João José Brandão
Ferreira
D. Continuando a projecção de interesses e de Poder, considera-se o EEIN definido pela triangulação, Cabo Verde x Brasília x Luanda.
Este espaço só será
exequível de projectar e explorar dentro do âmbito da CPLP e complementando
todas as FIR, ZEE e PC dos países membros da organização (e daqueles que se
vierem a constituir membros).
Este desiderato
permitiria dar uma consistência política - estratégica à CPLP, que serviria de
esteio ao desenvolvimento de todas as outras áreas de cooperação. Este EEIN
permitiria, outrossim, harmonizar os interesses brasileiros relativamente à
contra costa africana (recorde-se que foi do Brasil que saíram as tropas que
recuperaram Angola e S. Tomé, durante as guerras da Restauração); os cuidados
do governos de Luanda relativamente a S. Tomé e à concorrência petrolífera dos
países do Golfo da Guiné, nomeadamente a Nigéria, ao passo que permite a
Portugal ter mais peso numa eventual projecção da NATO para Sul, bem como no
âmbito da Aliança Inglesa, face ao diferendo que opõe a Grã-bretanha à
Argentina por causa das Falklands/Malvinas.
Por sua vez, é
natural que este último país se sinta incomodado, se tal «espaço» ganhar
consistência, devido à sua desconfiança e rivalidade com o Brasil. Já o
Uruguai, que sofreu forte influência portuguesa e que está «entalado» entre
aqueles dois colossos, poderia ver a CPLP com bons olhos. O mesmo já não se
dirá da Espanha, a quem um aumento da influência Lusa, certamente desagradará,
devido aos seus interesses profundos, ibero-americanos, e à diminuição da sua
liberdade estratégica para se expandir em África, como paulatinamente, tem
estado a fazer.
E. Complementar a este «espaço», considera-se a existência de uma
área rectangular que cobre todo o território de Moçambique, a sua ZEE e FIR da
Beira, e se expanda até uma linha que une o Arquipélago das Seicheles e a Ilha
da Reunião.
Não se trata agora
de unir a costa moçambicana à contra costa angolana, mas trata-se de
proporcionar uma complementaridade estratégica com o EEIN anterior, evitar
qualquer deriva de Moçambique para fora da CPLP e exercer vigilância em todo o
Canal de Moçambique e Rota do Cabo, por onde passam grande parte do petróleo e
gás natural produzidos no Médio Oriente, bem como a extensa quantidade de bens
comerciais e minerais estratégicos, que abastecem o mundo ocidental. Esta rota
terá uma importância acrescida caso o Canal do Suez seja interditado. Este
espaço tem adquirido importância acrescida, nos últimos anos, por via do
incremento substancial da pirataria marítima, grande parte da qual se produz ao
largo da Somália.
F. Incluídos nos EEIN atrás referidos devem ser consideradas as
três fronteiras do futuro: a exploração do Espaço, a exploração do leito dos
Oceanos e a Antártida. São três áreas de actuação, sem dúvida, importantes para
o futuro da Humanidade e que Portugal não deve descurar, sobretudo as duas
primeiras. Mais uma vez a complementaridade com a CPLP, sobretudo o Brasil, é
fundamental, não só para Portugal como para todo o mundo lusíada.
G. Finalmente, consideramos dois EEIN, mas apenas no âmbito económico
e cultural: são eles um rectângulo que engloba a Abissínia, Omã e a costa oeste
da União Indiana, onde existe um vasto espólio arquitectónico e cultural
português e onde se podem abrir boas perspectivas de comércio; e um espaço algo
difuso, por pontual e disperso, que englobe Macau, Timor, não esqueça o Japão e
a Tailândia, com quem há séculos mantemos relações de amizade e comércio; e
englobe a China – uma super potência em desenvolvimento acelerado e para quem
Portugal representa o único país ocidental que permaneceu no seu território e
nunca lhe fez a guerra. E com quem Portugal conseguiu concertar a única
transferência de soberania digna, ocorrida aquando da retracção portuguesa às
fronteiras europeias.
H. Sobrepondo-se a todos os EEIN, julga-se ser da maior pertinência
criar «roteiros culturais» lusófonos, em todos os lugares por onde os
portugueses deixaram a sua marca e que se devem transformar em roteiros
turísticos e «cimento» da coesão e identidade lusíada.
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