quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O MDN presidiu a um colóquio...

João J. Brandão Ferreira

O senhor Ministro da Defesa, Dr. Santos Silva, foi presidir à sessão inaugural do XIX colóquio de História Militar (16/11/10), que este ano versou o tema da queda da Monarquia e a implantação da República.

O MDN não se limitou, porém, a presidir à sessão e a dizer umas palavras de circunstância, não, ele próprio fez uma conferência. Por sinal notável.

Notável, não propriamente no conteúdo mas, sobretudo, na forma inteligente como encadeou a substancia e a argumentação para atingir o seu objectivo; e, igualmente, pela forma como foi dita. O Sr. ministro é um orador exímio.

Qual era então, o objectivo do MDN? Pois era o de fazer um balanço algo equilibrado da I República – ao contrário do que fazem próceres republicanos mais fundamentalistas –, ignorar olimpicamente o “Estado Novo”para, reportando-se à actualidade nascida no pós Abril de 1974, nos dizer que agora estamos no bom caminho, pois não se tem cometido os erros que se seguiram ao 5 de Outubro de 1910.

O discurso é todo ele voltado para o futuro e não para o passado, sem demagogia e aproveitando para fazer doutrina, cuja importância o orador aprendeu, certamente, durante a sua formação politica na juventude.

Sem embargo o discurso suscita alguns comentários.

O Dr. S. Silva começa por tentar justificar a República pelos “valores” republicanos emergentes e pela necessidade de mudar o regime a fim de se resolverem os problemas económicos, financeiros e sociais existentes, sendo a “regeneração” do país sinónimo de republicanismo.

Não cremos que o Dr. S. Silva tenha qualquer razão. Em primeiro lugar porque os tais valores alegados já existiam, na sua maioria, desde a implantação do Liberalismo, em 1820. A única grande diferença era a figura do chefe do estado não ser eleita por meio de votos.

Por outro lado, quaisquer que fossem os “valores” alegados, estes ficaram irremediavelmente manchados pelo regicídio e pela baixa politica contumaz desenvolvida pelo Partido Republicano (PRP) e seus apêndices/tutores.

Finalmente, usaram a insurreição armada para a tomada do poder, sem haver qualquer factor de ordem política, social, de ameaça interna ou externa, etc, que justificasse a acção tomada. E nunca fizeram sequer um referendo para legitimarem a nova “ordem”.

E também ficou provado à saciedade que a mudança de regime não só não regenerou a Pátria, nem resolveu qualquer problema, como os agravou a todos.

Passou, de seguida, o MDN a analisar o “passivo” e o “activo” da I República.

Como passivo indicou – e bem – a sucessão de decepções consubstanciadas nas promessas não cumpridas (quebra de legitimidade social, não implementação da descentralização administrativa, diminuição das liberdades politicas, intolerância e violência politica); as acções de governo que se revelaram serem rupturas excessivas ou deslocadas (a questão religiosa, o tratamento do operariado); aquilo a que chamou de “continuidades incríveis” (o Partido Democrático ter feito suas as listas das clientelas de anteriores partidos monárquicos; o partido no poder nunca perder eleições) e, ainda, o que considerou serem os grandes insucessos republicanos: o combate ao analfabetismo e a participação na I Grande Guerra, nomeadamente na incapacidade em retirar dividendos na conferencia de paz.

Sobre isto temos apenas a dizer que, infelizmente, o quadro do passivo dos 16 anos daquela “balbúrdia sanguinolenta” (Eça de Queiroz dixit), é muito mais negro do que aquele pintado por quem gosta de “malhar na Direita”.

E passou, de pronto, aos activos:

Progresso na forma politica, referindo o parlamentarismo como a expressão de diferentes opiniões; a libertação de formas de tutela religiosa; a criação do registo civil; modernização dos quadros normativos que regulavam a vida social e o sistema nacional de educação.

Neste âmbito as conclusões do Sr. ministro são mais facilmente desmontadas, senão vejamos:

O parlamentarismo não representou nenhuma melhoria política, não só porque já existia desde 1820, como nunca funcionou bem, tendo piorado após o 5 de Outubro a ponto de se poder afirmar que o que passou a existir foi uma anarquia parlamentar; a libertação de tutelas religiosas só em parte representa um ganho (no sentido de eventuais constrangimentos à liberdade individual), já que passou a haver uma “tutela” civil, ou laica, além do que o modo como trataram a Igreja, os padres e os religiosos, não tem qualquer qualificação; quanto ao registo civil era uma tarefa que fazia parte das atribuições do Estado. Se o serviço era prestado pelas autoridades religiosas, só se lhes devia dar crédito por isso, pois mais ninguém o fazia…

Por outro lado, não se entende muito bem, qual o avanço no quadro normativo da sociedade, a não ser naquilo em que mudou o simbolismo e nas referências monárqui-

co/nobiliárquicas. As promessas, como o orador referiu, também não foram cumpridas neste particular. E nem sempre aquilo que é julgado “avançado” é o mais adequado para a especificidade do povo a que se aplica…

O sistema educativo, esse sim, tinha bastantes aspectos positivos e foi pena não ter dado os frutos que se esperavam, por via da instabilidade que afectou todos os sectores da vida nacional, e que se tornou crónica.

Aqui o Dr. S. Silva fez uma pausa para ignorar o Estado Novo, desclassificando-o de “República” e crismando-o de “Ditadura”, e para afirmar que aquele tempo foi de “regeneração no campo republicano”. Dá ideia de que o país esteve imerso numa espécie de “buraco negro”.

Apenas alguns comentários: em termos de ciência politica podemos dizer que o termo “ditadura” se deve aplicar ao período que vai de 1926 a 1933, em que a Constituição de 1911 foi suspensa e não foi substituída por outra. E podemos, até, dividir a ditadura em três, ou seja uma ditadura militar, entre 1926 e 1928; uma ditadura financeira entre 1928 e 1932 e uma ditadura politica, até à entrada em vigor da Constituição de 1933.

Por isso, quer o MDN queira ou não, Portugal continuou a ser uma República, não só porque assim era designado constitucionalmente, como a prática obedecia ao princípio republicano de governo. O que não havia era o parlamentarismo como tinha existido no constitucionalismo monárquico e na democracia directa, após o 5 de Outubro, que tinham, aliás, revelado ser um verdadeiro desastre politico para o país.

Mais ainda Sr. ministro, o plebiscito efectuado em 1933, constituíu até, a única forma de legitimação do novo regime feita até então.

E se, por acaso, tiver dúvidas do que as pessoas preferem, se um ditador integro e competente, ou uma mão cheia de democratas corruptos e, ou, ignorantes, tente fazer uma sondagem e verá como fica esclarecido…

Mas passemos ao presente, pois essa era a grande aposta do auto imposto conferencista. Agora (defendeu), é tudo diferente – subentende-se, que para melhor – da I República que, segundo António Sérgio “não conseguiu cumprir os seus ideais”, sic. Hoje o “plano de relação com a I República é fundado na distância”, e citando Popper, veio dizer que a “actual Democracia é o regime político que permite que os governos percam eleições”. Inteligente este ministro.

