sexta-feira, 14 de agosto de 2015


630 anos da batalha de Aljubarrota



A independência de Portugal como terra livre de gente livre foi confirmada com sangue e sacrifício, pela força das armas, na batalha de Aljubarrota, na tarde de 14 de Agosto de 1385. Faz 630 anos, um momento decisivo da nossa história mostrou aquilo de que fomos capazes quando estávamos unidos por uma vontade comum e sabíamos escolher chefes capazes e dignos de confiança.

Desde a Fundação da nacionalidade, no século XII, até à expulsão dos mouros do nosso território com a conquista definitiva do Algarve por D. Afonso III, em 1249, a prioridade estratégica dos reis de Portugal foi a Reconquista. No entanto, as ameaças hegemónicas de Castela e a política de casamentos entre a família real portuguesa e as dos outros reinos cristãos da Península Ibérica (Castela, Leão, Aragão e Navarra), estiveram a ponto de levar o nosso país ao mesmo destino dos outros reinos peninsulares, absorvidos pela força centrípeta dos castelhanos. As derrotas de D. Fernando nas três guerras travadas contra Juan I saldaram-se pelo desastroso casamento da sua filha e herdeira, D. Beatriz, com o rei castelhano. Por morte de D. Fernando, em 1383, Juan I veio reclamar a herança da sua rainha: o trono de Portugal.

A viúva de D. Fernando, D. Leonor Teles, seguida pela maior parte da aristocracia lusitana, seguiu as regras próprias da época do feudalismo e reconheceu sua filha D. Beatriz como sucessora, conforme estipulava o Tratado de Salvaterra de Magos, assinado por D. Fernando.

Em Dezembro de 1383, o Mestre de Avis, D. João, filho natural do rei D. Pedro I e meio-irmão de D. Fernando, encabeçou uma revolução, com o apoio do povo da capital do reino, expulsou de Lisboa os partidários de D. Leonor, D. Beatriz e dos castelhanos, depois de assassinar, em pleno palácio real, o conde João Fernandes Andeiro, um nobre galego que se tornara amante e principal conselheiro da rainha viúva.

As notícias da revolução de Lisboa puseram o país em pé-de-guerra: de Norte a Sul, muitas cidades e castelos tomaram voz pelo Mestre de Avis, já nomeado Regedor e Defensor do Reino.

Rei por vontade do povo

Após uma prolongada resistência das forças patrióticas contra as pretensões de Juan I de Castela, que entretanto invadira Portugal e pusera cerco a Lisboa durante meses (1384), até ser obrigado a retirar por um surto de peste, reuniram-se Cortes em Coimbra para resolver o problema da sucessão.

Em Março de 1385, os representantes do clero, da nobreza e do povo dividiram-se em duas facções. Os partidários de D. Beatriz primaram pela ausência, preferindo defender os seus direitos pela força das armas, ao lado do rei de Castela. Dos presentes em Coimbra, uma facção, onde se destacavam membros da alta nobreza e do alto clero, declarou-se favorável aos infantes D. João e D. Dinis, filhos do rei D. Pedro e de D. Inês de Castro, sustentando que estes deviam ser considerados filhos legítimos, uma vez que os seus pais tinham chegado a casar-se, embora clandestinamente. O outro «partido», formado sobretudo por elementos da baixa nobreza e representantes dos concelhos, apoiava o Mestre de Avis, por quem se tinham manifestado em Lisboa e outras cidades e vilas.

Contra os opositores da causa do Mestre de Avis destacaram-se os argumentos do doutor João das Regras, apoiados sem papas na língua por Nuno Álvares Pereira (hoje venerado nos altares como S. Nuno de Santa Maria). Ao fim de um mês de debates, as Cortes deliberaram que o trono estava vago, sendo assim legítimo escolher um novo rei. Por unanimidade, os participantes aclamaram então o Mestre de Avis rei de Portugal, com o nome de D. João I.





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