A nova ministra da deseducação nacional estreia-se como tal nos meios de comunicação.
E dá show.
Nem com saco de água quente na cabeça as «novas pedagogias» conduzem ao êxito escolar.
RTP1, 12 de Novembro de 2009. Calculo que a nova ministra da deseducação tenha causado boa impressão àquelas pessoas que nada percebem de educação e apreciam a questão pela rama. A senhora tem bom aspecto, veste-se bem, fala bem, parece dialogante... É uma senhora... Tenho esperanças...
De facto a senhora tem boa imagem (não precisava era de tanta maquillage que até lhe escondeu as feições), sorri (sorriso de hospedeira Air France, certo, coisa que a outra nem sabia esboçar), tem desenvoltura no falar (pois, qualidade de político) e até se veste bem (não me refiro à estética, realmente impecável, mas à decência, dado que não se apresentou com um decote indecente como era hábito da anterior ministra - da educação!!!; espero que assim continue, apesar de estar num governo debochado que quer legalizar os chamados «casamentos» de pederastas e fufas).
Mas o essencial da educação não consta no aspecto da senhora. E a preparação da entrevistadora, a crónica Judite, também não ajudou muito a atingir a profundidade na matéria.
Isabel Alçada é um produto das chamadas «novas pedagogias» e delas se tornou industriosa industrial. Isabel Alçada opõe-se ao sistema de ensino clássico, simplesmente clássico mas apelidado de «fascista» pelos comunistas, sendo depois este epíteto papagueado pelos demais «progressistas». No sistema de ensino clássico, como é do senso comum - excepto desses «progressistas» iluminados -, os que tinham mais capacidade aprendiam mais e havia saídas profissionais para todos. Mas Isabel Alçada comunga das teses do cancro pedagógico instalado por Veiga Simão durante o marcelismo e continuado pelo PCP e seus idiotas úteis do PS, PPD e CDS depois do 25A. E assim foi destruído o sistema de ensino clássico, «fascista», e se instalou o vigente, o sistema de ensino «democrático», onde todos aprendem de útil muito pouco e de mau bastante, em desordem e imoralidade e vendendo diplomas para o desemprego.
Perigoso livro fascista de matemática, que pretende impor o conhecimento de cima para baixo, de forma autoritária, sem diálogo com o aluno, criando sérios traumatismos emocionais e cognitivos nas crianças. Autonomeia-se «compêndio», forma repressiva de transmitir o conhecimento.
O sistema de ensino vigente alimenta um complexo pedagogico-industrial, que no futuro esmiuçarei, no qual Isabel Alçada se integra. A industriosa industrial senhora atingiu agora o vértice da pirâmide em termos de carreiras. Parabéns.
De assinalar que, além da indústria das carreiras políticas e «pedagógicas», existe ainda no complexo pedagogico-industrial a indústria académica da «ciência» da «pedagogia», com estudos e mais estudos, experimentações e mais experimentações, inovações e mais inovações, doutoramentos e mais doutoramentos, que credenciam «autoridades» em pedagogia, que por sua vez elaboram a nova «reforma» em cima da «reforma» anterior. E existem ainda as indústrias das ASA, Texto, etc. e a de quem recebe direitos de autor de manuais escolares idiotas do tipo de banda desenhada e cheios de erros científicos e de português.
E assim, aquele ministério da Av. 5 de Outubro, que deveria ser da educação nacional, é um ministério da deseducação e dos arranjinhos de carreiras e negócios, de face às claras, não oculta nem culta (se também tem face oculta nas adjudicações de escolas, isso já não sei).
Livro democrático de matemática, que ajuda o aluno a, ele próprio, construir a matemática, libertando assim toda a capacidade criativa da criança. Desta maneira explode o Tales de Mileto ou o Einstein que existe em cada criança reprimida pela sociedade.
Isabel Alçada apresentou-se na entrevista com a lição bem estudada. Aparente vontade de resolver o irresolúvel dentro do sistema, generalidades, palavras ocas, conceitos e retórica das chamadas «novas pedagogias», a milhas das realidades escolar, literária, científica, profissional, cultural e cívica deste país que se chama Portugal. O tempo vai mostrar que a nova montanha pariu o mesmo rato.
E também vai mostrar que os iguais a ela (comungando dos mesmos princípios pedagógicos) que se vestem de laranja ou azul, percebendo tanto como ela onde está o busílis da questão do ensino, lhe vão dar uma ferroadas parlamentares sobre aspectos de gestão escolar e gestão do sistema irreformável (coitados, não passam daí) para fazerem figura de oposição e constarem no Diário das Sessões.
A este propósito, referindo o passado, alguém poderá explicar quais as diferenças na essência - isto é, na filosofia da educação e em tudo o que daí decorre -, entre Veiga Simão, Vítor Crespo, Deus Pinheiro, Roberto Carneiro, Marçal Grilo, David Justino e qualquer destes dois últimos exemplares de ministras? Ou entre os primeiros Mário Soares, Sá Carneiro, Cavaco, Guterres, Barroso ou Sócrates?
É por isso que Cavaco, para agora meter o nariz na educação, a dar lições de cátedra e supostamente inocente, deveria começar por uma autocrítica. Longa. Muito longa e profunda. Porque, em sede própria, foi alertado para essa sua lacuna cultural e política. Mas nada aprendeu, pois que toda a sabedoria do mundo brotava do Poço de Boliqueime.
Enquanto o PPD e o PP não tiverem gente que entenda o problema da educação na sua profundidade filosófica - como Carlos da Mota Pinto o entendeu -, podem alternar o partido e respectivos figurões no poder mas não alterna o sistema de ensino medíocre e comprometedor do futuro de Portugal.
Heduíno Gomes
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