Tudo agora é diferente, “entrámos na UE, existe muito mais parceria social” (seja lá o que isso for). Acusou Afonso Costa de pretender que “a República fosse cativa dos republicanos”, e defendendo A. José de Almeida que opinava “ser o regime de todos os portugueses”, e que “após o 25 de Abril a situação é muito mais clara e ninguém se pode arvorar em dono da revolução”. Curioso isto.

Finalizou dizendo que “hoje estamos muito longe da República na questão religiosa – a religião não tem que ser evacuada do espaço público!”, e não estamos “obcecados pela questão jacobino/religiosa”, existindo “muito mais preocupação com a estabilidade politica”, lembrou os “ 45 governos que houve entre 1910 e 1926 – ou seja um governo, em média de três em três meses (após o 25/4 vamos em 30, ou seja um por ano)”, o que parece mesmo assim ser uma média desadequada…

O sistema, defendeu ainda, não “se compraza com a instabilidade nem com o comandamento por vanguardas” – quem o viu e quem o vê! Segundo S. Silva existe hoje a “centralidade da educação” e a “convicção das nossas próprias capacidades”, e remata “ a Nação não deve ser um lugar de depressão”.

Calha não termos, também, sobre esta última parte, a mesma ideia do ilustre sociólogo, começando por dizer que ao fim de 84 anos (1926 - 1974), parecia muito mal não se ter aprendido nada. Mas aprendeu-se pouco.

Comecemos pela “instabilidade”. A seguir ao 25/4 a instabilidade politica e social foi imensa, a ponto de o país ter ficado à beira de uma guerra civil. Isto para já não falar nas terras do Ultramar (convenientemente esquecidas pelo MDN), onde as iniquidades duraram décadas (com alguma excepção em Cabo Verde, S. Tomé e Macau). Contabilizam-se cerca de um milhão de mortos…

No entretanto a instabilidade politica e social na parte europeia que restou a Portugal, continuou, embora sem violência de maior, mas afundando-se a situação económico/financeira, mesmo sendo aguentada pela “pesada herança”deixada pelo regime anterior. E só foi ultrapassada após a intervenção do FMI.

As coisas serenaram com a entrada na CEE (não a UE…), quando começaram a jorrar, uma quantidade astronómica de fundos comunitários, o que permitiu lançar obras públicas em barda, ocupar as pessoas e distribuir subsídios.

Depois inventou-se o dinheiro de plástico e abriu-se portas à especulação financeira e outras. O pessoal perdeu a cabeça e pura e simplesmente passou a navegar-se à vista, estando a classe politica e empresarial muito mais interessada em fazer negócios e tratar da vidinha, do que governar bem e acautelar o futuro. Quanto ao povo entrou na onda e passou a consumir e a endividar-se desenfreada e alegremente. O exemplo vinha de cima.

Ou seja passámos a viver com dinheiro que não era nosso, com riqueza que não produzíamos e acima das nossas possibilidades; não aplicámos os fundos em investimentos que garantissem mais valias futuras e ainda ajudámos a destruir o nosso aparelho produtivo.

Quando os governos começaram a ficar sem dinheiro, os políticos fizeram a única coisa que homens pouco sérios sabem fazer: escamoteiam a verdade e pedem emprestado. Há dois anos que se começou a destapar esta gigantesca farsa (que está longe de ser exclusiva de Portugal), e entrou tudo em paranóia – afinal a nação é um lugar de depressão… Nunca tantos fizeram tão mal, em tão pouco tempo!

O Dr. S. Silva está mortinho de saber que a Instrução (e não a educação, que, também anda pelas ruas da amargura), consubstanciada no sistema de ensino, é um monumental embuste; que os portugueses acreditam tanto nas capacidades do país que passaram a emigrar às dezenas de milhar e que o regime é tão transparente que permite partidos monárquicos, mas impede (artº 288 da CR), que se possa ter um regime não republicano!

Quanto à questão religiosa concedo-lhe que houve umas tréguas e alguma esperteza na acção. Mas há meia dúzia de anos, que o ataque voltou através de ampla campanha de imposição laicista, ghetização dos católicos (e só desses), proibição de crucifixos nas escolas, limitações aos capelães nos hospitais, prisões e quartéis, dificuldades na regulamentação da Concordata, etc, etc. E, sobretudo, na subversão dos costumes, e na defesa da vida humana (divórcio, aborto, educação sexual, investigação genética, eugenia, eutanásia, casamento de invertidos, mudança de sexo, e o mais que estará para vir…).

E fará o Dr. S. Silva o favor de explicar o que é que a desvirtualização da frase de Popper, que resulta na “guerra civil” contumaz de se andar a atirar com os governos abaixo e a arranjar outros, ajuda à governação.

Existe, porém, uma diferença abissal entre a I República e esta III, em que agora estamos: é que os republicanos de 1910 eram, salvo raras excepções, patriotas e nacionalistas. Defendiam o reforço da soberania tanto na Metrópole como no Ultramar; tinham preocupações de defesa e não hostilizavam as FAs como instituição, etc. Os de agora abandonaram o Ultramar de qualquer maneira; evitam os termos “Pátria” e “Nação”, andam a “desmontar”não só as FAs mas todas as instituições nacionais; são internacionalistas e não têm qualquer pejo em alienar soberania.

Tudo somado, vejam bem, ainda prefiro os de 1910…

Os verdadeiros portugueses, Dr. S. Silva, não gostam da República Portuguesa, ou de qualquer outra coisa, mas sim de Portugal.

Passar bem.

Os cinco cavacos

(Autor desconhecido pela Redacção)

Cavaco Silva apresenta hoje a sua recandidatura. Foi ministro quando eu tinha 11 anos. Pode sair da Presidência quando eu tiver 46. Ele é o maior símbolo de tantos anos perdidos. E aqui se fala das suas cinco encarnações.

Sem contar com a sua breve passagem pela pasta das Finanças, conhecemos cinco cavacos. Mas todos os cavacos vão dar ao mesmo.

O primeiro Cavaco foi primeiro-ministro. Esbanjou dinheiro como se não houvesse amanhã. Desperdiçou uma das maiores oportunidades de deste País no século passado. Escolheu e determinou um modelo de desenvolvimento que deixou obra mas não preparou a nossa economia para a produção e a exportação. O Cavaco dos patos bravos e do dinheiro fácil. Dos fundos europeus a desaparecerem e dos cursos de formação fantasmas. O Cavaco do Dias Loureiro e do Oliveira e Costa num governo da Nação. Era também o Cavaco que perante qualquer pergunta complicada escolhia o silêncio do bolo rei. Qualquer debate difícil não estava presente, fosse na televisão, em campanhas, fosse no Parlamento, a governar. Era o Cavaco que perante a contestação de estudantes, trabalhadores, polícias ou utentes da ponte sobre o Tejo respondia com o cassetete. O primeiro Cavaco foi autoritário.

