Eu também quero…
Os trabalhadores da
CP - que hoje estão mais uma vez em greve, nomeadamente, contra os cortes
salariais -, têm vencimentos anuais muito acima da média portuguesa. De acordo
com a folha salarial da CP a que o SOL teve acesso, um inspector-chefe de
tracção recebe 52,3 mil euros, há maquinistas com salários superiores a 40 mil
euros e operadores de revisão e venda com remunerações que ultrapassam os 30
mil euros por ano.
No total, os
trabalhadores da CP dispõem de 195 itens que contribuem para 'engordar' a sua
remuneração variável no final do ano. O número atípico de apoios, ajudas e
subsídios tem contribuído para que a empresa engrosse a factura com
remunerações. Em 2009 foi de 104,5 milhões de euros anuais (segundo os últimos
dados disponíveis).
«O salário dos maquinistas, por exemplo, engloba abonos de produção,
subsídios fiscais, ajudas de custo e subsídio de agente único», explica
fonte oficial da empresa pública. «Só
por se apresentar ao trabalho, cada maquinista recebe mais de seis euros por
dia, devido ao subsídio de assiduidade».
Os diversos
subsídios são resultado das negociações entre as várias administrações que têm
passado pela empresa e os sindicatos de trabalhadores ao longo dos anos. Ao
todo, representam mais de metade - 54,3% - dos encargos totais com salários.
Apenas em subsídios
de condução, a CP gasta cerca de quatro milhões de euros, aos quais se juntam
2,4 milhões de euros em prémios de condução e 3,3 milhões de euros em prémios
de chefia.
«O tempo médio de escala dos maquinistas é de oito horas por dia, num
total de 40 horas semanais. Mas, em média, o tempo de condução está entre as
três e as quatro horas diárias», sublinha a mesma fonte.
Já as diuturnidades
(subsídio por antiguidade) custam 3,3 milhões de euros à empresa e os gastos o pagamento
por trabalho em dias de descanso não compensados ascendem aos 4,5 milhões de
euros.
Os trabalhadores da
CP estão em greve às horas extraordinárias até ao final de Abril, devido ao
anúncio de 815 despedimentos no grupo e aos cortes salariais exigidos pelo
Governo. A CP prevê «fortes
perturbações» na circulação de comboios, durante o dia de hoje.
Também no Metropolitano de Lisboa, outra empresa detida pelo Estado,
existem vencimentos de luxo. Há uma secretária administrativa que recebeu 64,6 mil euros em 2009, dos quais 5,7
mil dizem respeito a subsídios de carreira administrativa.
No total, existem 14
técnicos superiores que ganham mais do que os vogais do conselho de
administração. Um destes técnicos
auferiu 114 mil euros em 2009, mais 42 mil euros do que o chairman.
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