João José Brandão Ferreira
Coisas do passado?
Remontemos ao ano de 1983.
A Força Aérea (FA) dispunha então de uma brigada ligeira de pára-quedistas, praticamente completa. O orçamento anual para a operação desta unidade, era de 1.300.000 contos. Ora os pára-quedistas eram (e ainda são …) uma tropa de elite, cara que salta de avião, desloca-se em viaturas, veste, calça, come, dorme e treina, utilizando ainda uma panóplia muito variada de armamento. Rondava, na altura, cerca de 3100 homens (320 civis).
Na altura só o subsídio de almoço dos funcionários da TAP custavam ao erário público uma quantia superior ao custo operacional da dita brigada. Façamos umas contas simples: a TAP empregava, por essa época, cerca de 10000 trabalhadores em Portugal. O subsídio de almoço era de 350 escudos (soa-me bem este termo ..). Atendendo a que um ano de trabalho tem 11 meses a 25 dias cada, só em “alimentação” a empresa gastava 962.500 mil contos. Acrescentando a este valor o resultante de idêntico subsídio aos trabalhadores no estrangeiro (em média 1200$00/dia/pessoa), sendo estes cerca de 2000 obtém-se um total de 1.622.000 contos, quantia superior a um milhão e trezentos mil, dos pára-quedistas, conhecidos na gíria pelo carinhoso termo de “calhaus”.
Ora hoje em dia a FA, já não dispõe da brigada de pára-quedistas, transferida (em má hora) para o Exército que a diluiu e diminuiu, por sua vez, numa outra. O seu orçamento não tem deixado de diminuir (em termos relativos, obviamente).
A TAP, porém, não deixa de ter prejuízos. Aos milhões.
Creio até, que a última vez que deu lucro foi durante a administração Vaz Pinto, que terminou a sua gestão em 1974…
Ora, salvo melhor opinião, a TAP é suposto dar lucro.
Porém, vivendo nós no Portugal que conhecemos, onde a situação social se degrada a olhos vistos, nos últimos anos, as diferentes administrações da empresa usufruem vencimentos e regalias de nababos e os trabalhadores (também dos mais bem pagos da Nação) ensaiam greves. A coragem política para lidar com tudo isto assemelha-se a uma postura algo cobardolas e de desnorte.
Creio pois, ser razoável admitir, que há algo que não parece bem em todo este filme que se vai repetindo ano após ano.
E permitirão que afirme na qualidade de cidadão com os direitos e deveres em dia, que não quero continuar a pagar todo este desconchavo.
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