João Brandão Ferreira
De quando em vez soa o alarme na opinião publicada (pois na opinião pública o alarme já se sente, faz tempo…), porque há um surto de criminalidade, nomeadamente crimes de sangue. Estamos novamente num momento destes. Tenham esperança: a situação vai piorar!
Consumo de droga à rédea solta, apesar das apreensões serem às toneladas; roubos e burlas em crescendo e cada vez mais inventivos; raptos e lenocínio um pouco por todo o lado; exploração sub humana de emigrantes; assaltos, os mais variados a toda a hora e lugar; guerras de gangs; fuga aos impostos; lavagem de dinheiro e engenharias financeiras fraudulentas, fora de controlo adequado; violência doméstica, q.b. etc. Daqui passou-se, obviamente para os crimes violentes e até para o aumento dos assassinatos por encomenda.
Ora toda esta situação que não pára de se degradar, põe em causa não só a nossa integridade física e moral, como nos coarcta a liberdade da nossa existência nas suas múltiplas facetas.
Não entendemos, porém, a admiração e o espanto que por aí lavram por as coisas se estarem a passar assim. E por isso nos sorrimos …
Então há já mais de três décadas que tudo se tem feito para tornar as coisas ainda piores do que o que estão e os cidadãos admiram-se? Então não nos entretivemos a criar uma sociedade indisciplinada, abandalhada e mal educada? Não facturámos com o relativismo moral? Não deixámos desaparecer a censura social?; não se desautorizou as polícias, a ponto de as termos desmoralizadas?; não minámos a cadeia hierárquica das Forças de Segurança ao passo que as inundámos de sindicatos e associações? Não criámos um sistema de justiça inoperante com um emaranhado de leis perfeitamente desajustadas da realidade em que se aplicam e que protegem objectivamente quem se porta mal em detrimento de quem cumpre os seus deveres e é honesto? Não se criou uma organização judiciária altamente dispendiosa e ineficaz em que procuradores e magistrados se guerreiam por sistema? Não se impôs uma filosofia social em que os indivíduos são bons e a «sociedade é que os estraga, originando uma cultura de irresponsabilidade? Não se criou um clima de tolerância face ao consumo e até ao tráfico de droga que chega ao ponto de se distribuir seringas nas prisões e fechar-se os olhos a que os presos se droguem? Então cada vez se limita mais, o uso e porte de armas à generalidade dos cidadãos enquanto o acesso a todo o tipo de armamento por parte dos marginais, não deixa de aumentar? Por acaso não campeia a especulação imobiliária e financeira em detrimento do trabalho sério, rigoroso e produtivo? E não se tem transformado o país num imenso casino onde não param de se inventar jogatanas onde a população se ilude à espera da sua sorte? E não abundam as discotecas e antros de vício onde a juventude se perde, em vez de se entreter no desporto, nas artes, em actividades de cariz cívico, religioso, ou outro a que corresponda uma mais valia? Por caso os órgãos de comunicação social sobrepõem a pedagogia social, a elevação dos programas, o rigor da informação, etc., aos seus interesses lucrativos, à concorrência desenfreada e ao aproveitamento dos baixos instintos humanas e, no âmbito que estamos a tratar, não se têm comportado como gasolina no meio de uma fogueira? Não se tem deixado entrar catadupas de emigrantes, sem qualquer critério ou crivo? Não se têm inventado as mais amplas amnistias e artifícios vários, para aliviar as cadeias superlotadas? Não se tem deixado criar e crescer pústulas suburbanas, nas barbas de todos, cujos problemas são enfrentados apenas de forma eleiçoeira? Não se tem deixado o campo livre para que máfias internacionais se instalem? Não passámos anos e anos a discutir os pruridos de um sistema de informações em vez de montarmos uma máquina que funcione?
Ora perante tudo isto, e muito mais que não foi dito, que fazem os governantes? Fazem isto: manipulam as estatísticas; prometem mais meios, encomendam estudos, promovem reuniões e contratam assessores de imagem. De substância, nada!
E no éter regougam as opiniões dos tolos adeptos da teoria de «bom selvagem», ao demagogos a falarem da pobreza e dos inocentes úteis que se lastimam da falta de «sensibilização».
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