1. A Língua materna é o Português estabelecido ao longo de séculos, neste sítio do Sudoeste europeu.
2. Esta língua foi exportada para África, Ásia, Oceânia e América do Sul, a partir dos séculos XIV e XV.
3. Foi adoptada como linguagem de comunicação comum por vários povos.
4. Foi tendo uma evolução de vocabulário e de escrita, tanto na origem, como nos povos adoptantes da mesma.
5. Com a diáspora, foi-se espalhando para outros países e territórios.
6. Mas tendo sempre por base... a matriz.
7. Fazendo algum paralelismo com a expansão de outras línguas,
a) o Castelhano expandiu-se, a partir da sua matriz europeia, para a América do Sul e Norte de África;
b) o Inglês para a Ásia, Oceânia, América do Norte e África, a partir da sua matriz europeia.
8. Nenhuma destas línguas é falada e escrita da mesma forma, nos territórios de origem e nos territórios (hoje países) de destino.
9. Daí não advém nenhuma questão de comunicação. Não se dificultou, de nenhuma forma, a comunicação entre os vários povos adoptantes e o povo da matriz;
10. Não há nenhum acordo ortográfico que submeta qualquer das línguas (Castelhano, Inglês ou Francês) à dimensão de outros territórios onde se adoptou a língua mãe.
11. Isso não prejudicou nem prejudica a língua, nas suas diversas matizes, nem a sua força internacional.
12. Todos respeitam os matizes diversos da língua comum e entendem-se bem na sua essência.
13. Os EUA têm 300 milhões de habitantes, a Inglaterra cerca de 40 milhões, e os Escoceses e Galeses são cerca de 20 milhões.
14. Nem por isso deixam de manter a sua autonomia linguística.
15. Não vejo, à face destes factos, nenhuma razão teórica ou prática para Portugal adoptar com carácter de normas positivas, de cumprimento obrigatório, as nuances da língua falada e escrita noutras partes do mundo.
16. Não vejo a necessidade de se desvirtuar a língua matriz.
17. Por isso, e porque a língua é um dos factores mais fortes da identidade lusíada, não vejo a utilidade de se atenuar a identidade de um povo com oito séculos de história em favor de nuances com menos de 300 anos;
18. Não vejo qualquer utilidade (a não ser pelo nacional-saloísmo) de adoptarmos um acordo que desvirtua a língua matriz do mundo lusófono.
Miguel Mattos Chaves
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