O segundo Cavaco alimentou um tabu: não se sabia se ficava, se partia ou se queria ir para Belém. E não hesitou em deixar o seu partido soçobrar ao seu tabu pessoal. Até só haver Fernando Nogueira para concorrer à sua sucessão e ser humilhado nas urnas. A agenda de Cavaco sempre foi apenas Cavaco. Foi a votos nas presidenciais porque estava plenamente convencido que elas estavam no papo. Perdeu. O País ainda se lembrava bem dos últimos e deprimentes anos do seu governo, recheados de escândalos de corrupção. É que este ambiente de suspeita que vivemos com Sócrates é apenas um remake de um filme que conhecemos. O segundo Cavaco foi egoísta.

O terceiro Cavaco regressou vindo do silêncio. Concorreu de novo às presidenciais. Quase não falou na campanha.

Passeou-se sempre protegido dos imprevistos. Porque Cavaco sabe que Cavaco é um bluff. Não tem pensamento político, tem apenas um repertório de frases feitas muito consensuais. Esse Cavaco paira sobre a política, como se a política não fosse o seu ofício de quase sempre. Porque tem nojo da política. Não do pior que ela tem: os amigos nos negócios, as redes de interesses, da demagogia vazia, os truques palacianos. Mas do mais nobre que ela representa: o confronto de ideias, a exposição à critica impiedosa, a coragem de correr riscos, a generosidade de pôr o cargo que ocupa acima dele próprio. Venceu, porque todos estes cavacos representam o nosso atraso. Cavaco é a metáfora viva da periferia cultural, económica e politica que somos na Europa. O terceiro Cavaco é vazio.

O quarto Cavaco foi Presidente. Teve três momentos que escolheu como fundamentais para se dirigir ao País: esse assunto que aquecia tanto a Nação, que era o Estatuto dos Açores; umas escutas que nunca existiram a não ser na sua cabeça sempre cheia de paranóicas perseguições; e a crítica à lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo que, apesar de desfazer por palavras, não teve a coragem de vetar. O quarto Cavaco tem a mesma falta de coragem e a mesma ausência de capacidade de distinguir o que é prioritário de todos os outros.

Apesar de gostar de pensar em si próprio como um não político, todo ele é cálculo e todo o cálculo tem ele próprio como centro de interesse. Este foi o Cavaco que tentou passar para a imprensa a acusação de que andaria a ser vigiado pelo governo, coisa que numa democracia normal só poderia acabar numa investigação criminal ou numa acção política exemplar. Era falso, todos sabemos. Mas Cavaco fechou o assunto com uma comunicação ao País surrealista, onde tudo ficou baralhado para nada se perceber. Este foi o Cavaco que achou que não devia estar nas cerimónias fúnebres do único prémio Nobel da literatura porque tinha um velho diferendo com ele. Porque Cavaco nunca percebeu que os cargos que ocupa estão acima dele próprio e não são um assunto privado. Este foi o Cavaco que protegeu, até ao limite do imaginável, o seu velho amigo Dias Loureiro, chegando quase a transformar-se em seu porta-voz. Mais uma vez e como sempre, ele próprio acima da instituição que representa. O quarto Cavaco não é um estadista.

E agora cá está o quinto Cavaco. Quando chegou a crise começou a sua campanha. Como sempre, nunca assumida.

Até o anúncio da sua candidatura foi feito por interposta pessoa. Em campanha disfarçada, dá conselhos económicos ao País. Por coincidência, quase todos contrários aos que praticou quando foi o primeiro Cavaco. Finge que modera enquanto se dedica a minar o caminho do líder que o seu próprio partido, crime dos crimes, elegeu à sua revelia. Sobre a crise e as ruínas de um governo no qual ninguém acredita, espera garantir a sua reeleição. Mas o quinto Cavaco, ganhe ou perca, já não se livra de uma coisa: foi o Presidente da República que chegou ao fim do seu primeiro mandato com um dos baixos índices de popularidade da nossa democracia e pode ser um dos que será reeleito com menor margem. O quinto Cavaco não tem chama.

Quando Cavaco chegou ao primeiro governo em que participou eu tinha 11 anos. Quando chegou a primeiroministro eu tinha 16. Quando saiu eu já tinha 26. Quando foi eleito Presidente eu tinha 36. Se for reeleito, terei 46 quando ele finalmente abandonar a vida política. Que este homem, que foi o politico profissional com mais tempo no activo para a minha geração, continue a fingir que nada tem a ver com o estado em que estamos e se continue a apresentar com alguém que está acima da politica é coisa que não deixa de me espantar. Ele é a política em tudo que ela falhou. É o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Relatório à direcção da Confederação Nacional
das Associações de Família
sobre o visionamento prévio de dois filmes
a emitir pela RTP2


[ Apresentado por Heduíno Gomes à Direcção da Confederação Nacional das Associações de Família em Maio de 2005, na sequência do visionamento prévio pela CNAF de 2 filmes sobre a suposta «educação sexual» de crianças e jovens na RTP2.

Refere-se à operação lesiva do equilíbrio moral e psíquico de crianças e jovens montada por Manuel Falcão, então director do referido canal do Estado, e Teresa Paixão, produtora. ]

Ler em:
http://uniaodasfamiliasportuguesas.blogspot.com/2010/12/relatorio-direccao-da-cnaf-sobre-o.html




quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

«Não é possível combater o islamismo
com ideias vindas da Europa»

                           "Não é possível combater o islamismo com ideias vindas da Europa"

                                                                                              Citizen Times

Entrevista a Daniel Pipes realizada em Berlim
em 27 de outubro de 2010

Citizen Times: Sr. Pipes, o senhor dirige várias organizações que se interessam pelo Oriente Médio e pelo Islã e é um dos melhores escritores americanos sobre esse tema. Como tudo isso começou?

Daniel Pipes: Eu sou um historiador do Islão com interesse especial no seu papel na vida pública. Eu obtive o meu Ph.D. em 1978, na mesma época em que o Aiatolá Khomeini apareceu. Pela primeira vez na história moderna, o Islão conquistava um papel importante e notável na vida pública ocidental. O que era um interesse abstracto nos anos 70 do século passado tornou-se muito funcional. Subsequentemente, as questões islâmicas tornaram-se muito actuais. Isso estimulou-me a passar da história medieval para os eventos actuais. Embora eu cubra muitos outros tópicos além do Islão, este permanece como o tema central dos meus interesses. Eu tenho uma perspectiva que espero seja útil para a compreensão do papel do Islão na política.

Citizen Times: E qual seria essa perspectiva?

Daniel Pipes: Que o Islão é extremamente importante na vida pública dos muçulmanos. Que o Islão é uma religião baseada em leis e essas leis são um tanto quanto permanentes e universais. Que elas não são sempre as mesmas em todos os lugares, embora o básico seja constante. Que há épocas de maior ênfase e épocas de menor ênfase, mas os muçulmanos voltam sempre para essas leis. Actualmente, é claro, estamos numa época de maior ênfase. As leis muçulmanas estão muito mais fortes do que quando eu entrei nesse campo há mais de quarenta anos. Como compreender essa mudança, como os muçulmanos a vêem e como o Ocidente lhe responde? Essas são algumas das questões que eu coloco em foco.

