quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Os espaços estratégicos de interesse nacional (3)


João José Brandão Ferreira









Principais Erros Estratégicos dos Últimos 35 Anos

«A perda de Portugal foi de puro-sangue e, por isso, o ministro espanhol que não pense constantemente na reunião ou não obedece à lei ou não sabe do seu ofício.»
José de Carvalhal y Lencastre (Ministro de Estado ao tempo do Rei Fernando IV, de Espanha)

Os erros políticos e estratégicos feitos após a situação política e social começar a estabilizar nos fins dos anos 70 do século XX, foram muitos, foram graves e foram profundos. E o primeiro de todos eles foi o de não se começar por fazer um estudo da situação avaliando as consequências do pós 25/4 e fazendo um estudo do potencial estratégico que nos restava a fim de traçarmos uma estratégia para o futuro que nos pudesse proporcionar a Segurança, a Justiça e o Bem-Estar (por esta ordem) que permitisse ao País enfrentar o seu devir, de um modo sustentável.

Deste modo vou tentar elencar, em termos muito sucintos, os principais erros efectuados, agrupados em diversos âmbitos.

Âmbito Psicológico

O terramoto político e social porque passámos, provocou um corte traumático com o passado;

Por outro lado desarmou-se psicologicamente a população para a Defesa da Pátria (agora seríamos amigos de todos e todos seriam nossos amigos; e se houvesse algum problema lá estaria a NATO para nos defender...); e também para o trabalho e os sacrifícios (sem guerra, sem ditadura, sem exploradores), a Justiça e o bem - estar ia ser uma realidade para todos e depois de entrarmos na CEE, esta adesão garantia, só por si, a abundância e o Sol na Terra.

Ora tudo isto veio-se a revelar serem novos «fumos» da Índia.

Âmbito Político

A Lei Fundamental do País – a Constituição da República – está eivada de erros, os quais têm sido corrigidos muito devagar tendo-se, na última revisão, agravado extraordinariamente a nossa individualidade, ao passar o primado das leis para Bruxelas.

O Sistema Político que se montou tem-se revelado cheio de deficiências e inadequações e os actores políticos têm -se, até hoje, recusado obstinadamente a discutir a melhoria do sistema - o que representa a própria negação da Democracia.

Adesão à CEE sem o país estar preparado para tal e sem referendo que, dada a importância da decisão, se justificava plenamente.

Âmbito da Soberania

Desvalorização constante das funções do Estado relativas à soberania, nomeadamente as FAs, a Diplomacia e os Serviços de Informação.

As Forças de Segurança, aumentaram desmesuradamente mas a sua eficácia deixa muito a desejar porque simultaneamente deixou-se invadir as mesmas de uma miríade de sindicatos e associações; retirou-se-lhes autoridade e os tribunais não conseguem julgar adequadamente os processos que lhes chegam.

Âmbito da Justiça

Pura e simplesmente não é eficaz nem eficiente e está perfeitamente desajustada para a sociedade em que deve actuar. A «justiça» deixou de ser o estádio a atingir, e passou a ser um simples exercício deletério do Direito.

Âmbito Económico

Abandono do Mar em todas as suas vertentes

Abandono do sector primário

Reconversão muito lenta do sector industrial

Grande dependência do exterior a nível energético

Alienação por parte do Estado de número considerável de empresas «estratégicas».

Âmbito dos transportes

Aposta nos «TIR» em vez do caminho-de-ferro

Excesso de auto-estradas

Gestão ruinosa do sector de transportes do Estado

Portos e aeroportos pouco competitivos

Transportes marítimos quase inexistentes

Âmbito Financeiro

Privatização pouco cuidada de instituições financeiras

Crédito desregulado

Falta de estratégia clara para o apoio à Economia

Completa incapacidade (induzida ou real), dos órgãos reguladores do sistema financeiro em preverem o futuro

Adesão ao Euro sem o país ter condições para tal e, novamente, sem referendo.

Âmbito Social

Envelhecimento da população e demografia negativa (um problema gravíssimo de que ninguém quer falar)

Relativismo Moral galopante, acompanhado de temas fracturantes

Ditadura dos direitos sobre os Deveres

Crescente insegurança, corrupção e materialismo.

Assimetrias graves na distribuição da população pelo território.

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