escrutínio, para se saber quantos membros de cada uma – depois de escolhidos pelas respectivas direcções – se sentarão numa sala em hemiciclo outrora convento beneditino. Aqui começam as falácias: primeiro, a votação recairá, em 95% dos casos, nos cinco partidos já com assento parlamentar dirigidos por gente que há décadas nos enchem as pantalhas televisivas – ou seja não há verdadeiramente uma escolha.
De facto, o povo não fala nada, quem fala são eles… E, apesar de se afirmarem muito republicanos, o rejuvenescimento das famílias partidárias, quase seguem os ditames monárquicos e sem excluírem completamente a descendência natural.
Mal comparado, é como se fossemos a uma casa de passe, onde para a escolha das profissionais de vida “fácil” tivéssemos uma infectada com sarna, outra com sífilis, aqueloutra com tuberculose, uma com lepra e, finalmente, uma outra com peste. Esta última, creio, já todos identificaram.
De todas elas, quem é que o leitor escolhia?
Pois, é como eu. Aqui não se trata de qual o mal menor. São todos males maiores.
Como a casa de passe funciona em regime de quase monopólio, não deixam abrir outras, logo não temos alternativa. É uma “Democracia” de passe limitado…
Podíamos tentar levar as “doentes”, a uma espécie de hospital ali para os lados de Belém, mas o médico de serviço, logo diz que não as consegue curar nem, tão pouco, está para isso. Elas que se curem sozinhas ou, então, que se entendam sobre a melhor cura. E como se recusa a procurar na cidade (não existem apenas casas de passe na cidade!), gente limpa e sã como alternativa às inquinadas, nós todos, que somos o tal povo, estamos tramados pois não temos alternativa onde aplicar a nossa voz rouca e sumida. E o tal papelinho do voto. Ainda por cima, à força de muitos anos de maus exemplos e mentiras, já temos dúvidas em distinguir a integridade da malandragem…A descrença é universal, com excepção das clientelas frequentadoras dos tais “lupanares”.
Ou seja estamos à mercê de um qualquer proxeneta ou de uma “madame” quer seja nacional ou estrangeira, sendo que, estes últimos, cada vez metem cá mais o bedelho e cobram a dízima. As instituições nacionais e a população em geral, estão aturdidas, acobardadas e de mão estendida. E, por isso, inermes.
Ou seja, o povo não tem, de facto, voz. A campanha eleitoral – para quem tiver a paciência de acompanhar – vai ser penosa e nenhuma solução daí resultante, vai ser solução. Vai apenas ser uma algazarra anárquica onde os intervenientes se vão atacar mutuamente sem qualquer substância ou verdade. E onde todos invocam o interesse nacional sem ninguém o ter definido.
Vamos ter que beber o cálice do fel até ao fim.
No entretanto vamos ter que passar pela experiência de ter cá o FMI/Banco Europeu, da mesma forma que já tivemos o Junot no alto de Santa Catarina, em 1807, e o embaixador inglês presente em Conselhos de Ministros, no século XIX. Eu que até tenho a mania que sou patriota, vou curvar-me (para já) perante isto: é que este é que é o mal menor: obrigam-nos a entender à força, põem ordem nas finanças, obrigam a alguma disciplina e estragam uns quantos negócios de conveniência. E talvez venhamos a saber, por outros, do verdadeiro estado desgraçado a que chegámos, já que os políticos portugueses que o causaram não têm a decência de o revelar e assumir.
E estas são as verdadeiras razões pelas quais, uma mão cheia de infectados das doenças contagiosas atrás descritas, se têm oposto à ajuda externa.
A alternativa a isto teria que passar por se sair do Euro e da UE, fechar as fronteiras, impor alfandegas, suspender o pagamento da dívida (ela é em grande parte fruto da especulação e metade do dinheiro que “existe” é virtual), até a conseguir renegociar em termos estáveis e equilibrados e pôr o país a trabalhar. E pôr o país a trabalhar é, em primeiro lugar, garantir que há água (vinho já vimos que há muito e bom!), alimentos e uma qualquer forma de energia, pois sem estas coisas básicas ninguém sobrevive.
E, claro, fazer como na Islândia, ou seja meter na prisão (embora merecessem mais), os provados responsáveis pelo dolo efectuado.
Se, porém, alguém tiver uma ideia melhor das aqui expressas, por favor indique-as.
Até porque, se o “estado de direito” continuar a não se dar ao respeito nem a permitir resolver as grandes questões nacionais, será quase certo que os artigos 325 e 326 do Código Penal (Crimes contra a realização do Estado de Direito), sejam infringidos…
A Instituição Militar tem que ser preservada e deixar de ser aniquilada como tem sido. Os chefes militares têm nisto especial responsabilidade.
É a “última razão”para manter a unidade do Estado e para proteger a Nação de estranhos e, até, de si própria.
1918. Major Sidónio Pais |
1926. Almirante Cabeçadas |
1926. General Gomes da Costa |
1926. General Carmona |
Uma pergunta pertinente:
Hoje teremos generais
ou «generais sentados»?
(Heduíno Gomes)
Hoje teremos generais
ou «generais sentados»?
(Heduíno Gomes)