Citizen Times: O senhor enfatiza a diferença entre Islã e islamismo. Porquê?

Daniel Pipes: É um erro ver todo o Islão como islamismo. O islamismo é uma tendência dentro do Islão, no momento muito intensa. As pessoas que começam a interessar-se por esse tópico frequentemente inferem que o islamismo é o Islão por completo. Como eu venho acompanhando as questões islâmicas há quarenta anos, quando o islamismo mal existia, tenho uma perspectiva diferente. Além disso, muitos muçulmanos odeiam o islamismo. Portanto, é um erro igualar os muçulmanos aos islamistas, assumir que todos os muçulmanos concordam em aplicar a lei islâmica para se tornarem ricos e fortes ou atingirem a justiça social.

Citizen Times: O que significa  o islamismo significa para si? Trata-se apenas de uma forma tradicional do Islão ou a forma terrorista da Al-Qaeda ou a forma política do Islão como a Irmandade Muçulmana?

Daniel Pipes: A Irmandade Muçulmana é a mais importante organização islamista. No Egipto, Hassan al-Banna modernizou as ideias islâmicas nos anos 20 do século passado e adaptou-as ao modo de vida actual. Ele, assim como outros, transformaram o Islão tradicional numa ideologia. Nos anos 20 do século passado houve um período em que o totalitarismo parecia ser o futuro caminho na Alemanha, na Rússia e especialmente na Itália. Banna tomou as ideias básicas do totalitarismo e aplicou-as ao Islão. Inseriu o conteúdo islâmico na estrutura totalitária. O islamismo é moderno assim como o fascismo e o comunismo são modernos.
A Al-Qaeda vem de uma tradição completamente diferente, a Wahhabi originária da Arábia.

Citizen Times: Porque é que o Islão e o totalitarismo combinam com tanto sucesso?

Daniel Pipes: Durante décadas essa combinação não tinha esse sucesso. Agora ela predomina graças a muito trabalho de um grande número de islamistas por um longo período de tempo – além da carência e do desejo de concretizar essa expectativa. O grande desafio para os muçulmanos no período moderno é o de explicar o que esteve errado: Porquê os muçulmanos, que acreditam dever ser o povo mais próspero e mais poderoso, na realidade são os menos prósperos e os menos poderosos? O que esteve errado? Especialmente a partir dos anos 70 do século passado, o islamismo apresentou uma resposta muito convincente e amplamente aceite para essa questão: Se quiser ser próspero, diz a resposta, então aplique a lei islâmica. Viva de acordo com a lei. Difunda a lei.

Citizen Times: Mas essa visão é bem semelhante a judaica. E os judeus não são de maneira alguma um perigo para o mundo…

Daniel Pipes: O Islão e o judaísmo são semelhantes no tópico em que ambas se baseiam em leis, diferente do cristianismo. Porém a lei judaica, conforme compreendida nos últimos 2000 anos, está limitada ao direito privado. Em comparação, a lei islâmica é tanto pública quanto privada. Não existe lei judaica para tratar da guerra; mas há uma lei islâmica para a guerra.

Citizen Times: O Islão é uma religião?

Daniel Pipes: É, o Islão é uma religião monoteísta como o judaísmo e o cristianismo. O islamismo é uma ideologia utópica radical como o fascismo e o comunismo.

Citizen Times: Nós derrotámos o fascismo e o comunismo através das guerras. Há a possibilidade de se derrotar o islamismo e ficar apenas com Islão, a religião?

Daniel Pipes: Há. A Segunda Guerra Mundial acabou com o fascismo como força mundial; não tem sido um fenómeno sério desde então. A Guerra Fria efetivamente acabou com o comunismo. O desafio islamista precisa de ser derrotado de maneira semelhante. 1945 foi o resultado de sangue e aço; 1991 foi o resultado de factores complexos, mas os seus estágios finais não foram violentos. Esses são os pontos finais, violência total e quase sem violência. O caminho da vitória contra o islamismo certamente cairá em algum ponto entre os dois.

Citizen Times: O que isso significa na prática? Temos que guerrear no Iraque, Afeganistão ou no Irão para levar-lhes a democracia e para no final parar com o islamismo?

Daniel Pipes:  Em princípio, sim para a democracia, mas actualmente é bom ir devagar, devagar, devagar, porque, ironicamente, no presente momento, a democracia fortalece o islamismo. Eu concordei com a mudança na política de George W. Bush em 2003 de se concentrar na formação da democracia, mas avisei então sobre a necessidade em ir com cuidado. Ele não foi cuidadoso, portanto acabou criando novos problemas.
Derrotar o islamismo requer o uso desde bombardeios até rádios, de travar a guerra quente até ao confronto na guerra cultural. Devemos usar a economia, a diplomacia e tudo mais. As guerras já não são travadas literalmente apenas no campo de batalha mas frequente e principalmente no campo das ideias. Converge-se muito na violência, especialmente na violência terrorista. As pessoas tendem a reduzir o problema a "guerra contra o terror". É claro, o terrorismo faz parte dela, mas não de toda ela.

Citizen Times: Não é necessário o terror para fomentar o islamismo?

Daniel Pipes: De maneira alguma. Os registros mostram que os islamistas tiveram mais sucesso com meios não violentos do que com meios violentos. O Primeiro Ministro Recep Tayyip Erdoğan na Turquia e as organizações islamistas no Ocidente tiveram mais sucesso do que Khomeini ou a Al-Qaeda. Eles alcançaram mais operando através do sistema político, escolas, media e tribunais de justiça do que os seus colegas por meio das explosões. Como é possível chegar ao topo matando pessoas sendo tão fraco como os islamistas o são? Por outro lado, não é difícil compreender como operar através do sistema o levará ao topo. Eu observo com fascínio e horror como esse processo funciona no Ocidente e com maior rapidez no Reino Unido. A Turquia e o Reino Unido são países especialmente importantes a observar.
Assumindo que os iranianos não adquiram ou não explodam bombas atómicas, a Turquia é uma ameaça maior a longo prazo, digamos em 20 ou 30 anos. O Irão não será um problema de tão longo prazo porque os iranianos resistem ao islamismo. A Turquia é o maior problema em desenvolvimento porque lá os islamistas estão a operar através do sistema e estão a trabalhar bem. Nota: Não há terrorismo vindo da Turquia.

Citizen Times: Mas como podemos vencer essa guerra de ideias nos nossos países? Nós mostramos a nossa vida livre todos os dias às comunidades muçulmanas, mas elas parecem distanciar-se mais e mais.

Daniel Pipes: São necessários dois passos para se vencer essa guerra. Primeiro, os não muçulmanos devem utilizar os diversos meios de que dispõem. Segundo, os muçulmanos devem oferecer uma alternativa ao islamismo. Precisamos de um Adenauer, de um Yeltzin, para apresentar algo melhor. Essas analogias não são perfeitas, mas dão uma ideia do que eu quero dizer. Não é suficiente derrotar o regime totalitário; alguém precisa apresentar uma visão alternativa. É aí que os muçulmanos reformistas desempenham um papel crucial. Eles estão apenas no começo desse trabalho e ainda irá demorar muito até que tenham um programa completo para oferecer. É crucial que eles obtenham ajuda e encorajamento dos não muçulmanos.

