Eduardo Dâmaso, Correio da Manhã
Pedro Passos Coelho está a fazer tudo certinho. Ganhou com força, não fez da unidade um apelo vão, procurou incluir os seus adversários, desafiou Cavaco Silva para se recandidatar, assumindo uma causa mobilizadora para o partido.
Ontem, porém, lembrou-se de uma proposta direccionada para a estrutura do poder da República que só cheira a bolor e naftalina. Criar um Conselho da República, mesmo que no âmbito do Parlamento e mesmo que com objectivos teoricamente sérios, não lembra ao diabo. Se há uma coisa de que o País não precisa é de mais cargos de poder, mais liturgia política e mais instâncias de decisão opacas. Se é para fazer nomeações é simples: cumpra-se a lei e escrutine-se sem preconceitos. Se a lei é má aperfeiçoe-se. Agora, avaliar perfis dos nomeados para empresas públicas e órgãos de regulação é criar uma instância de inaceitável desresponsabilização dos governos. É criar uma almofada absolutamente inútil que, aliás, rapidamente se transformaria também numa arma dissuasora de um escrutínio mais exigente por ser composto pelo habitual naipe de notáveis: ex-presidentes da República e ex-presidentes do Supremo. Para quem quer falar ao País e não ao ‘sistema’ começa mal o líder do PSD.
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