quinta-feira, 27 de junho de 2013

Portugal e o Grupo de «Bilderberg»


João J. Brandão Ferreira

«Esta mascarada enorme
Com que o mundo nos aldraba
Dura enquanto o povo dorme
Quando acordar acaba.»

António Aleixo

A análise que fizemos, em pretérito artigo, sobre o último «Dia de Portugal» o que, pelo andar da carruagem será o próximo feriado a ser extinto – Camões também disse que morria com a Pátria – não ficaria completa se não nos debruçássemos sobre a derradeira e badalada reunião do «Grupo de Bilderberg» (GB), para a qual foram convidados os Drs. Paulo Portas e António Seguro.

Não pretendo fazer um levantamento das «relações» entre este grupo cheio de sumidades, que apelidam de reflexão, e o nosso país – que já tarda em ser escrito e conhecido – mas, tão-somente, refletir sobre este episódio.

Acrescentaremos, apenas que, aparentemente, o GB, só começou a interferir – antes disso não se lhes dava confiança para tal – com o nosso devir colectivo, quando numa das suas reuniões (19/4/1974, ocorrida no hotel d’Arbois, em Megéve (Alpes Franceses), propriedade de Edmond Rotschild, se terá dado luz verde à alteração de regime em Portugal – coisa que, certamente, nunca terá passado pela cabeça de nenhum capitão de Abril…

A partir daí – e por razões e processos que são objecto de especulação – foi alcandorado a uma espécie de «secretário» ou «representante permanente» do GB, na antiga Ocidental Praia Lusitana, o Dr. Pinto Balsemão, grande amigo dos Reis de Espanha, também convivas nestes eventos. Provavelmente desde 1983.

É ele que escolheu a já longa lista de «convidados» portugueses (que se saiba nenhum recusou o convite) de onde, certamente, por coincidência têm saído quase todos os Primeiros -Ministros, desde então.

Quem lá está agora foi excepção à regra e ou nos enganamos muito, ou já está selada a sua sorte e a da futura dupla que nos governará. Isto é, como os do «clube» nos governarão através deles…

A reunião que decorreu entre 6 e 8 de Junho, no hotel «The Grove», no Hertfordshire, a norte de Londres reveste-se, porém, de uma novidade que importa realçar: a de que foi a 1.ª vez que tal evento, pelo menos em Portugal, foi amplamente noticiado, inclusive nas televisões, e em que se revelou a identidade dos participantes.[1]

Até agora era tudo secreto e tudo se escondia, quanto muito falava-se à socapa e aparecia uma pequena notícia de duas linhas a um canto inferior de uma página de jornal, e «a posteriori»…

O mais importante do que se passa, contudo, não é divulgado: a organização, agenda, qualquer ideia debatida e conclusões.

Porque se terá mudado de estratégia? Só pode ser por duas razões: o terem ganho uma confiança e sensação de impunidade, que dispensa rodeios e, ou, por já não se conseguir impedir o total secretismo da coisa.

Ora o que se passa levanta um conjunto de questões nada despiciendo, eis algumas:

  • Que organização é esta, quais os fins que persegue, a quem se liga e a quem obedece?
  • Que figura do Direito Internacional encarna, se alguma?
  • Alguém os elegeu? Como ficamos em termos de «Democracia»?
  • Quem os controla?
  • Como é que uma tal entidade se insere no quadro das Relações Internacionais?
  • Porque é que os governos dos países em que as reuniões têm lugar – já houve uma em Portugal, na Quinta da Penha Longa, de 3 a 6 de Junho de 1999 – as autorizam e a que título lhes montam e pagam, a segurança?
  • Quem é o Dr. Pinto Balsemão para fazer os convites que faz e como é que os convidados o reconhecem com autoridade para tal? Quais os compromissos a que se obrigam?
  • E são convidados a que título? Pessoal? Técnico? Político?
  • Será que a participação nestas reuniões é compatível com a função de Conselheiro de Estado?
  • Que explicação terá dado o Dr. Seguro, ao PS, para lá ir? Te-lo-á mandatado para fazer alguma intervenção?
  • E o Dr. Portas, sendo membro do Governo foi autorizado por este a lá ir? E quando voltou fez algum relatório sobre o que lá se passou, ou tirou uns dias de férias e foi dar um passeio?
  • O Parlamento é apenas uma marionete no meio disto tudo ou um depósito de putativos recrutáveis para futuros convites?
  • Já me esquecia, o PR que ainda tem uma palavra a dizer sobre Política Externa (o que, em boa verdade, Portugal deixou de ter, faz décadas) foi ouvido e achado?
Tudo isto se passa como se fosse a coisa mais normal do mundo, quando o que na realidade acontece é que assistimos à subversão completa da soberania dos Estados e das Nações e onde o termo «Democracia» apenas serve de capa e moldura a um verdadeiro embuste político que, aliás, tem sido primorosamente perseguido desde meados do século XVIII!

E nenhuma das possíveis respostas às perguntas que elencámos parece poder desmentir.

Bem-vindos à realidade.

Se gostaram, não se macem e deixem-se estar.



[1] Até o comentador-mor do reino se referiu ao mesmo!





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