Citizen Times: O senhor discorda da Ayaan Hirsi Ali, que se opõe aos muçulmanos reformistas, porque acredita ele, eles misturam tudo e pioram ainda mais as coisas?

Daniel Pipes: Eu respeito-a muito, porém também discordo dela nesse ponto. Necessitamos de uma política que coloque o Islão na nossa direcção. Condenar o islamismo não é o suficiente; necessitamos de um programa para derrotá-lo, um mecanismo que nos leve à vitória. Os críticos do Islão como Ayaan Hirsi Ali não apresentam um programa desse tipo.
Todas as religiões têm história, o que significa que elas mudam com o passar do tempo. Eu vi isso na minha própria carreira, porque o islamismo era praticamente inexistente quando entrei no campo de estudos islâmicos no final dos anos 60 do século passado. Hoje ele domina. Se o islamismo pode ascender, também pode cair. Em contrapartida, Hirsi Ali vê o Islão como permanentemente estático e imutável.

Citizen Times: Ela diria que seu programa é educação: Educação sobre o estado secular e os valores humanistas. Isso não é um programa?

Daniel Pipes: Dois pontos: Primeiro, ela está repetindo em parte o que eu digo sobre o Islão reformista. Ensinar humanismo aos muçulmanos em última análise significa reformar o Islão. A propósito, essa era a situação que predominava no "período liberal" muçulmano entre 1800 e 1940.
Segundo, a ideia islamista é tão poderosa que a educação secular ocidental não obtêm êxito. Vemos isso na Europa, onde as escolas estaduais ensinam secularismo, mas na maioria das vezes fracassam em convencer os estudantes muçulmanos que acreditam ter uma ideia superior, na realidade uma civilização superior. "Não é possível combater o islamismo com ideias vindas da Europa". Apenas algo vindo de dentro do Islão poderá derrotá-lo; ideias vindas dos muçulmanos deverão debater ideias vindas de muçulmanos. Trata-se de uma guerra civil muçulmana, sem que um lado ainda tenha mobilizado tropas dando a ela uma dimensão desproporcional.

Citizen Times: Isso significa que Geert Wilders está errado quando diz que o Islão é imutável?

Daniel Pipes: Sim. Eu o considero uma personalidade heróica e escrevi que ele é o político mais importante na Europa. Ele e eu estamos na mesma trincheira. Estamos combatendo os mesmos inimigos. Porém entendemos de forma diferente o futuro do Islão. Não vejo que ele tenha um programa viável dentro do contexto de uma democracia liberal. Não se pode, e eu não quero, jogar fora tudo que alcançamos para lidar com os islamistas. Quero lidar com eles de maneira condizente com o que somos.
Os muçulmanos têm os mesmos direitos e as mesmas responsabilidades de qualquer outro. Eles só não possuem direitos especiais. Quero que sejam cidadãos normais, nem em condições piores nem em condições melhores. Temos o poder legislativo porque as coisas mudam. Não é possível ter leis que não mudam nunca. Estou perfeitamente disposto a adaptar-me aos muçulmanos e ao Islão de maneira razoável. Contudo, não estou disposto a aceitar mudar basicamente o que nós somos. Quando os muçulmanos vêm para o Ocidente, eles devem aceitar os costumes ocidentais. Eles podem postular uma adaptação razoável ao sistema existente; eles não podem mudar o próprio sistema. Os islamistas estão a tentar mudar o sistema. Temos que fazê-los recuar e dizer não, de maneira nenhuma.

Citizen Times: O número de criminosos muçulmanos na Europa é maior do que o da população local, têm menos emprego e são mais dependentes dos programas de bem estar social.

Daniel Pipes: Os muçulmanos na Europa estão repletos de patologias: miséria, desemprego, crimes violentos, tráfico de drogas e assim por diante. Sim, os muçulmanos são parcialmente responsáveis por esse conjunto de problemas, mas francamente, também é o resultado de acções praticadas pelos europeus nativos. Os europeus frequentemente resistem em aceitar, empregar e negociar com os muçulmanos de igual para igual. Günter Wallraff, jornalista alemão, fez-se passar por um turco em 1985 e dessa forma demonstrou os transtornos pelos quais passa um trabalhador estrangeiro. Eu não gostaria de procurar trabalho na Alemanha, nem naquela época nem hoje, com o nome de Maomé.

Citizen Times: Quanto a procurar um trabalho com um nome muçulmano: Os alemães sempre rejeitaram essas pessoas em virtude da xenofobia ou rejeitaram-nas devido a todos os problemas relacionados aos funcionários muçulmanos?

Daniel Pipes: Ambos: A situação resulta do preconceito e do comportamento dos muçulmanos.
A título de comparação, observe os Estados Unidos, onde as patologias sociais mal existem entre os muçulmanos. Os Estados Unidos têm problemas com os extremistas, sem dúvida. Contudo, lá, em geral, não existe um "problema muçulmano". Não foram desenvolvidas áreas de concentração geográfica muçulmana, apenas uma ou duas excepções, sendo que essas não são particularmente problemáticas. Os americanos aceitam e empregam os muçulmanos com mais facilidade. Além disso, o sistema de bem estar social menos abrangente nos Estados Unidos faz com que os muçulmanos sejam menos dependentes das benesses do governo e mais empreendedores. A combinação de preconceito e bem estar explica muito sobre a situação difícil dos muçulmanos na Europa.

Citizen Times: O jornalista americano Christopher Caldwell escreveu um livro intitulado On the Revolution in Europe no qual sustenta que a imigração muçulmana mudará a Europa a partir de suas raízes.

Daniel Pipes: Concordo e acredito que a Europa enfrenta grandes problemas e opções sombrias. Eu vejo um desses dois prováveis futuros complicados para a Europa. Um deles está resumido pela palavra Eurábia, significando a extrapolação das tendências dos últimos 55 anos: mais muçulmanos, mais Islão, mais leis islâmicas e mais islamização, conforme simbolizado pela Mesquita de Notre Dame em Paris. O outro futuro envolve resistência à islamização, conforme representado pelo seu mais novo partido político, Die Freiheit.
Na realidade, a última está aumentando com mais rapidez. Se for feito um gráfico dos muçulmanos e do Islão a partir de 1955, ele sobe gradualmente. Mas se for feito um gráfico do anti-islamismo desde 1990, a ascendência é mais rápida. Em todos os lugares que você olhar há um aumento nos sentimentos anti-islâmicos.
Eu preocupo-me em ambos os casos. Não gosto da Eurábia e temo que os sentimentos anti-islâmicos levem ao populismo, fascismo, insurreição civil e violência. A ampla relutância dos líderes em cuidar desse tópico só pioram as coisas.

Citizen Times: Então, esse movimento anti-islâmico é apenas uma nova forma de fascismo ou xenofobia ou realmente existe um perigo no Islão?

