José António Saraiva
Abri o meu email e não queria acreditar: estava positivamente inundado de correspondência enviada por pessoas que eu não conhecia, insultando-me pela crónica Dois Maridos, publicada neste espaço há 15 dias. (...)
Percebi, entretanto, que uma comunidade gay tinha feito circular o texto entre os seus membros, com o pedido expresso de enviarem ao autor um email ofensivo. (...)
Ora qual fora o meu crime, para suscitar tamanho repúdio e ataques tão violentos e grosseiros?
Basicamente, manifestar-me contra o casamento gay. (...)
Não percebo por que razão a homossexualidade tende a tornar-se um tema tabu, que não pode ser discutido e sobre o qual não é permitido opinar.
Não percebo – e não aceito.
Nunca me verguei às conveniências e ao politicamente correcto – e não seria agora que o começaria a fazer.
Sou totalmente contra o casamento gay, já expliquei detalhadamente porquê e reivindico o direito de ter opinião sobre este assunto e de a expressar.
Será que alguns querem instituir uma nova Polícia do Pensamento?
Querem reacender-se as fogueiras da Inquisição?
Hoje, em Portugal, escreve-se sobre tudo: sobre a liberalização de todas as drogas, sobre a eutanásia, sobre as vantagens das centrais nucleares, sobre a legitimidade do aborto, até sobre a reposição da pena de morte – e não se pode contestar o casamento gay?
Porquê? Com base em quê? (...)
Uma reflexão, para finalizar.
Na nossa Civilização, a palavra ‘casamento’ tinha um significado preciso.
Por que se insistiu em estendê-la a outro tipo de relações? Eu digo: por razões ideológicas. Exactamente para significar que as uniões homossexuais são exactamente iguais às uniões heterossexuais.
Só que eu acho que não são. Que são diferentes – e portanto não deveriam usar a mesma palavra.
Ora, se os gays tiveram o direito de defender o seu ponto de vista, eu não terei o direito de discordar? Ou a lei que legalizou os casamentos gay ilegalizou simultaneamente as opiniões contrárias?
2 comentários:
É um excelente artigo. No politicamente correcto, a coisa só funciona, numa direção, pela que mais agrada. O temas "fracturantes" da "esquerda, estão acima de qualquer critica, eles são os detentores da verdade ( a deles).
De facto, têm o direito á indiferença.
José António Saraiva não percebe qual foi o seu crime para ver o seu email inundado de correspondência enviada pela comunidade gay.
Eu explico: o seu crime é ter-lhe chamado comunidade gay. Tivesse aplicado os vernáculos epítetos que o povo português bem conhece: 'fufas' e 'paneleiros', e já aquela malta saberia com quem estava a lidar
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