segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Estado português e o Estado espanhol

Helena Matos, Público, 1.7.2010

«Portugal é um Estado. Pobre, ciclotímico e um pouco desatinado, mas um Estado sem problemas de identidade ou de fronteiras. Coisa que a Espanha está longe de ser. De cada vez que embarcamos na designação "ibérico", seja em mercados, encontros ou campeonatos, ajudamos a Espanha a iludir o seu problema com a Catalunha, o País Basco e todos os outros nacionalismos que por ali campeiam - agora até descobriram que existe o valenciano e o andaluz, pois os nacionalismos estão para a invenção das línguas como a bola para o futebol. O busílis da questão é que, ao embarcarmos nesse caldeirão ibérico composto por nações que andam a discutir se são estados e outras minundências que fazem o dia-a-dia da Espanha e que muito dinheiro e influência rendem aos diferentes nacionalismos, colocamo-nos a nós, que somos um Estado, nesse patamar das nações que não só não nos rende nada como nos subalterniza e retira influência. Porque, na hora da verdade, os mesmos catalães e bascos do folclore das nações da Ibéria, que andam de símbolos independentistas no braço, apostam na selecção de Espanha. Seja no futebol ou nos negócios.

«Assim, recuperemos a designação "luso-espanhol", que coloca cada um dos países em seu devido lugar, e deixemos o termo "ibérico" para aquelas embalagens de costeletas provenientes de Espanha mas que os perspicazes empresários espanhóis sabem que compraremos com muito mais facilidade se, em vez de espanhol, tiverem escrito ibérico.»



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