Daniel Pipes: A realidade inspira sentimentos anti-islâmicos, mas eu preocupo-me a esse respeito. Espero muito que os europeus ajam com responsabilidade. Agora mesmo, há relutância em lidar com partidos políticos críticos ao Islão. Actualmente há uma crise política na Suécia devido a isso. Quando Jörg Haider era primeiro ministro, a Áustria era tratada como a Rodésia. Não me importo com Haider, porém há a necessidade do reconhecimento dos temores que ele representa.
Quanto mais os partidos antigos ignorarem esses temores tanto mais extremadas se poderão tornar suas manifestações. Os partidos antigos têm a responsabilidade de reconhecer esse conjunto de questões e incorporá-los, legitimá-los para que não se radicalizem. A Holanda é provavelmente o país chave devido ao facto de estar mais adiantada nesse processo. O que Geert Wilders irá fazer? Qual será a reação a ele? Trata-se de um importante precedente para a Europa.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Toda a Noruega se encontra em estado de choque

Nem sequer durante a II Guerra Mundial havia ocorrido coisa semelhante em Oslo. 50 mil manifestantes islâmicos foram à rua lançando bombas Molotov, atacando os noruegueses e convertendo todo o centro de Oslo num mar de chamas!

A polícia travou a maior batalha na história da Noruega!

A Noruega deu milhares de milhões de dólares à OLP (Organização para a Libertação da Palestina). Noruega fez todo o possível para apoiar a OLP e o Hamas. Depois de apoiar Noruega com vários Planos Marshall, a Noruega recebe hoje a sua paga. Os islâmicos desejam que o Ocidente os ajude... para a seguir impor-lhes a sua religião e as suas leis.

O país tem já, só em 10 anos, cerca de 20% de população islâmica, mas essa população islâmica come 70% de todo o orçamento social.

Como os islâmicos são extremamente violentos, não integrados, odeiam a sociedade ocidental e os seus costumes, quase todos os prisioneiros nas cadeias são islâmicos jovens.

Detestam a sociedade ocidental, detestam que as suas mulheres frequentem as universidades e vistam roupas ocidentais e não usem burkas.

Como agradecimento à ajuda da Noruega, houve a primeira grande batalha do Islão contra a sociedade da Noruega, o primeiro movimento contra a cultura ocidental.

Todo o Oslo está aterrorizado neste momento, em estado de choque. Os socialistas, perante a fúria dos islâmicos, tremendo, acabaram de dar 30 milhões ao Hamas, para acalmá-los! Estúpidos europeus...

Isto não é mais do que um começo!

Todos estes islâmicos na Noruega vivem de ajuda social, não trabalham, roubam, atacam as mulheres, ameaçam toda a população, criam o terror e são já em grande número.

Estão armados com metralhadoras, bombas Molotov, endoutrinados nos seus centros e mesquitas por ímanes islâmicos trazidos do Irão e Egipto e são lançados na Guerra Santa contra o Ocidente.

Um desses ímanes deu ordem de matar todas as norueguesas acusando-as de prostitutas e infiéis por não usarem o véu!

O número de violações contra norueguesas por imigrantes islâmicos aumentou num ano em 4000 %. Pegam as mulheres em plena rua, à saída das discotecas.

Os governos socialistas desmantelaram a polícia, e os juízes humanistas não defendem os noruegueses, no defendem as vítimas, defendem os agressores!



quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O fado português

Fernando Sobral, Jornal de Negócios

Fernando Pessoa não era um adepto militante do Fado. Mas as suas palavras ainda pesam: "O fado é o cansaço da alma forte, o olhar de desprezo de Portugal ao Deus em que creu e também o abandonou. No fado os Deuses regressam legítimos e longínquos. É esse o segredo sentido da figura de El-Rei D. Sebastião". Os portugueses sentem-se abandonados. D. Sebastião está em parte incerta. Os deuses da UE em que acreditou abandonaram-no, como mostram dia sim, dia não, os responsáveis alemães que ajudam a subir a fasquia para 7%. E sentem-se abandonados pela sua classe política. Em Portugal estamos a assistir à passagem da idade do Fado para a idade do Rock, a música dos tempos de crise, onde as energias se libertam. Por detrás da crise financeira assiste-se à implosão do sistema político, económico e social. Os grandes líderes surgem nas crises para indicar o caminho da esperança. Os nossos clamam por cortes e impostos mas não estão dispostos a dar nada em troca.

É assim que os sistemas implodem: quando já ninguém acredita na integridade de quem dirige os seus destinos. O modelo de sociedade que foi oferecido aos portugueses, o de consumo, está a ser trucidado pela crise. E nenhum outro, alternativo, está a ser oferecido a uma classe média que perece, afogada nas suas dívidas. O drama é que a classe média é a espinha dorsal dos sistemas democráticos. O seu clamor, cada vez mais audível, deveria ser escutado por uma classe política que governou para si própria. E que ainda não percebeu que os cidadãos não afogam para sempre as suas misérias no Fado.







segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A saúde mental dos Portugueses

Pedro Afonso, Público

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.


 


A polícia e os desconchavos do Governo

João J. Brandão Ferreira

A coisa passou-se assim: na semana em que foi público que os orçamentos dos países da UE (não sabemos se todos ou só alguns), terão que ser escrutinados por Bruxelas e só depois pelo parlamento português, um sindicato da PSP anunciava a intenção de fazer greve durante a cimeira da Nato, em Novembro próximo. Grande sururú, rapidamente esbatido...

Passados uns dias os sindicatos da PSP (já vão em nove!), marcavam uma manifestação para o Terreiro do Paço. Motivo, a progressão nas carreiras e mais umas coisas que aparecem ininteligíveis ao vulgo, não sei se por deficiente comunicação, se por medíocre trabalho jornalístico, se por ambos.

Chegou o dia e cerca de uma centena e picos de agentes (os números variam sempre), despidos de fardas, ou semi despidos, ou sem crachás, ou sem armas (vá-se lá saber as regras!), seguramente vestidos de manifestantes, lá foram para a frente do MAI – o que se está a tornar um hábito – devidamente espreitados pelos colegas de serviço, esses sim com a parafernália toda.

Passadas umas horas veio a notícia: o governo lá acedeu a desbloquear as verbas necessárias às promoções em atraso e os ditos cujos lá desmobilizaram, contentes, à excepção de dois dos sindicatos, que dizem que a luta continua pois não está tudo resolvido.

Isto parece uma ópera bufa.

É lamentável que os governantes passem a vida a fazer figuras tristes e ainda por cima escusadas. Senão vejamos:

Os polícias têm, neste caso, toda a razão; ora tendo os polícias razão devia-se ter resolvido o problema atempadamente – e esperemos que a cadeia hierárquica da PSP os tenha defendido, em primeira – mão, assim como os deve castigar quando se portam mal – evitando-se, desse modo, mais esta trapalhada.

Mas, pergunta-se, não tendo os grevistas ou manifestantes razão, o (s) governo (s) procedem de modo diferente? Pois parece que não. Da última vez, por ex., que os pilotos da TAP ameaçaram fazer greve (onde não tinham razão alguma), o governo cedeu, dando umas desculpas esfarrapadas e pagando-lhes por “baixo da mesa”. Quando foi dos professores, que tinham razão em muita coisa e muito pouca noutras, fizeram braço de ferro, negociaram, avanços, recuos, ameaças, confusões e, no fim, cederam em toda a linha. Ou seja, cedem sempre. Então para que serve todo este folclore?

