João José Brandão
Ferreira
O Ataque
«Parta V. Ex.ª descansado que eu não deixarei ficar mal a bandeira
portuguesa!».
Aniceto do Rosário
(Para o governador
do Estado da Índia, antes da ocupação dos enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli, pela
União Indiana, em 20 de Julho de 1954)
Como se sabe
Portugal foi atacado, militarmente em quatro locais diferentes, se deixarmos de
fora a ridícula e mesquinha ocupação pelo Daomé, da nossa fortaleza de S. João
Baptista de Ajudá, em 1 de Agosto de 1961, porque - segundo eles - «constituía um perigo para a paz mundial» …
Resta dizer que a Fortaleza estava ocupada por dois funcionários, a mulher e a
filha de um deles e um serviçal, os quais se portaram com grande dignidade.
Estamos a falar do
Estado da Índia e de Angola, Guiné e Moçambique.
Há aqui, todavia,
que estabelecer uma diferença entre o que se passou no primeiro e nos outros
três territórios; de facto a agressão a Goa, Damão e Diu configurou um conflito
clássico enquanto os restantes três foram objecto de uma acção subversiva que
degenerou em guerrilha.
Assim, no caso
primeiro foi a União Indiana como estado soberano que se assumiu como agressor
– com o apoio da URSS e da maioria dos países terceiro-mundistas (mas não da
China); enquanto que, nos restantes casos foram criados vários movimentos
independentistas que tinham as suas principais bases de apoio nos territórios
limítrofes aos nossos e uma vasta ajuda do bloco soviético ou por eles
influenciados, China, países da OUA e, até, o apoio moral e financeiro de
alguns países do bloco ocidental que se diziam aliados de Portugal.
O ataque da União
Indiana a Portugal pode ser dividido em quatro fases: a primeira fase teve
início em 1947 e durou até ao ataque ao enclave de Dadrá e Nagar-Aveli, em
1954. Foi a fase de persuasão e pressão política para negociar a entrega; a ocupação
dos enclaves marcou o fim da via pacífica.
A segunda fase diz
respeito à reacção indiana às tentativas de recuperação dos enclaves por parte
de Portugal. A estas diligências Nova Deli respondeu com violações de
fronteira, subversão interna, propaganda, guerra de nervos, agitação
internacional, bloqueio, perseguições às comunidades goesas na União Indiana,
etc.
A terceira fase foi
a do debate internacional que se prolongou de 1955 a 1960 e que culminou com a
sentença do Tribunal Internacional da Haia, favorável ao nosso País.
Pode dizer-se que
Portugal conseguiu ultrapassar e vencer todas estas fases. Quando o governo
indiano se deu conta que Lisboa não cedia e vendo frustradas todas as suas
maquinações, urdidas durante 14 anos, resolveu deitar mão ao método que lhe
restava: a invasão militar para a qual nem sequer tiveram a decência de nos
declarar guerra. Tal aconteceu na noite de 17 para 18 de Dezembro de 1961,
utilizando 45 000 homens (mais 25 000 de reserva), várias esquadrilhas de
aviões de combate e a esquadra que incluía um porta-aviões.
As forças
portuguesas com cerca de 3 500 homens, mal equipados, armados e municiados (e
também mal estruturados), sem aviação e apenas com um navio de combate com 30
anos de serviço, renderam-se em menos de 24 horas, depois de algumas acções
heróicas isoladas.
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