João Pedro Cabral Valente
Em primeiro lugar quero desde já esclarecer que sou
um básico.
Não sou um intelectual, um artista, um filósofo.
Digamos que o meu pensamento está ao nível de um chofer de praça médio (sem
ofensa aos chofers de praça, bem entendido).
Mas às vezes dá-me para matutar em certas coisas,
que hei-de eu fazer?
A última foi aquilo da ideologia do género.
Se bem percebi, as crianças nascem sem um sexo predefinido e mais tarde hão-de
fazer uma escolha.
Ora isto anda-me cá a queimar os neurónios. Então
se o Joãozinho nasce com um pirilau e a Ritinha com um pipi porque raio ele
há-de escolher ser uma Ritinha ou vice-versa?
Quando eu andei na Escola, bem sei que já foi há
muito tempo, ensinaram-me que o primeiro instinto de qualquer animal, cão,
gato, aranha ou homem, é o da conservação da espécie, ou seja: um animal faz
tudo para que a espécie sobreviva e se propague. Só depois vem o instinto da
conservação do próprio.
Tenho visto naqueles documentários da televisão as
mães leoas a atacarem hordas de hienas para salvarem as crias pondo em risco a
própria vida. Para elas é mais importante defender a prole do que a elas
próprias. E as avezinhas que voam quilómetros e quilómetros para procurarem
comida para os filhotes e a defendê-los dos predadores. E o mesmo com todos os
animais, pequenos ou grandes. Toda a gente sabe que não é boa ideia
chegarmo-nos a uma cria quando a mãe está por perto. Era muito mais fácil e
menos perigoso para as mães (e pais em certas espécies) porem-nos no mundo e
dizerem: agora desenrascam-se. Mas não, até algumas espécies de salmão vêm do
oceano salgado, sobem com enorme esforço rios de água doce para irem desovar
onde nasceram. E a seguir morrem. O importante está feito, continuar a espécie!
No meu fraco entendimento, também acho fácil
perceber porque é que os machos procuram em primeiro lugar as fêmeas que lhes
parecem capazes de gerar melhores crias e as fêmeas entregam-se aos machos mais
fortes, mais saudáveis, mais belos ou vistosos e com mais poder. O resultado
desse cruzamento vão ser crias com maior probabilidade de sobreviver e vingar
na vida. Mais uma vez o instinto da conservação da espécie.
E eu, cá para mim, o ser humano é um bicho, um
animal, pronto (sem ofensa). Qual é o homem que não gostava de ter uma Angelina
Jolie a jeito? Ou a mulher que virava a cara ao Brad Pitt? Ambos são belos,
fortes, poderosos, à partida bons reprodutores. As suas três «crias» biológicas
têm todo o potencial para continuarem a espécie humana nas melhores condições.
Bom, voltando ao Joãozinho e à Ritinha. Se os seus
atributos sexuais ficam definidos no momento em que foram gerados (aquela coisa
dos cromossomas X e Y), por que raio haviam eles de resolver mais tarde que
querem ser uma Joãozinha ou um Ritinho? É o instinto de conservação da espécie?
Claro que não.
À excepção de casos patológicos raros e complicados,
o que acontece é um desvio comportamental, ou seja: uma alteração a esse
instinto de conservação da espécie na sua componente reprodutiva que pode ser
resultado de grande variedade de razões: pais ou mães excessivamente
dominadores ou pelo contrário ausentes ou desinteressados, outros traumas
sofridos desde a mais tenra infância, violência doméstica, abandono, aquilo que
agora se chama bullying e que no meu tempo se chamava levar pancada dos colegas
e ser alvo da chacota da escola (refúgio de relações desiguais de poder),
dificuldade de abordagem ao sexo oposto, pressão social de grupos com o mesmo
tipo de problemas, no caso de adultos relações heterossexuais fracassadas e
traumatizantes, enfim: há um grande número de razões que, à medida que as pessoas
crescem, se combinam, adicionam e se misturam com outras vivências e
sentimentos, dando origem a esses desvios.
Este assunto veio-me à ideia depois de ter lido um
artigo segundo o qual, só na cidade de Paderborn, na Alemanha, um conjunto de
pais já tinha passado, no total, 210 dias presos, ou porque não tinham deixado
os filhos irem às aulas de educação sexual, ou porque as próprias crianças se
recusavam a ir, aulas nas quais entre outras coisas, se ensina a tal «ideologia
do género».
Não julguem que sou homofóbico (acho este termo
ridículo). Tenho alguns bons amigos e muitos conhecidos que são homossexuais,
que estimo como a todos os que não o são. Não os acho culpados de nada. Quando
muito serão vítimas.
Mas confesso que me assusta quando, como se não
bastasse já a comunicação social, os estados, por meio das escolas, quererem
formatar a cabeça das crianças, não só em assuntos tão sensíveis como este, mas
também noutros como por exemplo na História ou nas Ciências.
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