Às vezes, como parece ser o caso, fazem ainda pior: prometem, legislam e depois “esquecem-se” de cumprir…

Em todos os casos existe, porém, uma constante: uma evidente falta de princípios, clareza e lealdade.

O caminho ficou, agora, aberto às mesmas manifestações por parte da GNR e Guardas Prisionais, de resto já anunciadas. Ficaram, pois, alguns sindicatos da PSP, a lembrar o que falta fazer, e não é que também têm razão?!

O que falta é “apenas” isto: em Fev. de 2008, o governo aprovou uma lei em que fazia a integração do novo regime remuneratório para a Função Pública – a “tabela remuneratória única” – que englobava as forças de segurança e os militares. A lei devia entrar em vigor em Jan. de 2009, o que não sucedeu pois necessitava de regulamentação. Passou, assim, para o ano seguinte.

A longo dos primeiros meses de 2010, as chefias militares puseram em execução a nova legislação (embora falte harmonizar e orçamentar várias coisas) mas, vá-se lá saber porque bulas, o mesmo não aconteceu no MAI e ainda hoje está por fazer, com o facto caricato dos oficiais do Exercito em serviço na GNR, estarem a ganhar menos que os seus camaradas dos Ramos. Agora imagine-se os milhões que irão ser necessários para retroactivos…Será que todos estes ajustamentos não foram coordenados com o ministério das Finanças?

Outro assunto pendente é o aumento do “subsídio” de fardamento que ainda não foi pago na PSP (mas já o foi na GNR!), acrescido de mais um pormenor caricato: como havia um subsídio antigo que ia ser substituído por um novo, não tendo este sido pago, deixaram de pagar o antigo! A ópera deixou de ser bufa, para ser cómica.

Entretanto o MAI tinha entendido atribuir suplementos a algumas especialidades de maior risco ou complexidade, havendo a maior nebulosidade sobre quem já recebeu ou falta receber e a partir de quando – sabendo-se, que alguns destes subsídios foram pagos em Set., na GNR.

Por último, existe uma injustiça flagrante relativamente a polícias e guardas que, desde a gerência anterior, viram os cônjuges perder o direito à assistência na doença. Esta injustiça merece ser reparada urgentemente, pois a ópera de cómica passou a dramática.

Finalmente a cereja em cima (deste) bolo, foi o anúncio da compra de seis blindados para a PSP, com a desculpa de serem necessários para a protecção da cimeira da NATO, o que irá custar mais um milhão (?!) de euros, numa altura em que não há dinheiro para nada.

Ora isto, salvo melhor opinião, é uma verdadeira aberração. Em primeiro lugar porque não são necessários, pois a GNR dispõe de 20 viaturas aptas para a função – aliás uma das razões para a existência da Guarda é, justamente, a de poder actuar em cenários de ameaça mais elevada; depois porque os blindados que se pretendem adquirir (é curioso verificar como aparece dinheiro fresco para estas coisas), têm muito mais características militares do que anti motim, o que não colhe bem numa policia estritamente civil (e que faz gala nisso!); finalmente se os meios da GNR não chegassem (?), ainda se pode lançar mão dos meios militares, a célebre trilogia de antanho: a polícia serve para levar pancada, a GNR para dar e levar e o Exército só para dar…

Dá ideia que andamos todos de cabeça perdida…

Enfim, tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado.



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Henrique Neto:

«Sócrates está no topo dos que dão cabo disto»


Ler em



Portugal, a NATO, o Atlântico Sul e o Brasil

João Brandão Ferreira

Decorreu, recentemente, no Instituto de Defesa Nacional – casa onde não se discute futebol, novelas ou rock and roll, mas coisas sérias que interessam ao futuro do país – um seminário sobre o futuro conceito estratégico da Nato a que não é, certamente, estranha a próxima cimeira daquela organização, em Lisboa, em Novembro próximo.

O debate foi encerrado pelos ministro da defesa (MDN) português e pelo seu homólogo brasileiro, que estava de visita à terra de onde partiu um tal de Cabral, que haveria de arribar a Porto Seguro, por alturas da primavera de 1500.

Só por ter ouvido o ministro brasileiro valeu a pena a deslocação, mas já lá iremos.

Sem pretender tocar em tudo o que se debateu, direi que a focalização das intervenções se centrou na importancia que o “mar” parece ter voltado a ter para Portugal – e não só como projecção de poder, mas como exploração de recursos – e no “subito” interesse que o governo português passou a ter em mostrar a importancia que o Atlantico Sul deve ter para a Nato.

O que se passou, naquele ambito, naquele dia, mostrou à saciedade como, em politica, não se pode ter razão, infelizmente, antes de tempo. Mas, em Estratégia, pode e deve-se.

Expliquemo-nos: hà cerca de 50 anos, o governo português da altura,defendeu que a NATO se deveria estender ao Atlantico Sul, pois era necessário defender a Àfrica do ataque comunista e garantir a liberdade de comunicações maritimas, sobretudo a Rota do Cabo, por onde passavam (e passam!), a maioria dos abastecimentos para o mundo ocidental. Na altura, é claro, ninguém deu ouvidos ao que disseram os governantes em Lisboa. Nem a Nato, nem a CEE, nem os EUA nem, tão pouco os Ibero-Americanos, Brasil incluído. Se alguns politicos de nomeada – e havia-os – acharam a ideia boa e pertinente, mantiveram a prudencia do recato, face ao politicamente correcto – uma constante de sempre.

Na altura pretendeu, ainda, o governo português lançar e desenvolver a “Comunidade Luso- Brasileira”, que poderia ter sido um instrumento de grande alcance para a segurança,desenvolvimento e aproximação das duas nações irmãs, que até há menos de 200 anos tinham sido uma só realidade politica. O projecto gorou-se para além das palavras de circunstancia, sobretudo por manifesto desinteresse do Brasil que preferiu apostar no seu “dolce farniente”tropical, baseado no samba, futebol e carnaval, sustentado pelo que colhe no seu úbere solo e subsolo. E, ainda, por causa da aposta que fez em nos substituir em Àfrica, acaso a Ideia portuguesa do Minho a Timor claudicasse, como veio a suceder.

Acontece que os povos podem viver nos mais diferentes regimes politicos ou ter da democracia a ideia mais díspare, mas vivem – normalmente sem darem conta – numa verdadeira ditadura geográfica. Ou seja a Geografia acaba sempre por se impôr à Politica e não esta àquela.

Sem embargo, um lance politico-social em que a história dos povos é pródiga, fez com que uns “adiantados mentais” tomassem de assalto o Terreiro do Paço e tivessem decretado que o Infante D. Henrique, o D. João II, mais o Bartolomeu Dias, o Diogo Cão, o Vasco da Gama e um rol extenso de outros de semelhante coturno, eram gente pouco estimável, quiçá responsáveis pelas desgraças da Nação – os outros, piores ainda, eram os seus herdeiros mais modernos.

