quinta-feira, 15 de janeiro de 2015



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TGV Negociou swaps que depois
comprou no Governo

O actual secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, foi em 2010 administrador do consórcio privado Elos e, revela hoje o Jornal de Notícias, celebrou contractos tóxicos (swaps) associados ao troço do TGV Poceirão-Caia. Mas anos depois, já no Governo, transferiu-os para a Parpública, com perdas acima dos 152 milhões de euros. E, refira-se, sobreviveu à tempestade provocada pelos swaps que fez cair três secretários de Estado.


O Jornal de Notícias (JN) revela hoje, citando dados recolhidos após a divulgação da análise da auditoria do Tribunal de Contas ao TGV, que Sérgio Monteiro, actual secretário de Estado dos Transportes, negociou e assinou um empréstimo, com contractos swap associados, para o troço Poceirão-Caia.

Fê-lo em 2010, quando era director da Caixa/Banco de Investimento e quando o Governo de José Sócrates adjudicou ao consórcio privado Elos a linha de TGV entre o Poceirão (Palmela) e a zona de Caia (próxima à fronteira com Espanha). Enquanto administrador do consórcio, em representação da accionista CGD, Sérgio Monteiro assinou um contracto com a banca para um crédito de 690 milhões de euros, no qual constam quatro contratos swap.

Acontece que em 2011, após ser nomeado secretário de Estado, o Governo PSD/CDS cancelou o projecto ferroviário de alta velocidade e deu início às negociações para a Parpública assumir a posição do consórcio Elos no contracto de financiamento que, recorde-se, inclui quatro swaps.

Esta transmissão, conta o JN, foi aprovada a 21 de Janeiro de 2013 pela ministra Maria Luís Albuquerque com uma perspectiva de perda de 180 milhões de euros. Meses depois rebentava a polémica associada aos contractos tóxicos que fez cair três secretários de Estado por ligações aos ditos swaps. Mas Sérgio Monteiro resistiu à tempestade.

Em declarações ao JN, o governante esclarece que «todas as intervenções que teve na assinatura de quaisquer contractos foram sempre precedidas pela aprovação das operações de financiamento e derivados nos órgãos próprios da CGD, dos quais não fazia parte».

Além disso, acrescenta numa resposta assinada por uma das assessoras do Ministério da Economia, «foi um processo negocial liderado pelo Ministério das Finanças», no qual se «orgulha» de ter tido um «papel activo» e «liderante» na decisão de cancelamento do TGV». Mas no que diz respeito aos 152,9 milhões de euros que os swaps representam actualmente, nem uma palavra.





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