quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
A revelação do «Segredo de Coimbra»
Jaime Ramos
Em Coimbra, há um «segredo» muito bem guardado. Alguém tinha de correr o risco de «dar com a língua nos dentes» e revelar a «marosca».
Assumo a responsabilidade de anunciar a todos os «coimbrinhas», futricas ou doutores, que no dia 25 de Abril de 2014 abriu ao trânsito a A13, uma nova auto-estrada que liga Coimbra (Ceira/Ponte da Portela) a Almalaguês, Condeixa-a-Nova, Miranda do Corvo, Penela, Ansião, Castelo Branco, Pombal, Alvaiázere, Tomar, Entroncamento, Abrantes … Lisboa.
O Governo não a inaugurou, a cidade (e a região) não festejou, a comunicação social nacional não noticiou e a local concedeu-lhe parco espaço.
Os autarcas fazem de conta que desconhecem a existência desta nova auto-estrada…
Os condutores que circulam em Coimbra são orientados por várias placas de sinalética rodoviária a indicar a A1 (Lisboa – Porto).
Nenhuma sinalética indica a A13, a auto-estrada que múltiplos interesses querem sem trânsito.
Entre Coimbra e Tomar (Castelo Branco), a antiga estrada nacional continua a captar trânsito ligeiro e pesado. Os condutores correm riscos rodoviários e assumem custos com perdas ineficazes de tempo.
Há perguntas que exigem respostas…
A quem interessa este segredo de Coimbra?
Quem lucra com o desconhecimento dos condutores?
A A13 (Entroncamento - Tomar - Coimbra) faz parte das parcerias público-privados (PPP’s) lançadas pelo Governo de José Sócrates, no tempo em que que «havia» dinheiro para todo o betão com que conseguíssemos construir. No tempo em que betoneira era sinónimo de fábrica de notas e obra pública símbolo de progresso «socialista», com direito a dividendos eleitorais…
A ideia governamental dominante assentava em princípios simples de gestão: políticos demagogos e irresponsáveis decidem, fazem a festa e lançam os foguetes, uns chico-espertos lucram centenas de milhões e quem vier a seguir que pague a conta, com os impostos dos eleitores, que, acríticos, aplaudem o despesismo…
A A13, com as suas notáveis obras de engenharia, com pontes, «pernaltas», de grande altura, foi construída. Faltam, ainda, a ligação a Viseu e o troço de Entroncamento a Santarém…
Os interesses, financeiros e de obras públicas, proprietários desta PPP, sabem que receberão, com juros e lucros provavelmente excessivos, o dinheiro que os portugueses irão pagar com trabalho, suor e lágrimas.
Estes interesses de «mercado» receberão o seu dinheiro, incluindo lucros e juros decorrentes dos contractos, escrupulosamente legais, produzidos em negociatas acordadas no segredo dos gabinetes.
Estão-se nas tintas para o facto de haver trânsito ou não a circular.
O Estado pagará sempre a conta, entenda-se, nós, os portugueses, pagaremos sempre a factura.
Qualquer empresário, que abra um qualquer negócio, divulgará o acontecimento, fará publicidade e tentará atrair clientes.
Na A13 os «empresários investidores» não actuam assim. Sabem que os seus interesses estão garantidos…
Se não houver clientes (condutores a circular…) tanto melhor: menos reclamações, menor exigência e redução dos custos de conservação, maiores lucros…
A manutenção do «Segredo de Coimbra» é uma acção de eficiência na rentabilização dos capitais «investidos».
Não interessa, agora, discutir se a A13 era uma necessidade imperiosa ou se deveria ter sido de outra maneira, a não ser para prevenir disparates e irresponsabilidades futuras… A A13 é uma realidade.
Importa, agora, fazer com que muitas viaturas utilizem esta infra-estrutura e que a A13 seja um factor de desenvolvimento regional.
Exige-se, às autarquias e à empresa Estradas de Portugal, sinalética a facilitar a vida aos condutores.
Ao Governo pede-se a inteligência de baixar o preço das portagens para atrair o trânsito que continua a degradar e sobrecarregar as antigas estradas nacionais e municipais.
É absurdo que o Estado pague a A13, tenha ou não trânsito, e continue, também, a custear a conservação de estradas degradadas por viaturas que, devido a custos excessivos de portagens, evitam a auto-estrada.
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