Menezes chama quintal a quinta
de meio milhão
Património não bate com rendimento.
Tânia Laranjo
Um Luís Filipe Menezes aparentemente seguro e ao ataque. É assim que o ex-presidente da Câmara de Gaia regressa aos grandes palcos, numa entrevista ao Porto Canal que prometeu ser apenas a primeira que irá conceder às televisões. «Agora, ninguém me cala», garante o conselheiro de Estado, que fala depois numa mega conspiração contra si: onde cabem os jornalistas – designadamente do CM – e os adversários no PS, que «inventam polémicas que não existem».
O ex-autarca, cujo património está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto por suspeita de branqueamento de capitais, vai mais longe e garante que a quinta de Baião – que na permuta realizada em nome dos pais estava avaliado em meio milhão de euros e que o próprio tornou pública numa revista – não passa de «um quintal no Douro». Não explica, porém, como é que os pais a adquiriram, falando apenas em património que é anterior ao seu mandato autárquico.
Na entrevista ao Porto Canal, onde foi comentador e para onde assume querer voltar, Menezes revelou que o ordenado, em Gaia, era inferior a 2 300 euros por mês. Mas não conseguiu responder como é que conseguiu adquirir um T5 de meio milhão, na Foz do Douro, num edifício premiado. E como negociou tal valor, já que áreas idênticas na mesma zona custam, pelo menos, 750 mil euros.
O CM sabe que a investigação continua. Menezes não foi interrogado por estarem a ser reunidas provas pela PJ. O facto de ser conselheiro de Estado obriga a regras especiais.
A DEFESA DE MENEZES
Respondeu Menezes na referida entrevista que não tem de fazer streap tease a explicar-se publicamente a jornalistas, mas sim «às autoridades do meu país».
Como cidadão, que é, tem todo o direito a não fazer o streap tease. Mas não se esqueça de que, como membro da classe política, tem toda a obrigação de explicar tudo bem explicadinho «às autoridades do meu país», as quais, por sua vez, terão de falar verdade. Mesmo que fiquem a parecer sulistas e elitistas.
Ao mesmo tempo, do ponto de vista político, os eleitores poderão interrogar-se sobre as suas virtudes morais. E se ainda pretende propor-se a defensor do povo nesta também sua «república de putas» (a expressão é do académico republicano Unamuno), certamente terá de se explicar aos seus eleitores.
Salientamos aqui apenas a questão em causa e não as repetidas patetices políticas de que Menezes foi protagonista, sendo uma das mais graves a sua tara regionalizacionista, fruto da sua tara antilisboa e do seu caciquismo local.
Heduíno Gomes (que não é de Lisboa e ainda por cima alentejano – mas sem complexos em relação aos gajos de Lisbaua!)
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