Luís Lemos
Uma nota introdutória. A utilização de certas imagens poéticas (chamemos-lhes assim) e ao mesmo tempo realistas (aliás, timidamente realistas para não ferir as pessoas muito sensíveis) neste comentário adequam-se propositada e perfeitamente ao nível de moralidade e de racionalidade da conversa da senhora cientista doutora psiquiatra e do seu assessor de painel em questão.
Naquela educativa e desinibida televisão tablóide CMTV, costuma aparecer, segundo parece, uma sujeita psiquiatra que desenvolve uma actividade industrial interessante: questões de sexo – no puro âmbito do exercício da psiquiatria, esclareça-se. A sujeita, de nome Teresa Leonardo, esteve num programa da referida estação assessoriada pelo ministro socratista Rui Pereira (mação do Grande Oriente, um daqueles que se empenharam ardentemente na defesa do chamado «casamento» entre eles e eles e elas e elas). Ambos eram entrevistados por um qualquer palrador de escala.
A expedita e muito ambientada Teresa Leonardo |
O encoberto Rui Pereira |
O tema genérico era a violação de mulheres. E, especificamente, saber quando é que se trata de violação.
Sim, alvitrava a Teresa Leonardo, porque o marido pode estar a violar a mulher, não é verdade?! Então pode lá o marido querer «à força» copular com a respectiva?! (Quem sabe se a pobre vítima já estava aviada quando foi para casa, e depois chega exausta, sem apetite – alvitro eu.)
E aquele tipo que está a tentar engatar uma mulher! Também poderá estar a violá-la – por palavras, «apesar de não haver penetração»!
E aquele tipo que quer ir mais longe quando ela (inocentinha) vai colaborando plenamente mas apenas até ao aquecimento, inclusive a esta fase, «apenas» com umas beijocas, como sugeria a cientista psiquiatra?! Então o malandro já levou umas beijocas e ainda queria mais!? Só aí é que a inocente dá conta da ameaça!!! (Os mimos autorizados referidos foram apenas as beijocas. Não sabemos se outros podem ser considerados no processo de acusação por parte da vítima.)
Ora, o grande drama dessas «violadas» é provar em tribunal que foram violadas – lamentava-se a cientista medico-social! Que grande problema jurídico que o Rui Pereira não conseguiu resolver quando era ministro do governo mais porco de todos os tempos! Pela sua própria conversa, ele bem tentou!
A conversa já metia nojo, já me estava a sexuar o juízo. Mas resolvi escutar o trio de ataque até ao fim. Sempre convém saber o que vai por este Portugal democrático, uma vez abolida a retrógrada censura salazarista. E assim fiz. Eis senão quando......
Eis senão quando este programa de grande incidência moral acaba e lhe sucede um anúncio. Era o anúncio de um filme que iria passar na estação tablóide nessa mesma noite, numa série com o sugestivo nome Sala Privada (certamente reservada aos psiquiatras como a Teresa Leonardo e o Júlio Machado Vaz e aos respectivos pacientes), em que apareciam cenas do maior deboche com fufas e tudo – conclusão tirada apenas pelo anúncio.
O que prova isto? Que o tema do sexo, para além de constar na agenda das forças decadentes da sociedade, é o alimento duma indústria. Nesta indústria ganham dinheiro tanto os vendedores de pornografia como os supostos protectores das pseudo-violadas. São dois dos vários ramos da mesma indústria do sexo. Certos psiquiatras, certas assistentes sociais, certos elementos de comissões ditas protectoras, tablóides, comerciantes porno, todos eles têm a sua parte no negócio.
Tudo isto se passa enquanto crianças e mulheres realmente violadas vêem os seus agressores levar umas penazinhas ou umas pulseirinhas electrónicas, quando levam, como aconteceu no caso Casa Pia e semelhantes.
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