Estas ideias peregrinas tiveram como consequencia que o país voltasse costas ao mar.

Passados mais de 30 anos após este erro trágico, a força das circunstancias (e da Geografia...),está a fazer com que os responsáveis politicos actuais estejam a rever os erros (grosseiros) efectuados. A proposta de extenção da Plataforma Continental - que tão bem tem sido conduzida- aparece, assim, como uma espécie de “milagre” da N. Sª de Fátima!

Vamos a ver se em vez de reverter a nosso favor não vai ser pasto dos tubarões europeus...

O Brasil, por sua vez, só acordou há poucos anos da sua letargia, foi desenvolvendo indústrias de ponta e de grande mais valia económico/financeira; tornou-se autosuficiente em energia – que era a sua grande vulnerabilidade – e, de uma potencia regional centrada no seu umbigo, sem qualquer espirito maritimo, de repente aparece a crescer brutalmente, a querer um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU e a promover acordos nucleares com o ... Irão!

Em Portugal, os politicos ofuscados pela Europa – de onde, no passado, quase nunca nos veio proveito algum – deram uns passos timidos junto de quem falava português no mundo e criaram, em 1996, a CPLP, cujo maior cultor foi o embaixador brasileiro José Aparecido de OLiveira que, só por isso, já merece ficar na História.

Esta organização tem tido um desenvolvimento muito periclitante em parte pelo pouco empenhamento português, desinteresse brasileiro e fragilidades de toda a sorte, de que sofrem os antigos territórios portugueses vitimas da malfadada “descolonização”.

Chegámos a 2010, com uma crise económico-financeira grave no mundo e outra pior em casa; com a UE cheia de problemas; sem peso especifico em nenhuma organização internacional de que Portugal é parte; endividados até ao tutano; com os partidos politicos em guerra civil permanente; a perder soberania e capacidades quase diàriamente para Bruxelas (e Madrid) - muitos até gostam!, etc,

Com este pano de fundo, os politicos do retangulo dão-se, finalmente, conta dos erros feitos relativamente à “maritimidade” e o governo acorda para a realidade da Nato querer fechar o comando que a Aliança tem em Oeiras, faz muitas décadas. Realiza, também, que tem que diversificar opções e mercados. O tempo que se perdeu!...

O Brasil e o mar aparecem, deste modo, como alternativas óbvias e válidas. Estando o ministro Jobim, de visita a Portugal e a assinar negócios, pareceu ao governo luso ser boa altura para lhe pedir um acordo que ajudasse à manutenção do comando da Nato em Oeiras, alegando-se uma parceria (“um olhar”), para o Atlantico Sul. A jogada foi bem vista e permitia, ainda, a Portugal aumentar a sua importancia junto daquela organização de Segurança e dar um ar da sua graça.

Só que o ministro brasileiro, em resposta ao MDN português estragou, ainda por cima com uma franqueza brutal, a bem delineada jogada de poker portuguesa.

O discurso do ministro Jobim valeu pela substancia mas, também, pela clareza e pela determinação que colocou nas ideias que defendeu. Nada , mas mesmo nada, usual num politico. Também denotou alguma arrogancia, sinal claro de que o aumento do poder real do Brasil, logo funcional, lhes está, já, a subir à cabeça (cabe aqui referir que um orador brasileiro que falou no painel anterior, querendo salientar a importancia do mar para o Brasil referiu que o único ataque que o seu pais sofreu veio por mar – o ataque ao Rio de Janeiro, por parte de franceses; ora a verdade é que o Brasil nunca sofreu qualquer ataque por mar, já que na altura do conflito, a terra de Vera Cruz pertencia à corte portuguesa...).

Durante a sua intervenção o MDN do país irmão – onde os portugueses são um dos pratos fortes do anedatório nacional – referiu a continuada fraqueza dos paises europeus da Nato, face aos EUA; condenou a expanção a leste; idem para a tentativa de colocar misseis americanos em alguns desses países (no que tem razão), bem como a alteração dos limites de actuação do artº 5º- que afirmou apenas servirem interesses dos EUA – no que também, penso, tem razão, etc.

No fundo defendeu que a Nato já não tem razão de existir, pois já não existem as razões que levaram à sua fundação ( no que está claramente enganado). Pelo meio desferiu uma tremenda catilinária sobre os EUA, que deve ter deixado o adido mlitar daquele país com as orelhas a arder, e o ministro Santos Silva com um sorriso de circunstancia...amarelo.

Bom, a Nato para o Brasil tem apenas um interesse residual e talvez lhes escape que os europeus desenvolveram-se extraordináriamente à sombra do guarda chuva convencional e nuclear americano. E, seguramente, não fazem ideia do que é ter 150 divisões sovieticas do outro lado da fronteira...

Andar para leste foi o corolário natural dos russos terem perdido a “guerra” e a União Sovietica ter implodido. E se houve algum acordo com o sr Gorbachev, sobre isso, não se sabe publicamente. Humilhar ou despertar ameaças na grande nação russa é que já parece ser politicamente insensato e aí tem o sr ministro razão.

Que o Brasil possa ter razões de queixa dos EUA, por causa de muita politica de canhoneira por parte daqueles no Hemisfério Centro e Sul Americano, é razoàvel; que os critiquem sobre as diatribes do Tio Sam sobre a Amazónia, também se aceita; e que vá passar a haver mais choques agora que o Brasil aspira a ser uma (super)potencia é, outrosim, natural. O facto do ministro pertencer ao Partido dos Trabalhadores é apenas uma contingencia ideológica, que ajuda a alguma radicalização do discurso.

Que tudo isto deva interferir com a posição portuguesa é que já é discutivel.

Vejamos mais em detalhe:

A proposta de Lisboa não é geopoliticamente despropositada, nem ofende quaisquer interesses ou brios brasileiros. Permite uma eventual parceria que seria útil a ambos os paises e oferecia-lhes uma posição reforçada, para quando os EUA quisessem unilateralmente e fora do ambito da Nato, instalar um comando qualquer que lhes permita operar no Atlantico Sul e em Àfrica. Dizer o sr ministro Jobim que não quer paises estranhos à região, por lá, pode ser uma tirada grandiloquente, mas que não colhe no campo prático, já que as àguas internacionais são livres e nada obsta a que paises terceiros façam acordos entre si.

Porém, acredito que uma outra abordagem ao problema teria sido preferivel, por parte do governo português: a de lançar a ideia de que o estabelecimento de uma zona de paz e segurança para a àrea em questão, dever constituir o esteio politico-doutrinário da CPLP – onde parece que que o Brasil não se quer empenhar ,vidê o recente acordo que fez com a CEDEAO . E Portugal não é estranho ao Atlantico Sul, andámos por lá uns cinco séculos e nas costas brasileiras 322 anos – mais do que aqueles que o Brasil leva de vida própria...

Ora estando a CPLP estruturada neste sentido, já seria mais fácil ao Brasil aceitar uma parceria com a Nato.

Mas agora só se pode pensar nisso para a próxima cimeira.