Valentim Loureiro, conhecido por «Capitão
Batata», como é público, foi uma vergonha de militar, acabando por ser com
desonra expulso do Exército. Mas foi readmitido e promovido a major pelo de má
memória Conselho da Revolução, que só fez coisas destas a Portugal. Depois
o «Capitão Batata» meteu-se na política e no futebol para aí
também fazer das suas.
Apesar da vergonha que é a sua biografia,
o «Capitão Batata» foi condecorado
por Cavaco em 1990.
Eis aqui uma parte das aventuras do «Capitão
Batata» como presidente da Câmara de Gondomar, descritas na imprensa.
L. L.
Passados cem dias de mandato, os novos autarcas começam a
deitar as mãos à cabeça com as heranças que receberam. O novo presidente da
Câmara de Gondomar, por exemplo, descobriu um elevador secreto, deixado por
Valentim Loureiro.
Quando Marco Martins tomou posse, o difícil foi não
esbarrar em situações insólitas. Primeiro, o gabinete de Valentim Loureiro
estava transformado num bunker, onde poucos alguma vez haviam entrado.
Em quase duas décadas, o anterior presidente só por duas
vezes se terá deslocado ao bar do edifício camarário e «para reclamar com os
funcionários», conta-se.
Valentim tinha um elevador secreto e exclusivo cujo
código de acesso era a sua data de nascimento que
ligava directamente a um parque de estacionamento para os automóveis
do presidente e da filha, ex-vereadora. Para trás, Valentim deixara também
o fax com a respectiva lista de contactos, que iam de dirigentes
do mundo da bola a pessoas com quem tinha negócios.
Mas o filme apenas começara. Ao longo das semanas que já
leva de mandato, Marco Martins descobriu viaturas velhas da autarquia por
abater, «nas quais já haviam nascido pinheiros», uma frota automóvel com uma
idade média de 22 anos e gastos de milhares de euros em aplicações informáticas
que nunca foram instaladas ou usadas.
Soube, também, que umas moradias em banda, vandalizadas e
destruídas, afinal pertenciam à Câmara, e que o erário público também
continuava a pagar o arrendamento de um mercado provisório, num terreno onde,
desde 2011, já não existia nada.
Um heliporto, orçado em 92 mil euros, foi também
construído junto do IC29 e de um hospital, mesmo depois do pedido de
licenciamento ter sido chumbado pelo Instituto Nacional de Aviação Civil.
«Processos judiciais em que a autarquia é ré, são cerca
de 400, mas ainda não estão quantificados os valores», refere o autarca, que
herdou uma dívida de 145 milhões de euros, contas ainda por baixo, «pois espero
mais surpresas».
Não fosse Marco Martins bombeiro voluntário e dir-se-ia
que Gondomar tem demasiados fogos para apagar. «O que me salva é ter subido
degrau a degrau, na vida autárquica e ganho experiência a partir de uma
freguesia. Caso contrário, estava tramado.»
E agora pergunta-se: este senhor não vai preso?
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